Liturgia e Homilia na Quinta-feira Santa 2018
Destaque

Hoje damos início ao Tríduo Pascal do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado por nós. E fazemo-lo nesta Missa Vespertina da Ceia do Senhor, que nos reporta à noite em que Jesus foi entregue e à transformação dos dons do pão e do vinho, no Corpo dado e no Sangue derramado de Jesus. 

Homilia na Quinta-Feira Santa 2018

«Tendo amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (Jo 13,1).

1.Movido pelo mesmo Amor com que Se entregará na Cruz, Jesus levanta-Se da mesa e depõe o manto (Jo 13,4)para lavar os pés aos discípulos. No fim, retoma o manto (Jo 13,12) para Se pôr de novo à mesa. Uma leitura atenta do quarto Evangelho faz-nos associar estes dois movimentos, de depor e de retomar, aos do Bom Pastor que também depõe a vida (Jo 10,12), para a retomar (Jo 10,17). Depor a vida e receber a vida é outra forma de dizer o paradoxo e o mistério da Cruz, aquele mistério do amor pelo qual se sobe descendo e se desce subindo; aquele mesmo mistério do amor pelo qual se ganha a vida, oferecendo-a; aquele mesmo mistério do amor pelo qual Alguém Se torna maior, fazendo-Se servo de todos. Depondo, despojando-Se das Suas vestes, Jesus profetiza sobre o modo como Se despojará da Sua própria vida, por amor dos homens. E, ajoelhando-Se perante os discípulos, Ele mostra-nos o amor de Deus, levado ao extremo, mostra o amor que O torna Servo de todos. Não é enquanto “Mestre e Senhor”, mas enquanto “Senhor e Mestre” (Jo 13,13-14)que Ele realiza este gesto. Neste Jesus, que ao lavar os pés realiza a tarefa do escravo, revela-Se o rosto do Filho de Deus “que não Se valeu da Sua condição divina, mas assumiu a condição de servo; aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais até à morte e morte de cruz” (Fl 2,7-8).

2.Lavando os pés aos discípulos, Jesus continua a fazer aquilo que sempre fez: a amá-los, a amá-los até ao fim (Jo 13,1). Jesus ama-os com infinita paciência; ama-os mesmo quando eles se mostram pouco amáveis; ama-os mesmo quando sabe que alguns daqueles que comem à mesa com Ele o irão trair (Jo 13,2)e negar (Jo 13,38). Ama-os até ao ponto de não retorno! Ama-os sem contrapartida. O Seu amor é um amor que chega ao extremo da vida dada, para ser recebida. Esta é realmente a força e a glória do amor de Deus: servir para reinar, dar a vida para a alcançar. Nada nem ninguém poderá jamais impedir Jesus de nos amar assim e até ao fim.

3.Mesmo quando cresce a nossa sujidade, Ele não Se afasta de nós; é Ele o primeiro a aproximar-Se, a pedir-nos, de joelhos, que nos deixemos purificar, para, desse modo, nos oferecer o Seu amor, nos curar e salvar. Por isso, o que nos afasta d’Ele, o que nos impede de tomar parte com Ele à mesa (Jo 13,8), não é tanto o nosso pecado, mas sim a presunção da nossa inocência. Não há sujidade maior do que não sentir a necessidade desta limpeza interior, de que só o amor é capaz.

4.Deus ama-nos assim: até ao fim! Entrega a Sua vida por cada um de nós, orgulha-Se disto e deseja isto, porque nos tem amor. Hoje recordemos a força e o testemunho deste amor de Deus, que não é apenas um sentimento, mas um mandamento novo. Jesus ama-nos, sem limites, sempre mais, até ao fim, sem nunca Se cansar. Ama-nos a todos nós, até ao ponto de dar a Sua vida por nós. Sim, dar a vida por nós, por todos nós, por cada um de nós. E cada um de nós pode hoje dizer: “Ele deu a vida por mim”. Por cada um. Deu a vida por ti, por mim, por ele... por cada um, com o seu nome e sobrenome, para que a demos pelos outros.

5.Amar assim e até ao fim, como Ele nos amou, não é fácil, porque todos nós somos pecadores, todos nós temos limites, defeitos, fragilidades. Mas daqui a pouco, quando virdes o sacerdote tirar a casula, lavar os pés e voltar a colocá-la, para nos pôr à mesa com Jesus, pensai neste exemplo e no que significa este duplo mandato: “Vistes o que vos fiz; fazei-o vós também” (Jo 13,14-15)e “Fazei isto em memória de Mim” (1 Cor 11,24). Não se trata de repetir um rito, mas de viver da Eucaristia, como fonte da caridade, que nos torne pessoas capazes de ver no rosto dos pobres, dos mais pequeninos, dos que sofrem, dos que mais precisam, a imagem de Jesus, que através deles nos diz: “Isto é o meu Corpo, cuida de Mim”.Fazer o que Ele fez e em Sua memória é entrar neste movimento do amor, pelo qual se sobe descendo e se desce subindo, dispondo-nos a dar a vida sem medida e a servir os outros sem prazo, nem preço, nem publicidade. É isto amar até ao fim!

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