Liturgia e Homilias | XXXIV Domingo Comum C 2019
Destaque

Este é o dia do Senhor e o senhor dos dias! Neste domingo, mais uma vez, proclamamos, na Palavra e na Fração do Pão, que Cristo é o Senhor da nossa vida. “Dêmos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados”.

Homilia na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo C 2019

1. Chega ao fim mais um ano litúrgico, vivido, na maior parte do tempo, como um ano missionário. Foi centrado no desafio de nos assumirmos e tornarmos todos discípulos missionários de Cristo, em razão do nosso Batismo. E é precisamente no Sacramento do Batismo, que se centra agora o ano pastoral de 2019/2020.

2. A Liturgia deste dia permite-nos aprofundar estes dois temas inseparáveis do Batismo e da missão, precisamente através de um gesto muito simples, que tem raízes muito antigas: o gesto da unção. Ouvíamos na 1.ª leitura: “Ungiram David como rei” (2 Sm 5,3). Era costume entre os judeus ungir, isto é, derramar o azeite perfumado sobre uma pessoa a quem eram confiadas uma dignidade e uma missão especiais: os reis, os sacerdotes e os profetas. Nesse azeite, com que era untado e perfumado, o eleito ou o consagrado sentia escorrer e recair sobre si a glória e o peso do seu chamamento e da sua missão.

3. O mesmo nos acontece a todos, desde o nosso Batismo. Lavados nas águas da pia batismal, fomos perfumados com o óleo do crisma, que não é mais do que uma mistura de azeite de oliveira com perfumes vegetais. Este óleo foi benzido pelo Bispo, na manhã de Quinta-Feira Santa. Antes de nos ungir na fronte, o celebrante reza assim: «Deus todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que te libertou do pecado e te deu uma vida nova, pela água e pelo Espírito Santo,unge-te com o crisma da salvação, para que, reunido ao seu povo, permaneças eternamentemembro de Cristo Sacerdote, Profeta e Rei». Vede: pelo Batismo, tornamo-nos verdadeiramente “cristãos”, isto é, de Cristo, e o mesmo é dizer, somos “ungidos”. Dito ainda de outro modo mais simples: somos eleitos, consagrados, enviados em missão.

4. E esta oração fala-nos de uma tríplice missão: sacerdotal, profética e real. Que significa isto, em concreto?

4.1.Missão sacerdotal, quer dizer que cada um dos batizados participa do sacerdócio de Jesus e, por isso, é chamado a fazer de si mesmo uma oferta agradável a Deus (cf. Rm 12,1), intercedendo pelos outros, louvando o Senhor. Isto faz de todos nós, na oração comunitária e na celebração dos sacramentos, um verdadeiro “povo sacerdotal”. Somos todos “participantes” do único sacerdócio de Cristo na Sua Igreja; não somos meros espetadores na Liturgia, mas somos todos “praticantes”, todos, cada um a seu modo, concelebrantes!

4.2.Missão profética, quer dizer que cada um é “porta-voz” da Palavra. Todos somos, ao mesmo tempo, evangelizados e evangelizadores, que acolhem a Palavra para a anunciar aos outros, sobretudo com a própria vida. Às vezes, anunciar também significa denunciar, para defender a glória e o nome de Deus, isto é, a dignidade e a grandeza de todos os Seus filhos.

4.3.Missão real, quer dizer que somos membros ao serviço do Reino de Deus. Devemos fazer tudo para que Deus reine em nós e que, a partir de nós, o mundo se torne melhor. “Todos os filhos da Igreja devem ser ajudados a crescer e a tornar-se «adultos», colocando os seus talentos ao serviço de novas missões na sociedade, na cultura, na política, enfrentando sem medos e sem complexos os desafios do mundo contemporâneo” (Papa Francisco, Discurso, 16.11.2019). Esta é, sobretudo, a missão dos fiéis leigos, que devem ser, no mundo, testemunhas visíveis de Cristo, comprometidos com as grandes causas da vida, da dignidade humana, da família, da liberdade, da justiça, da paz, do bem comum, da defesa do ambiente…sem medo de sujar as mãos. Melhor sujas do trabalho que untadas pela corrupção!

5. Assim, irmãos e irmãs: todo o batizado é ungido, como sacerdote, profeta e rei, não para ser um untuoso, um vaidoso, mas para exalar, por toda a parte, “o suave odor de Cristo” (cf. 2 Cor 2,15)! Onde estiver um cristão, aí deve cheirar a Cristo, como cheira um filho recém-nascido, que depois de ser lavado pelo Batismo, é perfumado pelo Crisma e é alimentado pela Eucaristia!

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