Liturgia e Homilias no XI Domingo Comum B 2021
Destaque

Não são histórias da carochinha as parábolas do Reino, que Jesus nos conta. Elas destinam-se a fazer-nos entrar no modo de Deus ser e agir neste mundo, a partir do coração de cada um. Ali, onde o amor de Deus, secreto e discreto, nos alcança e transforma, ali germina, cresce, floresce e frutifica o Reino de Deus. As parábolas deste domingo desafiam-nos a acreditar no potencial desenvolvimento da pequena semente, precisamente enquanto o semeador dorme e se levanta. Deixemos que este tempo, com o Senhor, na Eucaristia, seja o tempo do agir de Deus, que tanto pede a nossa colaboração como a nossa confiança, para sonharmos juntos um futuro melhor. De coração confiante, invoquemos a Sua misericórdia.

Homilia no XI Domingo Comum B 2021 | Missa com o povo (1.ª proposta)


“Dorme e levanta-se noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como!” (Mc4,27)

1.Dormir é meio sustento, diz o povo. E a primeira parábola do Evangelho confirma-o! Na verdade, apesar do incansável e indispensável trabalho do semeador, que semeia, planta e rega, o facto é que a semente germina e cresceprecisamente enquanto ele dorme e se levanta. Portanto, dirá São Paulo, “nem o que planta nem o que rega, são coisa alguma. Mas é Deus que faz crescer” (1Cor3,6-7). No final de um ano laboral, escolar ou pastoral, Santo Inácio de Loyola vem dizer-nos muito sabiamente: «Age como se tudo dependesse de ti, mas consciente de que, na realidade, tudo depende de Deus».Por sua vez, o Papa Franciscodiz-nos que aprecia muito uma imagem que tem na sua escrivaninha, de São José a dormir. De vez em quando, antes de se deitar, mete debaixo da imagem um papelinho, com uma preocupação, um pedido, um desejo, um problema. Deste modo, passa a «batata quente» a São José e vai dormir descansado, deixando que seja Deus a fazer a sua parte, precisamente enquanto ele dorme!

2.Neste Ano de São José, gostaria de acentuar e associar este «dormir» a uma dimensão essencial da nossa vida pessoal, familiar e comunitária:sonhar. A figura de São José, o Esposo da Virgem Maria, aparece-nos, por quatro vezes, envolta em sonhos (Mt 1,19;Mt 2,14-15;Mt 2,19-20;Mt 2,22-23).  Na Bíblia, os sonhos representam um instrumento privilegiado, por meio dos quais Deus revela a Sua vontade e os Seus desígnios. No segundo relato da criação, diz-se, por exemplo, que Deus plasma a mulher do lado do homem, enquanto este dorme um sono profundo (cf. Gn 2,21), insinuando que “para encontrar a mulher — para encontrar o amor na mulher — o homem deve primeiro sonhá-la e depois encontrá-la”(Papa Francisco, Audiência, 22.04.2015). Dormir é, neste sentido, uma forma de deixar Deus ser Deus: ser Deus a querer, ser Deus a sonhar, ser Deus a realizar a Sua obra, e podê-lo fazer sem a nossa vontade a estorvar, a impedir, a desvirtuar, a destruir. E é neste sentido, que nos aparece José em sonhos!Sonhos que são chamadas divinas, não fáceis de acolher. Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos, levantar-se, pôr-se a caminho, reinventar-se, com coragem criativa, para levar por diante os misteriosos projetos de Deus. Por isso, os sonhos de José não são ilusões, projeções do seu desejo, mas mostram a capacidade de se deixar inspirar e conduzir pela vontade de Deus.A esta luz, somos chamados a descobrir e a seguir o sonho de Deus, o seu desígnio para nós, um sonho de metas altas, aberto às surpresas da vida, um sonho que pede mãos calejadas e pés no chão!

3.Irmãos e irmãs: vivamos este tempo de verão, não a sonhar as férias, os feriados ou os fins de semana; este é um tempo para sonhar a vida, a família, a comunidade e o mundo que Deus quer, depois do pesadelo desta pandemia. Este é o momento para sonhar diferente, para sonhar em grande, um sonho capaz de envolver a todos (Ch.Vivit, 36; 157); é um tempo para sonhar e repensar as nossas prioridades, o que valorizamos e o que queremos, o que buscamos e, deste modo, comprometermo-nos nas coisas pequenas, em função do que sonhamos.Insisto, todavia, na necessidade de sonhar a família e em família, porque não é possível construir uma família sem o sonho. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, o amor não cresce, os filhos não crescem, a vida debilita-se e apaga-se. Antes de mais nada, numa família, sonhai. Quase me apetecia dizer aos casais e demais fiéis aqui presentes: dormi e rezai. Dormi e sonhai. E,se não rezardes o terço, nunca deixeis de rezar o quarto. Mas podemos e devemos sonhar uma nova comunidade e um mundo mais justo e mais fraterno.

