Liturgia e Homilias | II Domingo da Quaresma A 2020
Destaque

Todos aqui renascemos! Depois da primeira palavra de ordem «Renunciar», que ressoava do Monte das Tentações, a palavra-chave deste 2.º domingo é “Revestir” e ecoa desde o Monte da Transfiguração. Na luz pascal da Transfiguração, Jesus revestido de vestes brancas, reconduz-nos ao rito batismal da imposição da veste branca. Para todos os batizados e para os que hão de sê-lo ainda, este é o domingo, para saborearmos a beleza e a dignidade de sermos filhos de Deus! Mergulhados nas águas do Batismo, depusemos as vestes do homem velho e fomos para sempre revestidos de Cristo, o Homem novo, para vivermos uma vida nova.

Homilia no II Domingo da Quaresma A 2020

E as suas vestes tornaram-se brancas como a luz (Mt 17,2)!

 

1. Todos aqui renascemos. Também renascemos aqui na beleza do monte santo, onde Cristo Se revestede luz. Esta é a meta do Seu caminho para nós: revestir-nos da Sua glória, da vida nova da Ressurreição. Revestiré aqui mais do que vestir de novo uma roupa ou então vestir uma roupa lavada. É mais do que uma roupagem exterior da moda, para fazer boa figura. Revestir é deixar-se vestir por dentro; é deixar vir à luz e transparecer o que há de mais belo dentro de nós. Desde o nascimento à morte, Jesus revestiu-Se da nossa Carne humana, para nos revestir da Sua glória divina. Na Transfiguração, estas “suas vestes tornaram-se brancas como a luz”(Mt 17,2). O branco é aqui a cor divina. E a luz é o seu vestido, conforme o dizer do Salmista: “vestiu-se de luz como de um manto” (Sl 104,2). Cristo transfigurado revela-nos assim o rosto da nossa dignidade de filhos de Deus. N’Ele vemos o rosto da nova humanidade, renascida e revestida de Cristo. É a imagem da humanidade redimida, vestida de novo, vestida não de peles(cf. Gn 3,21) ou folhas de figueira (cf. Gn 3,7), mas revestida com as vestes da salvação (cf. Is 61,10). Na luz daquelas vestes, através do Batismo, todos morremos e ressuscitamos com Cristo, todos aqui renascemos, porque todos aqui somos revestidos de Cristo!

2.Santo Ambrósio compara a veste do nosso Batismo às vestes de Cristo, na Transfiguração (cf. Sobre os mistérios, VII, 34). Por isso, o Evangelho da Transfiguração oferece-nos a possibilidade de reviver o rito batismal da imposição da veste branca. O Batismo é o encontro transformador da nossa vida com Cristo, que depôs as Suas vestes de glória, para que nós pudéssemos ser revestidos d’Ele. Não se trata de um revestimento exterior, pois a veste representa aqui a dignidade mais profunda de cada pessoa. O batizado reveste-se de Cristo, porque é assimilado a Cristo, na medida em que entra na comunhão íntima, vital e pessoal com o Senhor.

3.Na Igreja Antiga, tudo isto era claro, através dos sinais visíveis: aquele que ia ser batizado era mesmo despojado das suas vestes, antes de mergulhar na piscina batismal. Depois do banho de regeneração, que recria a pessoa na verdadeira santidade, os recém-batizados eram revestidos com uma veste nova, uma veste cândida, à semelhança do esplendor da vida alcançada em Cristo e no Espírito Santo. Portanto, a veste branca exprime simbolicamente o que aconteceu no Batismo e anuncia a condição dos cristãos: eles são transfigurados na glória divina. Por isso, saindo da pia batismal, os batizados voltavam-se para oriente – símbolo da luz de Cristo Ressuscitado, o novo Sol que Se levanta. A mensagem é clara: no Batismo, o próprio Deus reveste-nos com o traje de luz, com a veste da vida, com a dignidade própria dos filhos de Deus.

 

4.Também hoje, e para nós, no Ritual do Batismo, depois do mergulho batismal, tem lugar esta imposição da veste branca, que simboliza a nossa participação na vida divina, na glória de Cristo transfigurado, pois todos os batizados são “revestidos de Cristo” (cf. Gl 3,27; Rm 13,14; Cl 3,12-17). Cabe-nos, doravante, manter imaculada esta “veste” nupcial, até ao dia da Ressurreição (cf. Ap 3,5), em que havemos de participar no banquete celeste (cf. Mt 22,12). São bem expressivas, a este respeito, as palavras do Celebrante: “N., filhinho(a): agora és nova criatura e estás revestido(a) de Cristo. Esta veste branca seja, para ti, símbolo da dignidade cristã. Ajudado(a) pela palavra e pelo exemplo da tua família, conserva-a sempre imaculada até à vida eterna” (Ritual do Batismo, n.º 63)!

5.Que significa isto em concreto? Não por certo mudar de roupa e deixar ficar tudo na mesma! Significa revestir-se de sentimentos de ternura, de bondade, de humildade, mansidão, paciência e perdão. Significa, acima de tudo, revestir-se da caridade, que é o vínculo da perfeição (cf. Cl 3,12-14). É assim, revestidos de Cristo, transfigurado, morto e ressuscitado, que todos aqui renascemos.

 

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