Liturgia e Homilias na Solenidade do Pentecostes 2021
Destaque

Estamos a concluir os cinquenta dias de Páscoa, com a grande Solenidade do Pentecostes. O Espírito Santo é derramado sobre a comunidade reunida em volta dos Apóstolos. É o sopro deste Espírito que põe fim ao confinamento da primeira Igreja e abre todas as portas e janelas com novas vistas e novos caminhos para a missão. Também hoje, neste Pentecostes de 2021, o Espírito Santo é um dom e uma presença de amor divino, que nos impele a enfrentar a novidade deste tempo e nos lança no mundo para darmos testemunho de Cristo vivo. Nesta Eucaristia, deixemos que o mesmo Espírito Santo, que converte a diversidade dos fiéis num só Corpo e converte o pão e o vinho no Corpo e Sangue do Senhor, transforme também o nosso coração e nos dê novo fôlego para a missão.

Homilia na Solenidade do Pentecostes B 2021

 

1. Este é o tempo em que nos sentimos como os Apóstolos no dia de Pentecostes: sem preparação para responder aos novos desafios da pandemia, sem agenda nem guião para cumprir um programa pastoral, sem grupos organizados ou especializados, sem estratégia para fazer frente ao novo normal. A pandemia apanhou desprevenida e impreparada a Igreja e as sociedades em geral. Mas, ao mesmo tempo, revelou pessoas, capacidades, valores, que desconhecíamos. O Espírito Santo manifestou-Se nos gemidos da criação explorada e da humanidade ferida, mas também na novidade, criatividade e generosidade de tantas vidas.

2. A pergunta que se nos coloca neste dia de Pentecostes podia ser esta: Que diz o Espírito Santo à Igreja, hoje, aqui e agora? Que caminhos devemos percorrer? Vou resumi-los em sete. Todos eles, a começar pela letra C, de Coração e de Caminho:

1.º: Conversão.As coisas não podem continuar como estão. Os nossos modelos de desenvolvimento, os nossos estilos de vida não saudáveis exigem transformação, despojamento. Precisamos de uma nova sabedoria de vida, que nos ensine a viver de modo mais simples, mais felizes com menos, valorizando a dimensão espiritual e cultural da nossa vida. Não nos basta o bem-estar. É preciso estarmos bem.

2.º: Caridade.Precisamos de uma nova fantasia da caridade. A pandemia da pobreza exigirá uma caridade criativa, capaz de responder às necessidades, sem deixar ficar ninguém para trás. Teremos de reinventar o nosso modo cristão de ser e de viver: não pode mais haver um católico praticante sem um compromisso cívico, social, caritativo, sem a prática do serviço, do voluntariado, da partilha.

3.º: Cultura do cuidado.A prevenção, o contágio e a cura do vírus fizeram-nos perceber: estamos todos nas mãos uns dos outros. Todos contam. Ninguém se salva sozinho. Nesta pandemia só “existem dois tipos de pessoas: aquelas que cuidam do sofrimento e aquelas que passam ao largo; neste momento, quem não passa ao largo, ou está ferido ou carrega aos ombros algum ferido” (cf. FT 70): os sós, os idosos, os deficientes, os que estão de luto. Urgem ministros da consolação!

4.º: Coragem criativa. O novo normal, nesta mudança de época, não pode enfrentar-se com velhas receitas. O vinho novo do Espírito requer odres novos, novos meios, novas formas, novos recursos, novos ministérios, novas práticas. É preciso «sairmos da própria comodidade e termos a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (EG 20; cf. FT, 141), sair para além dos nossos recintos, porque este é um tempo sem templo. Façamos da família uma Igreja doméstica; seja a nossa terra o nosso lugar de testemunho e de missão!

5.º: Comunidade.A comunidade cristã vive dispersa, «em diáspora», já não se vê ou revê inteiramente no espaço celebrativo. Precisamos de tecer novos vínculos com quem partiu e não voltou, com quem se habitou ou se acomodou ou se confinou. Temos deredesenhar novas propostas pastorais, novos contactos, novos fios de ligação, para tecer novos vínculos comunitários entre o presencial e o digital, entre a Igreja doméstica e a Igreja paroquial. Todos “precisamos de uma comunidade que nos apoie, nos auxilie, e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente” (FT 8)! Não deixemos que nos roubem a comunidade(cf. EG92)!

6.º: Corporeidade.Sem contactos corporais, reaprendemos o valor da presença, da saudação, a incrível força de um simples sorriso ou de um olhar. Não podemos mais participar na liturgia a meio corpo, mas de corpo inteiro. Precisamos de voltar com alegria e de nos encontrar à mesa da Eucaristia. Na verdade, um cristianismo sem liturgia, sem corpo e sem comunidade, é um cristianismo sem Cristo.

7.º: Comunicação. É urgente aprender a nova língua digital e usar as redessociais como canais de anúncio do Evangelho, da presença, da solicitude e da escuta.

 

Vinde, Espírito Santo, com os vossos sete dons; sede o nosso guia e companhia, nestes sete caminhos, que nos abris hoje, para um verdadeiro Pentecostes em 2021.

 

 

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