Homilia no XXV Domingo Comum B 2021
1. É o regresso a casa e ao trabalho, às aulas e à catequese, à vida social e comunitária, com a campanha eleitoral ao rubro, mas ainda com alguns cuidados sanitários, porque a pandemia não desapareceu de cena! Esta não é, não pode ser, para nós, uma rentrée de regresso ao antigamente, como se tivéssemos passado por um pesadelo a esquecer quanto antes. Há pressa no ar, para nos levantarmos do chão e partirmos todos juntos por um caminho novo. Um caminho novo implica não recuar aos tempos anteriores à pandemia, como se nada tivéssemos aprendido com ela. Um caminho novo impede-nos de seguir o trilho dos últimos dois anos, imitando ou repetindo o que afinal foram modos de um tempo excecional. Um caminho novo enfrenta os desafios de um novo ano pastoral, sem negações nem imitações do passado, fiel e atento ao presente, confiante no futuro. Caminhemos todos juntos com a confiança humilde de uma criança, que se deixa encantar e surpreender todos os dias pela novidade de cada instante.
2. Irmãos e irmãs: um símbolo desta novidade do tempo, desta esperança de renascimento e desta confiança no futuro é o rosto de uma criança. E, por isso, precisamos tanto de colocar as crianças no meio da roda da nossa vida, para aprendermos delas e com elas a seguir Jesus e a nascer de novo. Alguns adultos pensarão: a nós compete-nos instruir, ensinar e corrigir as crianças. Mas Jesus, no Evangelho de hoje, parece trocar os papéis e dizer-nos que o caminho é outro: a educação e, mais ainda, a educação da fé é um caminho que se faz em comum. Ninguém educa na vida e na fé se não percorre com o outro o caminho que propõe. Só na medida em que deixarmos as crianças nascer e crescer é que poderemos renascer e crescer com elas. Jesus vem dizer-nos que em cada criança que se quer educar há um mestre de sabedoria, de quem é preciso aproximar-se e com quem é preciso aprender e caminhar juntos.
3. Há uns anos, à saída da igreja, eu pedia desculpa a um casal, por causa da simplificação das minhas palavras na Homilia das Missas com a Catequese. A mãe rapidamente me respondeu: “Não se preocupe: quanto à fé, somos da idade dos nossos filhos”. Eu retorqui: “Não é só quanto à fé; é em tudo: pais e filhos são da mesma idade”. A mãe nasce como mãe com o nascimento do filho. O pai nasce como pai com o nascimento do filho. Quanto mais o pai e a mãe fazem o seu filho crescer, tanto mais crescem com ele. Assim, não são apenas os pais que ensinam e fazem os filhos. Também os filhos ensinam e fazem os pais.
4. Em muitos casos, com o pedido e a celebração do Batismo, são as crianças a ativar a fé dos pais e a reconduzi-los à comunidade. Noutros casos, o tempo da catequese dos filhos é um tempo de redescoberta da fé para os pais. Temos, inclusive, a oportunidade de fazer catequese com os pais, no tempo ou ao mesmo tempo da catequese dos filhos. Caríssimos pais: não tenhais vergonha de serdes atraídos à comunidade e conduzidos pelas mãos dos vossos filhos. Vivei a alegria de caminhardes juntos na vida e na fé.
5.Desejamos a todos um feliz início ou regresso à vida escolar, social, profissional e pastoral. Damos as boas-vindas aos que chegam pela primeira vez ou regressam mais uma vez às creches, aos jardins de infância, às escolas e às celebrações, à catequese e às iniciativas variadas da nossa comunidade paroquial. Estamos mesmo a precisar da alegria confiante das crianças, da irreverência dos adolescentes, da energia contagiante dos jovens, do engenho criativo dos adultos, dos sonhos e da sabedoria dos mais velhos, para nos levantarmos da prostração desta pandemia e ressurgirmos dela pessoas melhores.
Levantemo-nos, para seguirmos em frente, juntos por um caminho novo!