Liturgia e Homilias na Solenidade da Ascensão do Senhor 2023
Destaque

Da Páscoa à Ascensão quarenta dias vão. E hoje, em vez de lágrimas na partida e na despedida de Jesus, fazemos Festa. Porque Ele parte para ficar e nós ficamos para partir em missão. Jesus, elevado agora aos céus, permanece vivo e presente, por meio do Espírito Santo. Cristo é o presente sempre presente. O seu modo novo de ser e de estar presente, pelo dom e pela ação do Espírito Santo, é uma presença que não limita a nossa liberdade. Pelo contrário, dá-nos espaço e faz-nos protagonistas da missão, na construção do Reino de Deus. Elevado ao céu, Jesus, em vez de ser e de estar presente apenas a uns poucos (de contemporâneos ou de conterrâneos), faz-se próximo de todos, em todos os tempos e latitudes. O Espírito Santo torna Jesus presente em nós, além das barreiras do tempo e do espaço, para fazer de nós testemunhas da verdade no amor.

Homilia na Solenidade da Ascensão do Senhor A 2023

Uma partida e uma despedida, com três simples ordens de serviço: ide, ensinai, batizai. Digamos, pois, uma palavra, sobre cada um destes mandatos:

1. Ide! Jesus parte para ficar e nós ficamos para partir. Ele chama-nos a ir, a sair, a partir e a expedir em missão. Ele não somente nos envia, mas vai à nossa frente, primeireia-nos, acompanha-nos, está sempre connosco e coopera nesta missão! Portanto, não estamos aqui sozinhos para substituir Jesus, como se Ele tivesse desaparecido, mas sim para O manifestar e tornar presente. Unidos a Ele, não teremos medo de sair de nós mesmos, de percorrer as estradas do mundo, para levar e revelar Cristo a todos os ambientes, até àqueles que parecem mais distantes, mais indiferentes, mais hostis, menos acolhedores! Usemos inclusive as estradas digitais, as novas tecnologias da comunicação, para ir até aos confins do mundo (At 1, 8). Domingo a Domingo, percorramos esta estrada que circula entre a missa e a missão! E perguntemo-nos:  sou um cristão estacionado, acomodado, parado e paralisado, sem energia nem ousadia? Ou sou um discípulo a caminho, entusiasmado, sempre em saída e apressadamente ao encontro dos outros?

2. Ensinai – ou, como outros traduzem, mais rigorosamente – fazei discípulos. Não se trata, na Catequese, ou no ensino religioso e escolar, ou no diálogo pessoal, ou na transmissão familiar ou em outras formas de anúncio ou de formação cristã, de fazer bons alunos, de formar pessoas moralmente bem-comportadas. De facto, “no início do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com Cristo, que dá a vida um novo horizonte e um rumo decisivo” (cf. DCE 1). Então, para fazer discípulos é preciso provocar e facilitar a experiência do encontro com Cristo, de tal modo que essa experiência converta a mente, o coração e a vida. Fazer discípulos não é primeiramente doutrinar, moralizar, até saber o Catecismo de cor e cumprir todas as regras, mas é iniciar alguém no diálogo íntimo com Deus, na amizade com Cristo, até a pessoa se tornar capaz de responder e de corresponder ao que Deus quer de si, seguindo Jesus pelo próprio caminho. Perguntemo-nos: através da minha palavra e do meu exemplo de vida, fiz algum discípulo? Fui facilitador e mediador, para alguém, do seu encontro pessoal com Jesus Cristo? Ou a minha vida cristã permanece estéril, sem filhos na fé, sem dar frutos? Dou verdadeira importância à minha formação bíblica, litúrgica, espiritual? Valorizo a Oração e a Catequese, em todas as idades? Como aproveito as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica, para capacitar o diálogo entre a ciência e a fé, a fé e a cultura? Procuro a Paróquia como um lugar de encontro com Cristo e, por isso, de gestação da fé, ou simplesmente como mera estação de serviços religiosos?

3.Batizai! Batizar não é passar por água! O Batismo é um verdadeiro mergulho, uma imersão no imenso oceano do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Somos batizados, não como quem é apresentado, matriculado ou praxado, para ter um nome ou fazer parte de um grupo ou associação; muito menos, para sermos ‘vacinados quanto antes’, para prevenir males maiores! Não. Somos batizados para ser introduzidos no seio da vida divina. Batizados em nome do Pai, tornamo-nos filhos de Deus; batizados em nome do Filho, tornamo-nos irmãos; batizados em nome do Espírito Santo, tornamo-nos morada de Deus e membros da família divina. Analisemos as águas do nosso Batismo e perguntemo-nos: Qual é o estado de salubridade espiritual das águas do meu Batismo? São águas passadas, em data que nem conheço, e por isso, já não movem moinhos? São águas inquinadas ou águas agitadas pelo sopro do Espírito Santo, que jorram como rios de água viva, para a vida eterna?

A Ascensão de Jesus marca o ponto de partida da nossa missão: ide, fazei discípulos e batizai. Hoje, há demasiada pressa a batizar, pouco empenhamento em fazer discípulos e muita preguiça em sair da nossa zona de conforto!Não valeria a pena pensar em retomar e em respeitar a ordem e a prioridade destes três mandatos? Primeiro, sair. Segundo, fazer discípulos. Terceiro, batizar!

 

 

 

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