 

Atrevamo-nos todos a sonhar! Sonhemos juntos o caminho para um futuro melhor!Haja ou não frutos, pelo sonho é que vamos(Sebastião da Gama)!

 

 

Homilia no XI Domingo Comum B 2021 | Missa com o povo (2.ª proposta)


“Dorme e levanta-se noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como!” (Mc4,27)

1.Dormir é meio sustento, diz o povo. E a primeira parábola do Evangelho confirma-o! Na verdade, apesar do incansável e indispensável trabalho do semeador, que semeia, planta e rega, o facto é que a semente germina e cresceprecisamente enquanto ele dorme e se levanta. Por sua vez, o Papa Franciscodiz-nos que aprecia muito uma imagem que tem na sua escrivaninha, de São José a dormir. De vez em quando, antes de se deitar, mete debaixo da imagem um papelinho, com uma preocupação, um pedido, um desejo, um problema. Deste modo, passa a «batata quente» a São José e vai dormir descansado, deixando que seja Deus a fazer a sua parte, precisamente enquanto ele dorme!

2.Neste Ano de São José, gostaria de acentuar e associar este «dormir» a uma dimensão essencial da nossa vida familiar:sonhar.A figura de São José, o Esposo da Virgem Maria, aparece-nos, por quatro vezes, envolta em sonhos (Mt 1,19; Mt 2,14-15; Mt 2,19-20; Mt 2,22-23).Na Bíblia, os sonhos representam um instrumento privilegiado, por meio dos quais Deus revela a Sua vontade e os Seus desígnios. No segundo relato da criação, diz-se, por exemplo, que Deus plasma a mulher do lado do homem, enquanto este dorme um sono profundo (cf. Gn 2,21), insinuando que “para encontrar a mulher — para encontrar o amor na mulher — o homem deve primeiro sonhá-la e depois encontrá-la” (Papa Francisco, Audiência, 22.04.2015). Dormir é, neste sentido, uma forma de deixar Deus ser Deus: ser Deus a querer, ser Deus a sonhar, ser Deus a realizar a Sua obra, e podê-lo fazer sem a nossa vontade a estorvar, a impedir, a desvirtuar, a destruir.

 

3.E é neste sentido, que nos aparece José em sonhos!Depois de cada um dos sonhos, José teve de alterar os seus planos, levantar-se, pôr-se a caminho, reinventar-se, com coragem criativa, para levar por diante os misteriosos projetos de Deus. Por isso, os sonhos de José não são ilusões, projeções do seu desejo, mas mostram a capacidade de se deixar inspirar e conduzir pela vontade de Deus.A esta luz, somos chamados a descobrir e a seguir o sonho de Deus, o seu desígnio para nós, um sonho que pede mãos calejadas e pés no chão!

 

4.Irmãos e irmãs: insisto, todavia, na necessidade de sonhar a família e em família, porque não é possível construir uma família sem o sonho. Quantas dificuldades se resolveriam, se os casais se detivessem a pensar no cônjuge e a sonharem com as coisas boas que cada um tem. É importante recuperar o amor através do sonho de cada dia! Mas também os filhos são sonhados pelos pais, durante nove meses e durante a vida inteira. Numa família, quando se perde a capacidade de sonhar, o amor não cresce, os filhos não crescem, a vida debilita-se e apaga-se. Todavia, sonhar os filhos não significa possuí-los para preencher um vazio, controlá-los, dominá-los, para que realizem os nossos sonhos. À imagem de José, sombra na Terra do Pai Celeste, e à imagem daquela árvore, em cujos ramos os pássaros fazem o seu ninho e à sombra dos quais se abrigam, os pais sabem tornar-se inúteis, quando veem os filhos autónomos, levantar voo, pelas sendas da vida. Vale a pena recordar aqui aos pais e educadores as palavras de Santa Madre Teresa de Calcutá: “Ensinarás a voar... mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar... mas não sonharão o teu sonho. Ensinarás a viver... mas não viverão a tua vida. Ensinarás a cantar... mas não cantarão a tua canção. Ensinarás a pensar... mas não pensarão como tu. Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem... estará a semente do caminho ensinado e aprendido”!

