Liturgia e Homilias no 1.º Domingo da Quaresma A 2023
Destaque

Abraça o presente da Páscoa. É Cristo vivo. Agarrado a Ele, viverás”.  Com este lema pastoral, iniciamos juntos, o nosso caminho quaresmal e sinodal com Cristo para a Sua Páscoa gloriosa. A meta é a nossa transformação pascal, a nossa transformação pessoal e eclesial. Hoje estamos juntos, no ponto de partida. Estamos e vamos com Cristo ao deserto, lugar do silêncio e da escuta da Palavra, lugar da privação e da tentação, lugar da grande solidão humana e da comunhão intensa com o Senhor. O deserto quaresmal é esse lugar interior onde somos desafiados a renunciar ao pecado e a escolher o caminho da vida. Se queremos abraçar o presente da Páscoa, que frutifica na Cruz do Senhor, renunciemos o presente envenenado do pecado, para seguirmos Jesus, na gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Homilia no 1.º Domingo da Quaresma A 2023

Abraça o presente da Páscoa. É Cristo vivo. Agarrado a Ele, viverás.

As Tentações de Jesus, no seu deserto quaresmal, são um presente envenenado, em três embrulhos da mesma espécie! Na prática, são três tentações de abuso de poder, de lugar e de posse. E – não por acaso – todas as formas de abuso são aqui douradas e justificadas com o mesmo e subtil pretexto: «Se és Filho de Deus».

1.Vamos à primeira tentação: Se és Filho de Deus, então és todo-poderoso; podes transformar pedras em pão, podes fazer o que quiseres, podes fazer o que bem Te apetecer, que ninguém Te irá à mão! Jesus, porém, escolhe outro caminho: Ele prefere unir-se à nossa humilde condição humana. Ele escolhe ficar do lado dos pobres, dos que têm fome e sede de justiça, dos que não vivem só de pão, porque se alimentam da Palavra de Deus (cf. Dt 8,3). Ele rejeita pôr-se do lado dos que desperdiçam e malbaratam o pão que é de todos. Vede: Jesus não usa nem abusa de nenhum poder que venha do alto.

2.Logo depois vem a segunda tentação, ainda sob o mesmo pretexto: “se és Filho de Deus”, então és o Ungido do Senhor, és o Eleito, o Protegido, o Consagrado, o Iluminado, o Intocável. Se tens assim tanta confiança no poder de Deus, então experimenta-O. Então, usa e abusa do Teu estatuto, aproveita bem o poder do Templo e trepa por aí acima, pois nenhum mal Te atingirá, nenhuma ferida se abrirá. Mas Jesus, uma vez mais, rejeita colocar-se do lado dos que vivem à custa do Templo e prefere ficar do nosso lado, do lado dos feridos e das vítimas de todos os abusos dos grandes sobre os pequenos. Quem crê sabe que Deus não o põe à prova, mas confia na Sua bondade. Vede: Jesus não usa nem abusa de nenhum lugar sagrado!

3.A última tentação é semelhante às outras duas: “se me adorares”, então serás o dono disto tudo! Mas Jesus rejeita a idolatria do poder e da glória humana. Jesus escolhe o caminho da Cruz: não o atalho dos exploradores, mas o caminho dos humildes servidores dos outros. Jesus coloca-se do lado dos pobres e dos deserdados, dos indefesos e explorados deste mundo. Jesus coloca-se do nosso lado, desarmado, desfigurado, desapossado. Vede: Jesus não usa nem abusa de nenhum estatuto superior.

4.Irmãos e irmãs: neste caminho da Quaresma à Páscoa, somos desafiados a fazer as mesmas escolhas de Jesus, a abraçar o presente da Páscoa nos braços abertos de Cristo na Cruz. Não queiramos dialogar nem negociar com o Tentador. Não aceitemos o presente envenenado do pecado, que reluz e nos seduz, mas rapidamente nos amarra e enreda na amargura. Neste primeiro passo do nosso caminho para a Páscoa, renunciemos livremente a todos os abusos de autoridade, de poder, de lugar e de confiança sobre os mais pequenos. E abracemos, com firmeza, o presente que recebemos no dia do Batismo: o da nossa condição de homens e mulheres novos, capazes de escolher livremente o bem. Somos filhos e filhas de um Deus que nos libertou de nós mesmos, para amarmos e servirmos os irmãos! Esta é a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

5.Mas como abraçar o presente da Páscoa, com as mãos armadas, pesadas ou ocupadas? Abraçar exige mãos livres! Abracemos então, desarmados e desamarrados, o presente da Páscoa, sem procurar outro poder que não seja o do serviço por amor, sem outra arma que não seja a da Cruz. Abraçar a Cruz é encarar com coragem, e sem fugas à realidade, a nossa vida com todas as suas fadigas diárias, com as suas durezas e contradições. Na Cruz, irmãos e irmãs, somos abraçados para abraçar tudo isto com amor. Abraçados, mas não amarrados! Abracemos a Cruz e deixemo-nos abraçar por ela. Agarrados a Cristo, viveremos!

 

 

 

 

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