Homilia na Solenidade da Ascensão do Senhor C 2019
1. “Uma nuvem escondeu-O a seus olhos” (At 1,9). Jesus foi elevado ao Céu, mas “a Sua vida não está suspensa nas nuvens, à espera de ser descarregada” (CV 252)! Pelo contrário, as Suas mãos, erguidas para nos abençoar, continuam a cuidar de nós e a agir através de nós. E os Seus pés, que se elevam da Terra que pisamos, guiam agora os nossos passos, em direção ao Céu, na senda d’Aquele mesmo Jesus, que passou entre nós fazendo o bem. Embora Jesus esteja lá, junto do Pai, permanece aqui connosco e intercede por nós. E nós, embora estejamos aqui, podemos desde já viver com Ele lá, porque a nossa vida está escondida com Cristo em Deus. Na verdade, Jesus não Se afastou do Céu, da presença de Deus, quando veio até nós. E não Se afasta de nós ao ser exaltado pelo Pai. Jesus, elevado aos céus, não abandona os Seus! “Ele enche tudo com a sua presença invisível e, onde quer que tu vás, Ele estará à tua espera, porque Ele veio, vem e continuará a vir em cada dia, para te convidar a caminhar até um horizonte novo” (CV 125),que tem o Céu como limite.
2. Na Ascensão do Senhor, Jesus faz dom a toda a humanidade, de todos os tempos, da Sua presença pessoal, íntima e real. Ele comunica connosco, não através de satélite ou de uma qualquer rede digital ou social, mas através do Espírito Santo, “a força do alto”, que tece uma verdadeira rede de relações, de proximidade e de comunhão entre todos os membros do Seu Corpo, que é a Igreja. “A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [«like»], mas na verdade, no «ámen» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros” (Papa Francisco, MDMCS 2019).
3. Por isso, esta presença nova de Jesus coloca-nos o desafio de promover uma rede de relações de proximidade com todos aqueles que, por causa da distância física, “se escondem a nossos olhos”. Neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa desafia-nos a fazer das redes sociais, não uma teia de aranha, que nos pode capturar, mas uma rede de ligação, de pertença, de partilha, de comunhão, que alargue, intensifique e multiplique as relações pessoais.
4. O mundo virtual pode tornar-se um território de solidão quando nos faz cair no “autismo tecnológico” (AL 278)e nos transforma em “eremitas sociais”, isto é, em pessoas isoladas, apáticas ou manipuladas, desligadas do real, pessoas dependentes, “sempre ligadas às máquinas”. Pelo contrário, a comunicação, pelas redes sociais, é um bom recurso, para as pessoas, famílias e comunidades quando nos liga e nos aproxima de quem está longe, sem nos afastar de quem está perto. Face à tentação, tão atual, de promover “relações interpessoais mediadas apenas por sofisticados aparatos, por ecrãs e sistemas que se podem ligar e desligar à vontade, o Evangelho convida-nos a abraçar sempre o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela” (EG 88).O mundo digital não nos dispensa do encontro pessoal, através do contacto, em carne e osso, da luz do olhar, do pulsar do coração, do cheiro da respiração, da carícia das mãos do outro.
5.Concretizemos o que estamos a dizer: “Se a rede for usada como prolongamento ou na expectativa de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão.Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade paroquial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar junta a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem, então é um recurso.Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres” (Papa Francisco, MDMCS 2019).
Homilia na Solenidade da Ascensão do Senhor C 2019 – Missa de Domingo, às 19h00 | Encerramento das Festas em Honra de Nossa Senhora da Hora
1. “Uma nuvem escondeu-O a seus olhos” (At 1,9). Jesus foi elevado ao Céu, mas “a Sua vida não está suspensa nas nuvens, no disco virtual– à espera de ser descarregada” (CV 252)! Pelo contrário, as Suas mãos, erguidas para nos abençoar, continuam a cuidar de nós e a agir através de nós. E os Seus pés, que se elevam da Terra que pisamos, guiam agora os nossos passos, em direção ao Céu, na senda d’Aquele mesmo Jesus, que passou entre nós fazendo o bem. Embora Jesus esteja lá, junto do Pai, permanece aqui connosco e intercede por nós. E nós, embora estejamos aqui, podemos desde já viver com Ele lá, porque a nossa vida está escondida com Cristo em Deus. Na verdade, Jesus não Se afastou do Céu, da presença de Deus, quando veio até nós. E não Se afasta de nós ao ser exaltado pelo Pai. Jesus, elevado aos céus, não abandona os Seus! “Ele enche tudo com a sua presença invisível e, onde quer que tu vás, Ele estará à tua espera, porque Ele veio, vem e continuará a vir em cada dia, para te convidar a caminhar até um horizonte novo” (CV 125),que tem o Céu como limite.