 

5.Antes de mais nada, numa família, sonhai! Quase me apetecia dizer aos casais e demais fiéis aqui presentes: dormi e rezai. Dormi e sonhai. E, se não rezardes o terço, nunca deixeis de rezar o quarto. Sonhemos juntos o caminho para um futuro melhor!Haja ou não frutos, pelo sonho é que vamos(Sebastião da Gama)!

 

Homilia no XI Domingo Comum B 2021 | Encerramento da catequese


Faz-nos bem ouvir estas duas parábolas, no final de um ano de catequese, quase a concluir um ano pastoral. Jesus fixa a nossa atenção na sementee destaca duas características essenciais:

 

1. Na primeira parábola, é evidente uma característica da semente:ela possui uma força vital própria. A semente tem um dinamismo interno, um poder transformador, que faz com que germine, cresça e frutifique, sem o semeador perceber como. Este crescimento dá-se, precisamente, enquanto o homem dorme e se levanta. São Paulo disse um dia algo, talvez inspirado por esta primeira parábola: “Um é o que semeia, outro é o que planta, outro é o que rega, mas é Deus que faz crescer” (1Cor3,6-7). Nós podemos e devemos fazer bem a nossa parte, mas não é por puxarmos uma planta “pelas orelhas” que ela cresce mais depressa, nem por partirmos a casca do ovo da galinha que o pintainho nasce mais cedo! Esta semente germina e cresce, sem que saibamos “como”, porque cresce pelo poder de Deus, que nela e por ela se manifesta. Nós devemos fazer o que é preciso, com paciência e humildade. Mas o crescimento da semente é um milagre, é fruto de um poder que não está nas nossas mãos. Dêmos graças a Deus!

 

2.Queridos meninos e meninas: o vosso pai, a vossa mãe, os vossos catequistas, os vossos professores, o vosso pároco, deram e darão o seu melhor por vós… Mas o vosso crescimento em sabedoria, em estatura, em graça… não é um simples produto deste esforço. O vosso crescimento é fruto da ação de Deus em vós. Por isso, Jesus diz-nos a nós, os mais crescidos, que cuidamos de vós: “Age como se tudo dependesse de ti, mas consciente de que, na realidade, tudo depende de Deus”.
Em muitos momentos destes dois anos pastorais, marcados pelo confinamento, muitas vezes eu sentia-me atado de pés e mãos, impotente, sem saber o que fazer. Esta parábola ensinou-me: deixa estar, deixa Deus fazer…E vi que, mesmo sem alguns instrumentos de trabalho habituais, a semente da Palavra de Deus cresceu dentro de vós! Deixemo-nos maravilhar. Dêmos graças a Deus!

 

3. Na segunda parábola, destaca-se uma outra característica da semente: o seu desenvolvimento fantástico.Sendo ela um grão tão pequenino, lançado e escondido na terra, acaba por morrer e transformar-se na maior de todas as plantas da horta! Jesus quer dizer-nos que Deus faz sempre coisas grandes a partir dos mais pequeninos, dos mais humildes, das crianças, dos pobres, como fez coisas grandes com a humildade de Maria, com a sombra de José. Deus age no nosso mundo a partir do que é mais pequenino, do que parece não prestar para nada. Onde esta ação de Deus se faz sentir e onde o Seu amor nos alcança, cresce um mundo novo, mesmo se Deus permanece escondido, invisível a nossos olhos. A este coração da vida e do mundo, transformado secreta e discretamente, pela presença do Senhor, Jesus chama “Reino de Deus”.

 

4. Ao longo desta pandemia, descobrimos como são importantes os mais pequeninos, os humildes, que cultivam e transportam os bens, os que limpam as casas e as ruas, os que estão escondidos por trás de um equipamento de proteção individual… esses tornaram-se os nossos heróis. E nós vimos que a semente do Reino, do bem, do amor, afinal germinava em tantos corações, que nos pareciam distantes de Deus. Deixemo-nos maravilhar! Dêmos graças a Deus!

