Liturgia e Homilias | 1.º Domingo do Advento A 2019
Destaque

Iniciamos o nosso caminho de preparação para o Natal, a festa do nascimento do nosso Salvador. Fazemo-lo, cada ano, não apenas para fazermemória viva daSua primeira vinda, mas porque caminhamos na expectativa da última vinda do Senhor. E hoje e sempre esperamos a Sua vinda ao nosso coração, à nossa vida, à nossa comunidade, ao nosso mundo. O ambiente que se respira lá fora anuncia e até antecipa os sinais festivos do Natal, que está à porta. Os nossos olhos fixam-se, cada vez mais, no Presépio de Belém, do qual podemos dizer: “Todos aqui nascemos” como filhos de Deus! O Natal é a festa em que realmente somos desafiados a nascer de novo, deixando que Ele nasça em nós e nos faça renascer. Assim, entre o Natal de Jesus e o Batismo cristão há realmente uma afinidade de raiz: ambos celebram o nascimento pelo qual todos somos dados à luz como filhos de Deus.

Homilia no I Domingo do Advento A 2019

1. Há mais luz por todo o lado! E os centros comerciais abrem as suas portas e alargam os seus tempos de abertura, para receber mais e melhor a quem chega! Nós, por cá, vamos acendendo uma pequena vela, para nos recordar que, na festa do nascimento de Jesus, também nós nascemos com Ele, também nós somos dados à luz. No Presépio de Belém ou no Batistério da Igreja, somos dados à luz, tornamo-nos filhos da luz. Desde aquela vela batismal, acesa no círio pascal, o desafio do cristão é claro: “Caminhemos à luz do Senhor” (Is 2,5).

2. Mas ninguém é dado à luz se uma mãe não o acolher no seu seio, se uma família não o acolher em sua casa, se esta casa não lhe abrir a porta de entrada para o mundo, a porta de saída para a vida! O Natal, que está à porta para nos fazer nascer de novo, só nos dará de novo à luz se Lhe abrirmos a porta do coração e da vida.

3. Nesta 1.ª semana do Advento, façamos memória viva do acolhimento à porta da Igreja, no dia do nosso Batismo. Vou oferecer-vos quatro chaves para abrir a porta do coração à luz de Cristo e assim podermos nascer de novo neste Natal:

3.1.Uma chave que abre a porta, que dá para as traseiras. O Senhor vem, de onde e como não sabemos. Precisamos de sair do nosso estado de dormência para vigiar, porque o Senhor vem naqueles que nem se atrevem a aproximar-se da porta principal. Vem nos últimos da fila, naqueles que ninguém quer! Perguntemo-nos: Sabemos voltar e olhar para atrás, para levantar quem ficou pelo caminho?

3.2.Uma chave que abre a porta, que dá para o interior. Não basta vigiar os tempos que correm. É preciso vigiar o coração. Aparentemente, os dois homens do campo e as duas mulheres que estão a moer parecem estar a fazer a mesma coisa. A diferença está na interioridade invisível: uns estão afogados na banalidade dos dias, outros estão atentos aos movimentos interiores. Perguntemo-nos: Vigiamos, em oração, ou deixamos o ladrão assaltar o nosso coração anestesiado?!

3.3.Uma chave que abre a porta da comunicação com o exterior, que foi de tal modo entaipada, que já não vemos o que se passa à nossa volta! Sabemos do que se passa na China, mas ignoramos o vizinho doente ao nosso lado ou do andar de cima. O Senhor bate à nossa porta, nos pobres invisíveis dos nossos bairros e vizinhanças. Perguntemo-nos: Eu ajudo alguém, de quem nada poderei receber? Eu, cristão, tenho ao menos um pobre por amigo?

3.4.Uma chave que abre a porta principal, a da frente: foi nesse umbral que Jesus foi repelido por nós! Não hesitemos em deixá-l’O entrar, decididamente, na nossa casa, pequenina Igreja doméstica, e nesta Casa da grande família dos cristãos.Perguntemo-nos: Somos famílias acolhedoras, de porta aberta para a vida nascente das crianças, para a vida emergente dos mais novos, para a vida exigente dos adultos, para a vida poente dos idosos? Temos aberta a porta da nossa casa, temos tempo para acolher a esposa, o marido, o filho que chega, o idoso que precisa de falar? Ou estamos sempre ocupados, de modo que os outros nem se aproximam, para não incomodar? Idênticas questões se podem colocar à nossa Paróquia. Perguntemo-nos: Acolhemos com alegria a novidade, os distantes, os diferentes, os pobres, os deficientes, os estrangeiros, os que regressam, os colaboradores mais novos, de modo que todos se sintam na Igreja como em sua casa? Ou será que reproduzimos, na própria Igreja, a mentalidade da sociedade e da cultura do descarte, onde não há lugar para todos?

Neste Advento, façamos do nosso coração uma porta aberta para Jesus e para os outros. Foi por uma porta aberta, no dia do Batismo, que entrámos na Igreja. Então “acolhei-vos uns aos outros, como Deus vos acolheu em Cristo” (Rm 15,7).

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