Liturgia e Homilia na Solenidade do Pentecostes A 2017
Destaque

E a Páscoa chega à sua plenitude, com a festa do Pentecostes. Cinquenta dias depois da Páscoa, e a concluir a nossa caminhada diocesana, desde as Cinzas ao Pentecostes, celebramos hoje o grande dom do Espírito Santo, que desce sobre a Igreja, como um vento que lhe sacode o pó do medo e sopra sobre as velas da sua embarcação, como um fogo que abrasa os discípulos, na paixão ardente da missão, como um vinho doce que nos inebria e entusiasma. Este é verdadeiramente o dia do “aniversário da Igreja”. 

Homilia na Solenidade de Pentecostes A 2017

1. “A caminho, com Maria, pelas fontes da alegria”.Com este sugestivo lema, percorremos a nossa longa caminhada diocesana, que nos trouxe das Cinzas, início da Quaresma, ao fogo do Pentecostes, plenitude da Páscoa! Serviu-nos de símbolo, a “ânfora” das bodas de Caná, que sinaliza a necessária transformação da nossa vida, como “da água para o vinho”, que é a grande obra do Espírito Santo em nós! Esta transformação implica, em primeiro lugar, deixarmos encher até cima as ânforas vazias dos nossos corações com o Espírito Santo, que nos é dado e derramado sem medida. O Espírito Santo pode comparar-se, no seu movimento interior, a “um rio de água viva, que jorra do coração de todo aquele que crê” (Jo 7,37-39), mas o seu efeito exterior é semelhante ao do vinho bom de Caná (cf. Jo 2,1-11),porque nos enche e preenche o coração de alegria.

2. Com algum recato, e pena nossa, o lecionário dominical omite-nos a reação das gentes de Jerusalém, ao ver o enorme entusiasmo dos Apóstolos: “Estavam todos assombrados e, sem saber o que pensar, diziam uns aos outros: «Que significa isto?». Outros, por sua vez, diziam, troçando: «Estão cheios de vinho doce»” (At 1,12-13). Na verdade, o vinho é o símbolo da superabundância, da qual também temos necessidade; ele é sinal da alegria, da transfiguração da criação. O vinho tira-nos da tristeza e do cansaço do dia a dia e faz da experiência do estarmos juntos uma festa! Alarga os sentidos e a alma, solta a língua e abre o coração! Deste modo, o vinho torna-se símbolo dos dons do Espírito Santo. A Tradição cristã fala de uma sóbria embriaguez, que o Espírito nos concede! Assim, os Apóstolos apareciam aos estranhos, como que embriagados! Mas, na verdade, eles estavam repletos daquela alegria do Espírito Santo, que os abria para uma vida de grandes horizontes, e lhes concedia dizer palavras, que não provinham deles mesmos. Estavam entusiasmados, o que literalmente quer dizer “estavam cheios de Deus”.

3. “Compreendemos agora melhor o significado do sinal dado por Jesus, nas bodas de Caná! O grande dom do vinho bom deixa pressentir aí a natureza inesgotável do amor de Deus, derramado em nossos corações; fala-nos de um amor que ninguém sabe de onde vem, porque provém da eternidade, que é incomensurável; fala-nos afinal do Espírito Santo. O milagre do vinho ajuda-nos assim a compreender o que significa receber na fé, através de Cristo, o Espírito Santo. Com Ele, ganhamos uma nova grandeza e uma nova abundância de vida” (cf. J. Ratzinger, Homilia, Fátima, 13.10.1996), tornamo-nos odres novos, cheios daquela alegria do Evangelho, que se renova, contagia e comunica, em missão!

4. Na verdade, a nossa missão não convencerá ninguém, se o nosso rosto e a nossa vida, não estiverem cheios dessa alegria, que é fruto do Espírito Santo. Dizia-nos Santa Madre Teresa de Calcutá: “A alegria é, para nós, uma necessidade e uma força, até fisicamente. Os cristãos que cultivam o espírito de alegria não sentem tanto o cansaço e estão sempre prontos a fazer o bem. Cheio de alegria, um cristão prega sem pregar”. E o Papa Francisco lembra-nos que a missão “é algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir” (EG 273).

5. Irmãos e irmãs: com o Pentecostes, tem início a missão da Igreja. E agora, tal como os Apóstolos, todos nós sairemos desta sala da Ceia, “cheios do vinho doce do Espírito” (At 2,13), para viver, com renovado entusiasmo, a nossa missão. Cada um, impelido pelo Espírito Santo, há de assumir hoje este feliz compromisso: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo». Lembremo-nos então de que “somos marcados a fogo, por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (cf. EG 273). E aprendamos de Maria, Estrela da evangelização, a fazer da nossa missão uma fonte de alegria, que transborda da ânfora cheia dos nossos corações, para as frias periferias do nosso mundo, “para que a alegria do Evangelho chegue aos confins da terra” (EG 288).

 

 

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