Homilia no XXII Domingo Comum A 2023
1. Nos últimos domingos, tenho vindo a partilhar convosco algumas reflexões do Papa Francisco, em vários discursos e homillas na JMJe a relê-las a partir dos textos e dos nossos contextos de vida. Um dos momentos mais tocantes e vibrantes da JMJ foi o da Via-Sacra, em que fizemos o Caminho da Cruz, esse mesmo Caminho, que Pedro queria impedir Jesus de percorrer, esse Caminho que Pedro não queria por nada percorrer com Jesus. Jesus enfrenta a tentação diabólica do escolher o atalho mais fácil e convida Pedro, convida-nos a nós a segui-l‘O precisamente, pelo caminho da Cruz, que é o Caminho do Amor.
2. Não por acaso, a Cruz percorreu o país inteiro. E foi o símbolo, que nos atraiu e reuniu a todos. “A Cruz que acompanha cada Jornada Mundial da Juventude é o ícone, é a figura deste caminho de Jesus, que é o rosto de um Deus que sai de Si mesmo, para caminhar entre nós. E Jesus fá-lo por amor. A Cruz é o sentido maior do maior amor, daquele amor com que Jesus quer abraçar a nossa vida. A nossa? Sim! A tua vida, a vida daquele, a vida daqueloutro, a vida de cada um de nós. Jesus caminha por mim. Por ti. Por nós. Temos de o dizer a todos. Jesus empreende este caminho por mim, para dar a sua vida por mim, por ti, por nós. E ninguém tem maior amor de quem dá vida pelos seus amigos, daquele que dá a vida pelos outros. Por isso, quando contemplamos o Crucificado, naquela condição tão dolorosa, tão dura, vemos na Cruz a beleza do Amor d’Aquele Jesus que dá a sua vida por cada um de nós”.
3. De seguida, o Papa evocou uma pessoa de grande fé, que lhe dissera uma frase que o tocou muito: «Senhor, pela vossa inefável agonia, posso crer no amor». E Jesus caminha, mas anseia por qualquer coisa, espera a nossa companhia, aguarda o nosso olhar... Como hei de dizer? Espera abrir as janelas da minha alma, da tua alma, da alma de cada um de nós. Como são feias as almas fechadas, que semeiam dentro, sorriem dentro! Jesus caminha e espera com o seu amor, espera com a sua ternura, para nos dar consolação, enxugar as nossas lágrimas. Com a sua ternura, Jesus enxuga as nossas lágrimas escondidas. Jesus espera cumular, com a sua proximidade, a nossa solidão. Como são tristes os momentos de solidão! Neles está Jesus, Ele quer preencher tal solidão.
4. Irmãos e irmãs: Com o Papa, gostaria de vos dizer: Jesus quer preencher o nosso medo, o teu medo, o meu medo… esses medos obscuros, que nos esvaziam e paralisam. Quer preenchê-los com a sua consolação. Ele espera impelir-nos a abraçar o risco de amar. Porque, como sabeis (sabei-lo melhor do que eu), amar é arriscado. É preciso correr o risco de amar. É um risco, mas vale a pena corrê-lo. Nisso, acompanha-nos Jesus. Ele sempre nos acompanha, sempre caminha; durante a vida, Ele sempre está junto de nós.
5. Agora, durante uns momentos, irmãos e irmãs, façamos silêncio e cada um de nós pense no seu próprio sofrimento, pense na própria ansiedade, pense nas próprias misérias, medos e pecados. Não tenhais medo, pensai nisso e pensai também no desejo de que a alma volte a sorrir. E Jesus caminha para a Cruz, morre na Cruz, para que a nossa alma possa sorrir.
