Liturgia e Homilia na Comemoração de Fiéis Defuntos 2025
Destaque

O Domingo é o Dia da Ressurreição. É o Dia da nossa Páscoa semanal, que celebramos em memória do primeiro dia da semana, em que o Senhor Ressuscitado surpreendeu a esperança dos seus discípulos e Se manifestou na sua vitória pascal sobre a morte. Em cada Domingo – e não apenas este – nós reunimo-nos para celebrar este grande acontecimento da Ressurreição do Senhor, que é a fonte e o princípio da nossa esperança e da nossa Ressurreição. A Ressurreição de Cristo abre a porta à nossa ressurreição. Entre todos os fiéis defuntos, muitos esperam a nossa oração e a nossa comunhão, para apressar e intensificar o seu caminho de purificação que os conduza à plenitude da vida, na ressurreição. Rezemos todos juntos, vivos e defuntos, uns com os outros e uns pelos outros. Rezemos pelos que partiram antes de nós, confiantes de que também eles intercedem por nós junto de Deus. Somos sempre surpreendidos pela morte, mas ainda mais surpreendidos pela Ressurreição.

HOMILIA NA COMEMORAÇÃO DE FIÉIS DEFUNTOS 2025

Surpreendidos pela Esperança

1.Nada mais certo na nossa vida, que a nossa morte! A morte é a mais previsível e a mais dura das realidades humanas, porque nos põe e expõe, diante do limite dos nossos limites, enquanto criaturas frágeis, que vêm da terra e ao pó voltarão. Por isso, a tentação é negar, iludir, esconder ou despachar a morte. Apesar do aumento da esperança média de vida, todos sabemos que morreremos! No entanto, mesmo quando contamos com a morte, de um familiar, de um amigo, de um doente, de um moribundo, a morte continua a ser uma surpresa para nós, porque a luta continua e porque “enquanto há vida há esperança”, nem que seja a esperança irracional de uma cura, de um milagre; nem que seja a esperança curta de mais um minuto, de mais um dia, de mais um mês ou de mais um ano de vida. Ninguém está verdadeiramente preparado para a sua morte ou para a morte de um ente querido. A morte chega e quebra, de repente, o fio da normalidade da vida. Por isso, por mais doente e idosa que esteja a pessoa, quando chega a sua hora, somos sempre apanhados pela surpresa da ausência, do frio e do silêncio.  A morte, mesmo esperada, confronta-nos sempre com a humildade e a humilhação da nossa própria fragilidade! Ensina-nos que a vida não é uma propriedade, que gerimos, seguramos ou asseguramos para sempre, neste mundo, mas um dom de Deus que, a qualquer momento, nos chamará a Si, para ir ao seu encontro, sem disfarces, sem biombos. Faz-nos bem pensar que a nossa vida terá um fim, para poder ter o seu acabamento. A surpresa da morte serve para nos acordar para o essencial da vida e para despertar em nós a esperança silenciosa daquela vida que nunca mais acabará, daquela vida cuja plenitude nós não estamos sequer capazes de esperar e imaginar. Sim, a morte surpreende-nos na nossa distração e na nossa presunção de eternidade terrena! Mas ela não é o fim da história. Não é um ponto final. Quando muito, porque nos surpreende, é um ponto de interrogação ou um ponto de exclamação!  É bom esperar em silêncio a salvação do Senhor!

2. Mas nós não somos apenas surpreendidos pela morte. A surpresa maior da história da humanidade, o acontecimento mais surpreendente, jamais possível e passível de ser esperado ou imaginado, é a Ressurreição de Cristo. Os discípulos de Jesus, que esperavam tudo d’Ele, não esperavam nada a Sua Ressurreição, por isso, desertaram da Cruz, escondidos, desanimados e sem esperança. As mulheres, que foram ao sepulcro na manhã do primeiro dia da semana, para ungir um corpo morto, foram surpreendidas pelo túmulo aberto e pela voz de dois homens com vestes resplandecentes, que lhes anunciavam: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui: ressuscitou». Se a morte é a surpresa da rutura, a Ressurreição de Jesus é a surpresa da promessa anunciada e cumprida, que inverte toda a lógica humana. Pedro voltou para casa admirado, com o que tinha sucedido. Esta surpresa é a nossa certeza: para aqueles que morreram em Cristo, a sua última surpresa não será o frio da sepultura, mas o abraço caloroso e ressuscitador do Pai. A morte de Cristo abriu-nos a porta para o encontro, para o banquete eterno, onde, em que Deus "eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas em cada rosto" (Is 25, 8).

3.  Irmãos e irmãs: surpreendidos pela Esperança da nossa morte e ressurreição em Cristo, unamo-nos em oração e em comunhão a todos os que partiram antes de nós. Pela nossa oração de sufrágio, vivemos a nossa comunhão em Cristo e vamos em auxílio daqueles que já partiram para que alcancem a felicidade plena, na presença de Deus e na companhia dos santos. Que a certeza da maior surpresa – a Ressurreição – nos ajude a não desperdiçar a vida, mas a orientá-la para cima e a fazer dela uma obra-prima, uma oportunidade irrepetível de amar. Que a surpresa da morte nos recorde a brevidade da vida e que a esperança e certeza da Ressurreição nos inspire a preparar-nos para a surpresa maior: a de estarmos para sempre com o Senhor e gozarmos da beleza do seu amor!

Seremos nós ainda capazes de surpreender e de nos deixarmos surpreender, por esta grande esperança que tem a sua âncora no Céu?!

 

 

 

 

 

Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk