HOMILIA NO XXVIII DOMINGO COMUM C 2019
Três imperativos para tirar a prova dos nove, neste mês missionário extraordinário: lava-te, lembra-te e levanta-te!
1. Lava-te!
Esta é a ordem dada ao general sírio Naamã. Mas o homem, tão poderoso como leproso, não via porque havia de mergulhar no pobre rio Jordão, se em Damasco, sua terra, tinha dois rios de águas mais cristalinas e abundantes. Ainda tentou subir primeiro à presença do rei, para algum favor especial. Mas acabou por obedecer humildemente à palavra do profeta Eliseu, o homem de Deus, mergulhando sete vezes no Jordão, o mesmo rio onde Jesus será batizado (cf. Mt 3,13-17). Na verdade, o poder de lavar, curar, purificar ou perdoar os pecados não está na água, seja ela do Jordão ou de quaisquer outros rios ou fontes. Naamã não foi curado por qualquer virtude mágica daquela água, mas pela sua adesão à Palavra de Deus, por meio do Profeta. Podemos dizer algo semelhante, a respeito da água do nosso Batismo: «A ação é da água, mas a eficácia é do Espírito Santo» (Santo Ambrósio). Por isso é que, sobre a água da pia batismal, é invocado o poder do Espírito Santo, para que aquela tenha a força de regenerar e renovar (cf. Jo 3,5 e Tt 3,5). Perguntemo-nos, então: lavo-me nas águas do Batismo, deixando-me converter, todos os dias, ao amor de Deus, derramado em mim e por mim? Ao pedir o Batismo, para o(a) meu(minha) filho(a), quero mesmo batizá-lo(a), mergulhando-o(a) nesta corrente do amor divino, ou simplesmente passá-lo(a) por água? Pensa bem: se levas outrem ao Batismo, lava-te nas mesmas águas renovadoras!
2. Lembra-te!
São Paulo exorta-nos a fazer grata memória da morte e ressurreição do Senhor. Pelo Batismo, fomos sepultados com Cristo na morte, para com Ele ressuscitarmos para uma vida nova (cf. Rm 6,4). Neste novo ano pastoral, somos desafiados a fazer memória viva do nosso Batismo. Como? Tocando na água batismal ou deixando-se aspergir por ela; rezando ao Pai, como filhos de Deus; optando por fazer o bem e renunciando ao mal. Mas este mergulho do Batismo renova-se, sobretudo, para nós tal como para o sírio Naamã, em sete mergulhos sucessivos, na mesma torrente do amor de Deus, que são os sete sacramentos. Desde o novo nascimento no Batismo,confirmamos a nossa adesão a Cristo e à Igreja, na idade do crescimento, através do Sacramento da Confirmação. Da Eucaristia recebemos o alimento essencial da nossa fé batismal. Renovamos a graça do Batismo nas lágrimas da conversão, através do Sacramento da Reconciliação. Fortalecemos a nossa alma no combate da fé, em momentos duros de sofrimento, com a consolação que nos vem do sacramento da Unção dos Doentes. Assumimos o nosso Batismo, em pleno, quando nos comprometemos a edificar uma família, como pequenina Igreja, no Sacramento do Matrimónio, ou quando somos chamados a construir a Igreja como grande família, no Sacramento da Ordem. Perguntemo-nos então: Porque é que sou batizado e não sou crismado? Porque é que peço o Batismo de um filho e ponho de parte o Matrimónio para mim? Afinal, o meu Batismo são águas vivas ou águas passadas? Sei ao menos a data do meu Batismo? Lembra-te do teu Batismo. Agradece, celebra o aniversário e reaviva continuamente esse dom inaugural da vida cristã, que é o teu Batismo.
3. Levanta-te e segue o teu caminho!
Quem se sente agraciado, levanta-se, sente-se impelido para fora de si mesmo. O Batismo é um caminho que dura a vida inteira. Cada batizada, cada batizado é uma missão. Do Evangelho de hoje recebemos esta missão, em forma de pergunta: «Onde estão os outros nove»? Vede: já não são 99 em 100, mas 9 em 10. É nossa missão ir ao seu encontro e não contra eles. Estamos no outubro missionário extraordinário. Então aqui fica um trabalho extra… ordinário: levanta-te e segue o teu caminho, em busca dos outros nove! Ser e assumir a missão é a prova dos nove da qualidade da água do Batismo em que te lavas todos os dias! Levanta-te. Porque és batizado, também és enviado!