Entramos no Tempo Comum. Mas o Evangelho deste domingo completa ainda o tríptico da manifestação: primeiro, aos Magos, depois, no Jordão e, por fim, nas Bodas de Caná: ali, Jesus manifestou a sua glória e os discípulos acreditaram n’Ele. Por isso, ao Tempo Comum, que agora começa, não falta a alegria da salvação, que começa por ser a alegria do amor conjugal, a alegria do amor em família. Há esta alegria em abundância, precisamente ali onde se manifesta a presença de Cristo e onde o Seu Espírito nos transforma com a abundância dos seus dons. Nós vivemos esta alegria, em cada domingo, no primeiro dia da semana, por causa da ressurreição de Jesus ao terceiro dia. Ora foi ao terceiro dia, que Jesus deu início aos Seus sinais, nas bodas de Caná, transformando a água das talhas da purificação em vinho novo da alegria messiânica. Invoquemos a sua graça, para que transforme a água inquinada dos nossos pecados em vinho novo de uma vida transformada.

Desde o 1.º domingo do Advento até à Festa do Batismo do Senhor, que hoje mesmo celebramos, pusemos pés ao caminho, juntos pelo Natal. Procurámos viver esta dinâmica, para um Natal sinodal, com um desafio, domingo a domingo, festa a festa, solenidade após solenidade. Até ao Natal, calçámos, sujámos e limpámos os sapatos, tirámos a pedra e gastámos a sola dos sapatos. Do Natal em diante, descalçámos os sapatos, mudámos de sapatos, demos brilho aos sapatos. Hoje, em que celebramos a Festa do Batismo do Senhor, o desafio não é o de encostar as botas ou calçar umas pantufas, mas é o de dar corda aos sapatos. Porque o Batismo de Jesus como o nosso é fonte de comunhão, de participação e de missão.

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal.Esta deve ter sido a máxima dos Magos, ao partirem do Oriente, em busca do Salvador, guiados por uma estrela. A luz do Natal brilha em Belém, para os judeus que esperavam o Messias, mas chega muito mais longe, vai mais além, até aos confins da Terra, tornando-se Cristo, verdadeira luz dos povos. A Epifania, a festa da manifestação do Senhor aos gentios, é o Natal em grande, o Natal à escala universal. Nós que pusemos pés ao caminho, entrámos no ano novo, de sapatos novos, queremos hoje dar brilho aos sapatos, o mesmo é dizer, queremos que se acenda uma luz nos passos do nosso caminho, para que esta luz resplandeça sobre todos os que procuram o rosto do Senhor. 

Não se trata, em primeiro lugar, de uns sapatos novos, para dar mais brilho ao novo ano, mas, sobretudo, de mudar o rumo dos nossos pés, que se põem a caminho, com os pastores, juntos pelo Natal, para que se possa dizer de cada um de nós: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52,7). Irmãos e irmãs. Eis-nos vivos e saudáveis, a receber e a saudar, a comemorar e a celebrar, com jubilosa esperança, o novo ano, o ano da graça de 2022.Não deixemos de agradecer a coragem criativa e a resiliência que cresceram em nós ao longo desta pandemia, que começou em março de 2020 e atravessou todos os dias de 2021. Mudemos o que for preciso, para que 2022 seja um ano novo nas nossas vidas.

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal. Eis o lema da nossa dinâmica pastoral, que nos ensina a celebrar e viver hoje, de modo sinodal, este grande acontecimento humano/divino do Natal. A quem aqui chegou hoje, porventura por caminhos diversos, é preciso dizer com toda a clareza o que é o Natal em modo sinodal. O Natal, o grande mistério do amor descendente e condescendente, pelo qual Deus Se fez Homem e Se aproximou de nós, dá-nos as coordenadas da nossa vida: se Ele veio para viver no meio de nós e caminhar connosco, é para que nós aprendamos a caminhar juntos, entre nós e com Ele. Desde o Natal do Senhor, é juntos que caminhamos, na certeza de que Ele é Deus connosco e nos faz irmãos. Este é realmente o mistério e a graça desta noite e deste dia: em Cristo, Deus e o Homem caminham, encontram-se e manifestam-se juntos pelo Natal. Nós, que pusemos pés ao caminho, juntos pelo Natal, tenhamos agora a coragem de descalçar os sapatos, aos pés do Presépio, como sinal de espanto e de maravilhamento, de humildade e de reconhecimento do rosto de Deus no pobrezinho Menino de Belém.

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