HOMILIA NO XXVIII DOMINGO COMUM C 2025
Somos um Porto peregrino. Abrir caminhos de esperança! Este é o lema diocesano, para o próximo triénio pastoral. Na verdade, o início de um novo ano pastoral, a abertura da catequese, o recomeço das nossas atividades pastorais, a casa cheia de gente nova, é sempre um caminho aberto a uma nova estação de esperança. Na luz da Palavra de Deus, aprofundemos então o nosso lema pastoral:
1. Somos um Porto peregrino.Ainda em ano de peregrinação jubilar, contemplemos Jesus, peregrino, que caminha, sempre a abrir caminhos de esperança para quem O procura e encontra. Ele mesmo Se faz peregrino no meio do seu Povo, indo a caminho de Jerusalém, a Cidade Santa, a Sul de Israel. Mas, curiosamente, Jesus parece andar em sentido contrário, de Sul para Norte, entre a Samaria e a Galileia. Jesus atravessa as zonas mais difíceis, as periferias, os lugares menos frequentados, desde a Samaria dos judeus mal-amados à Galileia dos pagãos. No caminho, não vai sozinho. Aproxima-Se dos distantes, dos leprosos, dos excluídos, dos estrangeiros, que vêm ao seu encontro e suplicam compaixão. Jesus ao vê-los não os retém para Si, mas dá-lhes mais uma ordem de partida: «ide mostrar-vos aos sacerdotes». E eis que – enquanto caminhavam – ficaram limpos da lepra, da exclusão, da maldição. Mas, ainda no caminho, de entre os membros do grupo dos dez, apenas um deles – apenas um samaritano, o estrangeiro, o mal-amado – inverte a direção e volta para o encontro com Cristo. Ajoelha-se para Lhe agradecer. Jesus pergunta-lhe então pelos outros nove e diz finalmente ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho». A fé, que o salvou, faz deste homem salvo um peregrino, um discípulo a caminho. Todos os que se encontram ou deixam encontrar por Jesus, tornam-se peregrinos, companheiros de caminho, chamados a abrir caminhos de esperança!
2. Abrir caminhos de esperança. Que caminhos de esperança podemos abrir hoje? Há tantos, mas fixemo-nos apenas nestes três: a gratidão, a Eucaristia e a Missão.
1. A gratidão:A gratidão é a memória do coração. E, por isso, devemos saber agradecer aos outros e agradecer a Deus, louvando-O, rezando. Se formos portadores de gratidão, o nosso coração dilatar-se-á e tornar-se-á capaz de receber ainda mais. A gratidão pode tornar melhor este mundo, ainda que pouquinho, mas será o suficiente para lhe transmitir um pouco de esperança. Quantas vezes dizemos “obrigado” àqueles a quem devemos a transmissão da vida e da fé, a quem nos ensina, alimenta, sustenta, guia e acompanha na vida?! Digamos em voz alta: «Obrigado, Senhor»!
2.A Eucaristiaé, por definição, agradecimento, ação de graças ao Pai. É a memória viva e agradecida de tudo quanto o Senhor fez e faz por nós. Por isso, em cada domingo, respondemos ao apelo de Paulo: “lembra-te de que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos” (2 Tm 2,8) e celebramos juntos a Páscoa do Senhor. Se valorizarmos a Eucaristia, seremos transformados por Aquele que comungamos; crescerá em nós o ânimo da fé, a alegria de caminharmos juntos, de partilharmos juntos a mesma mesa. O caminho que fazemos de casa para a Eucaristia e da Eucaristia para o mundo é um caminho de esperança porque é um caminho de transformação do «eu» em «nós», do individualismo em comunidade, do isolamento em família! Não deixemos crescer ervas no caminho que nos traz da messe à missa e nos leva da missa à missão!
3. A Missão.Do Evangelho recebemos esta missão, em forma de pergunta: «Onde estão os outros nove» (Lc 17,17)? Levantemo-nos, então, do banco da Igreja, do sofá e da secretária, e vamos à procura dos outros nove, dos que receberam os dons do Batismo, do Crisma, da Eucaristia, da Catequese… e não voltaram mais, em cada domingo, para crescer na amizade com Jesus, para agradecer e louvar a Deus, em cada Eucaristia! Ser uma missão na própria terra é «a prova dos nove» da nossa fé. Se os “nove ficarem de fora”, também nós ficaremos sem nada! Abrir caminhos de esperança é ter a coragem de ir e sair à procura, pelos lugares não comuns, ao encontro dos que se conservam à distância.
Vamos lá, de coração cheio de gratidão, da missa à missão, sempre a abrir caminhos de esperança!