Liturgia e Homilias no XXIV Domingo Comum B 2021
Destaque

No caminho da nossa vida e da nossa fé, Jesus faz-nos perguntas que vão diretas ao nosso coração, às quais não podemos responder sozinhos! Precisamos de escutar juntos a Palavra de Deus, para que seja o próprio Deus a revelar-nos o Seu rosto. Precisamos de nos escutar uns aos outros, para partilharmos o conhecimento íntimo e vital de Jesus de cada um. E só assim chegaremos juntos a uma fé comum, à fé da Igreja. Examinemos as nossas obras e poderemos, de algum modo, medir a temperatura da nossa fé em Cristo e da nossa amizade com Ele.

Homilia no XXIV Domingo Comum B 2021

1. Jesus faz uma pergunta. E a pergunta alarga-se a círculos diversos de pessoas: acolhe a escuta da voz do povo, recolhe a opinião do grupo dos discípulos e, por fim, dá lugar à palavra de Pedro, o porta-voz dos Doze. Há aqui uma pergunta, cuja resposta não se procura nem se encontra em nenhum manual, em nenhum catecismo, em nenhum site. Para encontrar a resposta é preciso escutar a todos (a começar pela multidão, pelo povo); é preciso confrontar alguns que têm maior proximidade com o mistério e o ministério de Jesus (os 12 Apóstolos), até dar voz a um, que é Pedro. Diríamos que a resposta final da fé de Pedro não brota de um acréscimo de saber ou de poder, mas é fruto daquela escuta de todos, daquele caminhar juntos, entre os Doze, com Jesus no meio. A resposta da fé de Pedro não resulta de uma ideia pessoal brilhante, mas é, por assim dizer, a síntese de toda a discussão, de todo o caminho percorrido juntos. Por aqui se vê: ninguém tem a fé sozinho. Ninguém caminha sozinho na fé. Só caminhando juntos!

2.Queridos irmãos e irmãs, como sabeis, o sucessor de Pedro é um só: o Papa. Os sucessores dos Apóstolos são alguns: os Bispos, que partilham o seu ministério apostólico com os presbíteros e diáconos. Mas a grande maioria dos fiéis batizados sois vós todos, os leigos. O Papa Francisco, à imagem de Pedro, quer dar uma resposta à pergunta fundamental: Que passos o Espírito Santo nos convida a dar para crescermos no nosso «caminhar juntos»? E, para isso, que fez o Papa? Desencadeou um processo sinodal, que não se resume a uma reunião entre o Papa e alguns bispos. Ele quer uma consulta, que nos envolva a todos: todos, porque confia no sexto sentido do povo de Deus, que, no seu conjunto, não se engana em matéria de fé; alguns, porque o Colégio dos Bispos é chamado a discernir aquilo que o Espírito diz à Igreja, não sozinhos, mas ouvindo o povo de Deus; um: o Bispo de Roma, o sucessor de Pedro, que tem a missão de nos confirmar a todos na fé. Por isso, a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, em 2023, terá uma fase prévia de auscultação de todo o povo de Deus, entre 17 de outubro e abril de 2022. Terá ainda uma segunda fase prévia, com algumas reuniões pré-sinodais, internacionais, continentais. Percorreremos assim um caminho semelhante àquele que o Evangelho de hoje nos descreve. Para alcançar a resposta, põe-se em movimento a escuta de todos (o povo), de alguns (os bispos), até ressoar, por fim, na voz de um (o Papa, sucessor de Pedro), a síntese harmoniosa, a revelação daquilo que o Espírito Santo diz hoje à Igreja de Jesus.

3. Esta reflexão, que partilhamos convosco, é para conhecermos e praticarmos estas palavras, que se repetirão milhentas vezes nos próximos tempos: sínodo, sinodal, sinodalidade. Qual é então o estilo, a forma, a atitude sinodal dos cristãos? É aquela de caminharmos juntos. Praticar a sinodalidade é, no fundo, estar cada um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo, para chegar a conhecer aquilo que o Espírito Santo “diz às Igrejas” (Ap 2, 7).E agir depois em consequência.

4. E que significa concretamente, para nós, cristãos, viver a sinodalidade nesta nossa Paróquia? Significa responsabilizarmo-nos todos pelas opções, pelas decisões e pelas ações da comunidade; significa não ficarmos à espera que o padre faça tudo ou mande fazer, porque ele tem o ministério da síntese e não a síntese dos ministérios. Isto implica participarmos ativamente na oferta e discussão de propostas, na elaboração das decisões e na realização das mesmas. Sinodalidade significa, na prática, exercitarmos a escuta recíproca, para conhecer o que Deus quer realmente desta comunidade, neste tempo, para ressurgir renovada desta pandemia. Estamos a fazê-lo, na escuta das pessoas, na reunião de grupos, até reunir o Conselho Paroquial de Pastoral.

5. Juntos rezemos e pensemos, juntos conversemos e convivamos, juntos sonhemos e soframos; juntos celebremos e pratiquemos as obras da fé. Nada façamos por nossa própria conta e risco! Sozinhos até poderíamos ir mais depressa, mas juntos iremos mais longe, por onde Deus quer. Vamos lá, então. Levanta-te. Juntos por um caminho novo!

 

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