Liturgia e Homilias no X Domingo Comum B 2021
Destaque

Na passada quinta-feira recordávamos que a Eucaristia instaura uma nova consanguinidade, uma nova familiaridade, uma nova fraternidade entre nós, em Cristo. Os que comem do mesmo Pão e à mesma mesa e os que bebem do mesmo cálice do Sangue de Cristo tornam-se consanguíneos, única família de Cristo, nutrida e reunida à volta da mesa do seu Senhor. Neste X Domingo, agora do Tempo Comum, é bom pensar que esta família também se afirma e cresce, dia a dia, como pequenina Igreja doméstica, à mesa da Palavra. A nova família de Jesus reúne-se, em cada domingo, nesta Casa, à volta de Jesus, para se sentar à mesa da Palavra e da Eucaristia.

Homilia no X Domingo Comum B 2021

 

1.“Irmãos e irmãs” é a forma como habitualmente o Presidente saúda os fiéis presentes na celebração. E somo-lo todos, pela mesma água do Batismo, que nos tornou filhos no Pai, irmãos no Filho, família e templo de Deus no Espírito Santo. E somos irmãos e irmãs, pela comunhão do mesmo Corpo e do mesmo Sangue de Cristo. Assim o recordámos nas duas últimas celebrações. Ora o Evangelho de hoje (Mc 3,31-35)diz-nos que também à mesa da Palavra se constrói esta nova fraternidade, esta nova familiaridade. Na verdade, quem faz a vontade de Deus, ou quem escuta a Palavra de Deus e a põe em prática, esse é que é verdadeiramente mãe, irmão, irmã de Jesus. A Palavra de Deus faz-nos crescer a todos como única família de Deus, torna-nos familiares de Jesus. Jesus não Se envergonha de nos chamar irmãos e de nos tornar membros da sua família. Sua mãe, seu irmão, e podíamos dizer, seu pai, é todo aquele que faz a vontade de Deus; noutro Evangelho (cf. Lc 8,21), diz-se claramente: sua mãe e seus irmãos são todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática!

2.De entre todos os que estavam ao redor, quando Jesus disse estas palavras, certamente se destacaria a Mãe de Jesus, que disse um «sim» para sempre naquele «Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38). Deste grupo, certamente se destacaria, ainda que na sombra, a figura silenciosa de São José. Ele não disse uma única palavra, mas dele diz a Escritura “que fez sempre como o Senhor lhe ordenara” (Mt 1,24; c2,14; 2,21). E assim, Jesus cresce numa família, unida pela mesma fidelidade à vontade de Deus, pela mesma obediência, pela mesma escuta e pela mesma prática da Palavra de Deus.

3.É importante que esta Palavra de Deus seja escutada aqui, na celebração. Que seja escutada na Catequese. Mas é muito importante também que o livro da Bíblia tenha um trono, um lugar importante, em nossa casa, nas nossas famílias (cf. NMI 39). Que bom seria que o cantinho da oração se tornasse um lugar sagrado para a escuta e partilha da Palavra de Deus. Para ouvir a Palavra e para anunciar a Palavra com a própria vida. A proposta da Liturgia Familiar é uma bela ajuda, para que as famílias aprendam a ler os acontecimentos, a interpretar as suas histórias da vida, a fazer as suas preces, através da leitura orante da Palavra de Deus.

4. Na verdade, através da Palavra, Deus vem conversar com os seus filhos (DV 21), como veio ao encontro de Adão e de Eva (Gn3,9-15). Às vezes, temos medo de abrir a Bíblia, porque, através da Palavra, Deus também nos interpela: onde estás, que fizeste?Não nos deixemos tomar pelo medo. Porque no mesmo instante que tomamos conta da nossa fraqueza, a Palavra de Deus transforma-se em Boa Nova. Vimo-lo na 1.ª leitura: o diálogo entre Deus e os nossos primeiros pais não termina numa ameaça de castigo, mas numa promessa de salvação. Diríamos que é o “primeiro Evangelho” (Gn 3,15), a primeira Boa notícia. Esta promessa virá a cumprir-se em Jesus. N’Ele o mal e a morte deixam de ter a última palavra. Jesus vence o Mal, com o poder do Seu amor. Assim, «o Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está patente no Novo Testamento» (Santo Agostinho). Por isso, é tão importante ler a Sagrada Escritura sempre com os olhos postos em Jesus.

5.Irmãos e irmãs: estamos a viver este Ano de São José e vale a pena recordar o que nos diz o Papa Francisco: “São José constitui a dobradiça que une o Antigo e o Novo Testamento”. “Em todas as circunstâncias da vida, José soube pronunciar aquele «faça-se», como Maria na Anunciação e como Jesus no Getsemani” (Patris corde,n.º 3). Sejam eles os nossos modelos, para escutare pôr em prática a Palavra de Deus, para nos tornarmos famílias unidas e reunidas no amor e na vontade do Senhor!

 

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