 

5. Irmãos e irmãs: a semente que fez germinar o trigo maduro na espiga fez-Se e faz-Se um bocado de Pão, na Eucaristia e, por isso mesmo, é preciso um coração grande, humilde e desperto para O reconhecer, adorar e acolher. A gente não sabe como, mas este Pão da Eucaristia tem o poder vital de nos fazer ressurgir, com nova alegria, nova energia, sangue novo, depois desta pandemia! Deixemo-nos alimentar e maravilhar! Dêmos graças a Deus, pelo tesouro escondido na Santíssima Eucaristia!



 

Homilia no XI Domingo Comum B 2021 | Festa da Eucaristia (Primeira Comunhão)

Faz-nos bem ouvir estas duas parábolas. Jesus fixa a nossa atenção na sementee destaca duas características essenciais:

1. Na primeira parábola, é evidente uma característica da semente:ela possui uma força vital própria. A semente tem um dinamismo interno, um poder transformador, que faz com que germine, cresça e frutifique, sem o semeador perceber como. Este crescimento dá-se, precisamente, enquanto o homem dorme e se levanta. São Paulo disse um dia algo, talvez inspirado por esta primeira parábola: “Um é o que semeia, outro é o que planta, outro é o que rega, mas é Deus que faz crescer” (1Cor3,6-7). Esta semente germina e cresce, sem que saibamos como, porque cresce pelo poder de Deus, que nela e por ela se manifesta. Nós devemos fazer o que é preciso, com paciência e humildade. Mas o crescimento da semente é um milagre, é fruto de um poder que não está nas nossas mãos. Dêmos graças a Deus!

Queridos meninos e meninas: o vosso pai, a vossa mãe, as vossas catequistas, os vossos professores, o vosso pároco, deram e darão o seu melhor por vós… Mas o vosso crescimento em sabedoria, em estatura, em graça… não é produto deste esforço. Quem educa tem de ter esta humildade e esta confiança, de que os filhos ou educandos não são mero produto do seu trabalho. O seu crescimento é fruto da ação de Deus. Por isso, Jesus diz-nos a nós, os mais crescidos: “Age como se tudo dependesse de ti, mas consciente de que, na realidade, tudo depende de Deus”.

2. Na segunda parábola, há uma outra característica da semente: o seu desenvolvimento fantástico.Sendo ela um grão tão pequenino, lançado e escondido na terra, acaba por morrer e transformar-se na maior de todas as plantas da horta, a tal ponto que as aves do céu podem abrigar-se à sombra dos seus ramos. Jesus quer dizer-nos que Deus faz sempre coisas grandes a partir dos mais pequeninos, dos mais humildes, das crianças, dos pobres. Deus age no nosso mundo a partir do que é mais pequenino, do que parece não prestar para nada. Dêmos graças a Deus!

3.Gostaria agora de relacionar estas duas parábolas com o mistério da Eucaristia:

§  Na Eucaristia, recebemos Cristo, Pão da Vida. Ele próprio Se comparou a um grão de trigo lançado à terra, que morre, para dar muito fruto. Quando comungamos, parece que não há um efeito imediato e, de facto, não muda tudo de repente na nossa vida. Mas basta que deixemos de nos alimentar deste Pão da Vida, basta que abandonemos a Eucaristia e toda a nossa vida cristã começa a enfraquecer, até morrer. Deus começa a desaparecer, pouco a pouco, do mapa da nossa vida. E a nossa vida perde toda a força e energia. Pelo contrário, sem sabermos como, quanto mais comungarmos, tanto mais frutifica em nós o amor de Deus.

§  Jesus faz-Se pequenino, num bocado de pão. A presença de Jesus é tão humilde, escondida, invisível, que precisa de um coração humilde, um coração de criança, um coração aberto, desperto e acolhedor, para O reconhecer, adorar e acolher. Para recebermos bem a presença transformadora do Pão da Vida na Eucaristia, precisamos de nos tornar humildes, pequeninos, como Maria e José o foram junto de Jesus.

§  Graças à humildade de Maria e ao escondimento silencioso de José, Jesus pôde crescer em estatura, em santidade e em graça. Graças à Eucaristia, e sem a gente saber como, crescemos como irmãos, como família, como ramos, à sombra dos quais até os pássaros encontram abrigo. Olhai: vós valeis bem mais que todos os passarinhos (cf. Mt10,31)! Valeis um preço impagável: o do Corpo dado e o do Sangue derramado de Jesus por vós!

 

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