Liturgia e Homilias na Solenidade de Todos os Santos 2025
Destaque

Surpreendidos pela esperança, vivemos hoje a alegria de celebrar a Cidade Santa, a nossa Mãe, a Jerusalém celeste, onde a Assembleia dos Santos, nossos irmãos, glorificam eternamente o Senhor. Peregrinos dessa cidade santa, para ela caminhamos na fé e na alegria, surpreendidos pela esperança, ao vermos glorificados os ilustres filhos da Igreja, conhecidos e desconhecidos, canonizados e da porta ao lado, que são exemplo e auxílio para a nossa fragilidade. Sem estes homens e mulheres, que puseram toda a sua esperança no Senhor, o mundo não teria testemunhas daquela esperança que não engana (Rm 5,5). Que vós — e também eu — recebamos do Senhor o dom da esperança que há nos santos e da esperança de sermos santos. Deixemo-nos surpreender por esta grande esperança que tem a sua âncora no Céu!

HOMILIA NA SOLENIDADE DE TODOS-OS-SANTOS 2025

Surpreendidos pela Esperança

1.Esses que estão vestidos de túnicas brancas, quem são e donde vieram” (Ap 7,13)? Um dos viventes formula a pergunta ao vidente de Patmos, surpreendido pela imagem maravilhosa de “uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, vestida de branco, com palmas nas mãos” (Ap 7,9). Esta é a grande surpresa. O Céu não é para uma elite de eleitos. Nele se encontra uma multidão incontável, de santos desconhecidos e de santos da porta ao lado, de calças de ganga e de hábito religioso, de roupa de trabalho ou de desporto, de roupa domingueira ou de roupa suja na beira da estrada. É uma multidão de todas as idades e estados de vida, de todas as nações, profissões e religiões. O vidente está surpreendido, porque não esperava tanto do céu, um céu tão universal e transversal, tão colorido e variado! Esperaria talvez menos: um céu estreito, monótono, cinzento, sonhado a preto e branco! A multidão e a felicidade dos eleitos supera tudo o que ele podia esperar. O vidente não faz sequer ideia sobre quem são e donde vieram todos eles. São os santos da porta ao lado ou do andar de cima.Quantas vezes, a palavra santo nos soa distante, inatingível, herói, anormal. Mas os santos que celebramos hoje surpreendem-nos precisamente com a sua normalidade, com a sua capacidade de fazer as coisas mais ordinárias de forma extraordinária. O crivo de entrada no Céu não lê cartões de identidade, de nacionalidade ou de crédito. O Céu é oferecido à medida do admirável e incomensurável amor de Deus e não das nossas forças ou dos nossos méritos. É um amor que nos precede e excede, anterior e superior ao nosso!

2. E donde vieram todos eles?São os que vieram da grande tribulação: vieram da perseguição, do sofrimento, da luta diária, da vida sacrificada, até ao fim. São os esfomeados, os sedentos, os sofredores, os que ousaram atravessar o caminho das bem-aventuranças e das provações, no seguimento de Jesus até ao fim. São os que não lavaram as mãos, como Pilatos, perante as injustiças do mundo, mas as sujaram, na transformação da terra e do mundo, precisamente em nome da sua esperança nos novos céus e no mundo novo. São os que branquearam as suas vestes, no sangue do Cordeiro (Ap 7,14), os que sujaram as roupas, no cuidado amoroso e extremoso dos doentes, dos idosos, dos sós, dos abandonados. Pensemos também nos mártires do nosso tempo, perseguidos pela sua fé. “Eles são testemunhas de uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu martírio continua a difundir o Evangelho, num mundo marcado pelo ódio, pela violência e pela guerra; são testemunhas de uma esperança cheia de imortalidade porque, apesar de terem sido mortos no corpo, ninguém poderá silenciar a sua voz ou apagar o amor que deram; a sua esperança é uma esperança cheia de imortalidade, porque o seu testemunho permanece como profecia da vitória do bem sobre o mal” (Leão XIV, Homilia, 4.09.2025). Aqui se vê que a esperança cristã é muito mais do que o otimismo de momento, pois assenta na fé e na confiança que pomos em Deus e na fidelidade do Seu amor por nós. A nossa esperança tem a sua âncora e meta no céu (Hb 6, 19-20)e tem a sua medida alta na santidade, plenitude da nossa vida humana!

3.Irmãos e irmãs: o nosso mundo, para ter a esperança que não engana (Rm 5,5), precisa de se deixar surpreender pela nossa santidade quotidiana de pequenos gestos! O mundo precisa de ti, precisa de mim. Se não formos santos, se não nos tornarmos naquilo que somos desde o Batismo, nada teremos de valioso e precioso a oferecer a este mundo. Se queremos alimentar a grande esperança da vida eterna, que vai para lá esta vida e deste tempo, deixemos, na vida daqueles que se cruzarem connosco, a marca da santidade, a força daquela esperança que se funda na fé e alavanca a caridade. Deixemo-nos nós próprios ser surpreendidos por esta grande esperança, porque ainda não se manifestou em nós tudo o que havemos de ser.

Que esta esperança nos purifique e nos faça seguir o Caminho de Jesus, rumo àquela "multidão imensa" que nos espera na Sua glória! Seremos nós ainda capazes de surpreender e de nos deixarmos surpreender, por esta grande esperança que tem a sua âncora no Céu?!

 

 

 

 

 

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