2. Na Ascensão do Senhor, Jesus faz dom a toda a humanidade, de todos os tempos, da Sua presença pessoal, íntima e real. Ele comunica connosco, não através de satélite ou de uma qualquer rede digital ou social, mas através do Espírito Santo, “a força do alto”, que tece uma verdadeira rede de relações, de proximidade e de comunhão entre todos os membros do Seu Corpo, que é a Igreja. “A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [«like»], mas na verdade, no «ámen» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros” (Papa Francisco, MDMCS 2019).
3. Por isso, esta presença nova de Jesus coloca-nos o desafio de promover uma rede de relações de proximidade com todos aqueles que, por causa da distância física, “se escondem a nossos olhos”. Neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Papa desafia-nos a fazer das redes sociais, não uma teia de aranha, que nos pode capturar, mas uma rede de ligação, de pertença, de partilha, de comunhão, que alargue, intensifique e multiplique as relações pessoais.
4. O mundo virtual pode tornar-se um território de solidão quando nos faz cair no “autismo tecnológico” (AL 278)e nos transforma em “eremitas sociais”, isto é, em pessoas isoladas, apáticas ou manipuladas, desligadas do real, pessoas dependentes, “sempre ligadas às máquinas”. Pelo contrário, a comunicação, pelas redes sociais, é um bom recurso, para as pessoas, famílias e comunidades, quando nos liga e nos aproxima de quem está longe, sem nos afastar de quem está perto.
5. Face à tentação, tão atual, de promover “relações interpessoais mediadas apenas por sofisticados aparatos, por ecrãs e sistemas que se podem ligar e desligar à vontade, o Evangelho convida-nos a abraçar sempre o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com os seus sofrimentos e as suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa permanecendo lado a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da reconciliação com a carne dos outros. Na sua encarnação, o Filho de Deus convidou-nos à revolução da ternura” (EG 88). Por isso, o mundo digital não nos dispensa do encontro pessoal, através do contacto, em carne e osso, da luz do olhar, do pulsar do coração, do cheiro da respiração, da carícia das mãos do outro.
6. E nós, ao concluir a celebração das festas em honra da nossa Padroeira, pensamos em Maria, a jovem de Nazaré. Ela não aparecia nas «redes sociais» de então. Ela não era uma «influenciadora» (influencer, em sentido digital) mas, sem querer procurá-lo, tornou-Se a mulher que maior influência teve na história. E poderíamos, com confiança de filhos, defini-l’A: “Maria, a influenciadora [às ordens] de Deus. Com poucas palavras, Maria teve a coragem de dizer «sim», confiando no amor, confiando nas promessas de Deus, que é a única força capaz de renovar, de fazer novas todas as coisas” (Papa Francisco, Discurso aos jovens, Panamá, 26.01.2019)! Agora, “sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. N’Ela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentir importantes” (EG 288). Por isso, também Maria nos desafia a fazer da rede social, não uma vitrina onde se exibe o próprio narcisismo ou onde se alimentam ódios e preconceitos, mas uma janela aberta para o mundo, onde podemos exercer a influência de Deus, numa vida em saída, ao encontro dos outros.
7. Na verdade, sejamos concretos: “Se a rede for usada como prolongamento ou na expectativa de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão.Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade paroquial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar junta a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem, então é um recurso.Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres” (Papa Francisco, MDMCS 2019)! Como Maria, sempre online com Deus. Ela disse um “Ámen”, um “Sim” a Deus, que se repete todos os dias num “like”, que abre caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso e ao carinho! O «sim» e o desejo de servir foram mais fortes do queas dúvidas e dificuldades.
Seja assim o nosso «sim» … como o de Maria. Ámen.