Liturgia e Homilias no 3.º Domingo do Advento C 2021
Destaque

Pés ao caminho. Juntos pelo Natal Este é o lema da nossa dinâmica pastoral, para um Natal em modo sinodal. Para esta semana, o desafio é este: “Tira a pedra no sapato. Continua o caminho”. E nós, depois de aprendermos de Maria a escuta humilde, somos desafiados por João Batista a falar com coragem, com assombro, com honestidade e liberdade. Acendamos agora a 3.ª vela da coroa do Advento, para que o testemunho de João Batista ilumine como “uma lâmpada ardente e luminosa” (Jo 5,35), que nos projeta para a Luz e nos desafia a tirar as pedras do sapato e a desimpedir o caminho para o encontro com o Senhor.

Homilia no III Domingo do Advento C 2021

1. João toma a palavra, sem se pôr em bicos de pés, sem calçar botas de guerra, sem entrar de chancas, sem duas pedras na mão! Ele nem sequer se acha digno de desatar as correias das sandálias do Messias! João, se toma a palavra, é para escutar cada pessoa, de entre a multidão, e ajudar cada um a discernir a sua própria decisão, a seguir a vontade de Deus, no aqui e no agora, no mais real e concreto de cada vida. As suas palavras não são pedras no sapato, pedras atiradas à cara, para calar ou destruir. Não. João quer apenas que cada um tire a sua pedra do sapato, para desimpedir o caminho para o encontro com Cristo.

2. João é realmente um mestre, neste exercício sinodal, em que somos desafiados a falar com coragem e a escutar com humildade. Na Solenidade da Imaculada Conceição, Maria inspirou-nos a refletir na importância de uma escuta humilde, de ouvidos limpos, sem preconceitos, sem reservas, uma escuta que dá aos outros a possibilidade de dizerem o que pensam e sentem, até ao fim, sem serem interrompidos pela nossa pressa em ditar a última sentença. Neste domingo, o desassombro de João Batista, sem papas na língua, ajuda-nos a refletir sobre o que é isto de falarmos com parrésia.

3. Parrésia é uma palavra de origem grega que o Papa Francisco usa muito, quando nos desafia a falar abertamente, com coragem, com honestidade, com franqueza, com arrojo, com desassombro, com confiança, com liberdade, sem a presunção de se ter razão ou a última palavra. Por isso, falar com parrésia não é ter o coração na boca, dizer tudo o que nos vem à cabeça. Não. Falar com parrésia significa tomar a palavra, como quem dá testemunho do que lhe parece ser a voz do Espírito no seu coração. Por isso, para exprimir livremente aos outros o que sentimos devemos, antes de tudo, fazer silêncio, deixar a voz de Deus calar fundo no nosso coração, entrar em profunda união com Deus, que é luz e paz para o nosso coração. A partir daí, é possível falarmos, dizermos tudo aquilo que, no Senhor, não podemos calar. Neste sentido, a tal parrésia não é a arte de convencer os outros das minhas ideias brilhantes, das minhas razões inquestionáveis, dos meus argumentos irrefutáveis, das minhas posições irredutíveis. Não. Parrésia é dizer aquilo que, em consciência, me parece ser sugerido pelo Espírito Santo e que pode ser útil a todos, para o discernimento, em ordem a uma decisão comum, seja em casal e em família, seja na comunidade cristã, seja na vida social e política. Então, a partir daí, pode falar-se com toda a liberdade, sabendo, porém, que os outros o farão com a mesma liberdade e que, por isso mesmo, devo estar disponível para os escutar, até ao ponto de abandonar, refazer ou evoluir na minha opinião. Através dos outros, o Espírito Santo sugere-nos algo para o bem comum» (cf. 1 Cor 12,7).

4. Irmãos e irmãs: no diálogo em casal e em família, no diálogo deste processo sinodal que estamos a promover na comunidade cristã, uma das condições para falar com parrésia é procurar juntos a verdade e dizê-la na caridade. Só por amor devo falar. Só por amor devo calar. A parrésia, feita de crítica e de contestação, só é verdadeira se nasce do amor de Deus em mim, pela esposa, pelo marido, pelos filhos, pela nossa Igreja, pelos outros. Esta parrésia não pode conter maldição e maledicência, irritação e amargura, pedras no sapato, piadas e biqueiradas, mas deve construir uma atmosfera de confiança e de encorajamento mútuo. O fruto que se espera de um diálogo assim é que todos cresçam na compreensão das pessoas e dos problemas, é que todos se edifiquem na caridade, até alcançar a unidade que prevalece sobre o conflito, a paz sem vencedores e sem vencidos.

5. Com este espírito, responde:Tens uma pedra no sapato contra alguém da tua família? És capaz de o dizer com franqueza? Então escreve” no teu Bilhete-postal à Família Natal. Na Carta Sinodal ao Papa Natal, alarga o teu coração à comunidade cristã e responde: “Tens uma pedra no sapato contra a Igreja? És capaz de o dizer com franqueza? Então escreve”. Escreve, em clima de oração, o que o Espírito Santo te diz ao coração e diz à Igreja por meio de ti. Falemos todos ao coração!

Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk