Liturgia e Homilia na Quarta-feira de Cinzas || 05.03.2025
Destaque

O toque da trombeta, que anunciava o início do Ano Jubilar, no dia do Grande Perdão (Lv 25,9), ressoa também hoje, Quarta-feira de Cinzas, no toque da trombeta em Sião, para reunir todo o Povo de Deus e convocar-nos para um tempo santo de conversão ao Senhor, a fim de chegarmos de coração transformado à celebração anual da Páscoa do Senhor.O Jubileu de 2025, Ano da graça do Senhor, e a Quaresma deste ano, em direção à Páscoa, são um tempo duplamente favorável,para caminharmos juntos na esperança, para sairmos de nós mesmos, pondo toda a nossa confiança no Senhor. Eis porque o lema que nos guiará, em toda a Diocese do Porto e entre nós, é precisamente este: “Peregrinos de esperança, rumo à Páscoa. No caminho, eu confio em Ti”!   Cristo ressuscitado e glorioso é a fonte profunda da nossa esperança viva. «Não fiquemos à margem desta esperança viva” (cf. EG 278)!

Homilia na Quarta-feira de Cinzas 2025

Peregrinos de esperança, rumo à Páscoa. No caminho, eu confio em Ti!

 

1. Com esta propósito, iniciamos hoje a Quaresma, um caminho de esperança, cuja meta é a Páscoa do Senhor! Somos peregrinos de esperança, caminheiros ou caminhantes, passageiros e viandantes, que se recusam a ser gente instalada na sua zona de conforto, acomodada às suas coisas, paralisada pelo medo, estática diante de um mundo que reclama o nosso compromisso de transformação. Não. Peregrinos de esperança, temos a Páscoa, –   a Páscoa de Cristo em nós e a nossa Páscoa em Cristo – como meta do caminho. Por isso, todo o nosso percurso quaresmal é, sempre e simultaneamente, um caminho pascal, um caminho esperançoso de transformação dos sinais de morte em vida, dos sinais de desespero em esperança. É um caminho orientado para a Páscoa eterna, um caminho que fazemos, sempre e em toda a parte, por Cristo, com Cristo e em Cristo.  O caminho da Quaresma à Páscoa é, para nós – e sem forçar nada – um verdadeiro caminho de Esperança, uma grande peregrinação de Esperança rumo à Páscoa. “Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa» (EG 6). No caminho, não deixemos que se extinga a esperança da Páscoa!

2. Como peregrinos de esperança, não caminhamos sós, como lobos ou heróis solitários. Caminhamos juntos. Somos Povo em «êxodo», somos «Igreja em saída», que escuta agora o apelo do Senhor: «saia o esposo do seu aposento e a esposa do seu tálamo» (Jl 2,16).  A Palavra do Senhor desafia-nos claramente a esta conversão sinodal: «reuni o povo e convocai a assembleia» (Jl 2,16). Trata-se de aprender a caminhar juntos, a rezar juntos, a trabalhar juntos pelo Reino. Isto desafia-nos a crescer na escuta dos outros e no diálogo, na estima recíproca, na comunhão de bens, na troca de ideias que é sempre uma troca de dons. Nesta conversão sinodal, aprofundemos e alarguemos ainda mais os espaços, tempos e modos da nossa vida pastoral interparoquial. Não façamos da Quaresma um programa individualista de penitência. Caminhemos juntos, animando-nos uns aos outros, como Povo de Deus, peregrinos de esperança.

3. Façamos este caminho de esperança, dizendo ao Senhor, a cada passo, e sobretudo nos momentos mais duros e obscuros: “No caminho, eu confio em Ti. Em todas as circunstâncias, aconteça o que acontecer, o Senhor está connosco e caminha connosco. Ele mesmo é o Caminho, que com Ele percorremos. Nesta travessia, comparável à de uma embarcação em alto mar, a Cruz de Cristo é a nossa esperança.  “Nessa esperança, temos como que uma âncora segura e firme da alma” (Hb 6, 18-20). Esta âncora, unida inseparavelmente à imagem da Cruz de Cristo, convida-nos a nunca perder a esperança que nos foi dada, a mantê-la firme, encontrando refúgio no Senhor. As tempestades nunca poderão prevalecer, porque estamos ancorados na esperança dessa graça, capaz de nos fazer viver e vencer em Cristo, superando o pecado, o medo e a morte (cf. SNC, nº 25), na Páscoa de Cristo.

4. Irmãos e irmãs: o Evangelho deste dia recorda-nos alguns exercícios penitenciais, para aguentarmos a pedalada, ao longo desta caminhada: a esmola, a oração e o jejum. Na folha interparoquial propomos várias ações concretas, para que façamos da oração a língua da esperança; façamos da renúncia e da partilha, verdadeiras «obras de esperança» (SNC, n.º 11); façamos ainda do confessionário a Porta Santa do perdão divino, motor da nossa esperança. «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5,20), neste tempo duplamente favorável, para responder ao toque da trombeta: a Quaresma e o Jubileu!

5. Mas sobretudo, irmãos e irmãs, peço-vos que levemos muito a peito a Eucaristia Dominical. Na travessia da Quaresma, em cada domingo, somos chamados a lançar a âncora, a «ancorar» e a «encorajar» a nossa vida, na Cruz de Cristo. Façamos da celebração dominical o lugar por excelência da «ancoragem» e do «encorajamento» da nossa vida. A Eucaristia seja fonte e cume, porto de abrigo e ponto de apoio firme e seguro, para o nosso fortalecimento interior. Lançada a âncora, no início da Eucaristia, ela será recolhida no final, para prosseguirmos juntos e encorajados o caminho da esperança, rumo à Páscoa definitiva!  Para resumir o desafio quaresmal a ancorar na esperança e a encorajar na confiança, diria tudo num só imperativo: ancoraja-te!

 

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