Não. Eles sabem-no: “se uma pessoa tem resposta para todas as dúvidas, então esta é a prova de que Deus não está com ela. Quer dizer, é um falso profeta, que usa a religião em seu proveito» (Papa Francisco). Do diálogo, do encontro, da oração, da escuta em comum, é que brota uma decisão ponderada, uma proposta sensata, uma bela carta de recomendações.
2.Deste modo, os Apóstolos põem em prática os três conselhos de Jesus: o primeiro é guardar a Sua Palavra, no coração, para a aplicar no concreto da vida. O segundo é deixar-se guiar pelo Espírito Santo, que lhes ensinará e recordará todas as coisas, nos momentos de dúvida e de medo. Esta escuta da Palavra, sob a luz do Espírito Santo, tem lugar na Oração. E, por isso, o último conselho é o de sempre: é preciso rezar. Sem oração não se pode conhecer verdadeiramente a vontade de Deus a nosso respeito. Ponto!
3.Nesta semana, somos chamados a praticar com alegria esta primeira obra de misericórdia espiritual: “dar bons conselhos”, porque “não dá esmola só quem dá de comer ao faminto e de beber a quem tem sede (…) mas também quem orienta o errante, quem aconselha o que tem dúvidas» (Santo Agostinho), quem olha para o outro e descobre a sua necessidade de dar orientação e plenitude à própria vida. Não se trata agora de nos armarmos em “instrutores de condução” da vida dos outros. A decisão é sempre confiada à responsabilidade de quem pede ajuda. Diz o Papa: “Somos chamados a formar as consciências e não a pretender substituí-las” (AL 37; cf. 222; 303). Por isso, o bom conselho não dispensa a avaliação e a decisão pessoais, mas pretende apenas ser uma ajuda à pessoa, de modo a pô-la em contacto com os seus próprios recursos, dos quais deve deitar mão.
4.No caminho da vida espiritual, todos precisamos do conselho de uma pessoa prudente (cf. Tb 4,18), de alguém que nos ajude a discernir os nossos pensamentos e sentimentos, as nossas tentações e pecados, as verdadeiras e falsas consolações. “Através do conselho é o próprio Deus, com o Seu Espírito, que ilumina o nosso coração, fazendo com que compreendamos o modo justo de falar e de nos comportarmos, e o caminho que devemos seguir” (Papa Francisco, Audiência, 7.5.2014).
5.Irmãos: ao darmos início ao mês de maio, neste domingo, em que celebramos o Dia da Mãe, não esqueçamos que todo o discípulo de Jesus tem uma Mãe, Maria, justamente chamada “Mãe do Bom Conselho”. Ela orienta-nos e aconselha-nos, sempre na direção de Jesus: “Fazei o que Ele (o Meu Filho) vos disser” (Jo 2,1-11).
Um dia, confessou o Papa, veio um jovem falar com ele, cheio de problemas e ter-lhe-á dito: “contei tudo à minha mãe e ela disse-me: «conta isto a Nossa Senhora e Ela dir-te-á o que deves fazer»”. Eis uma mulher que tinha o dom do conselho! Não sabia como resolver o problema do filho, mas indicou a estrada justa: vai ter com Nossa Senhora e Ela to dirá. Este é o dom do conselho. Aquela mulher humilde, simples, deu ao filho o conselho mais verdadeiro. De facto, o jovem disse depois: “Olhei para Nossa Senhora e sinto que devo fazer isto, isto e isto”. Este é o dom do conselho. Vós, mães, tendes este dom, pedi-o para os vossos filhos e para vós. E não tenhais medo de invocar: «Maria, Mãe do Bom Conselho, rogai por nós»!