Com o povo a banhos neste final de agosto, deixemos que seja a Palavra de Deus a lavar-nos a alma e a limpar-nos do contágio do mundo. Deixemos que seja Deus a purificar o coração, no encontro com o Seu amor. Pois é do coração que procedem todos os vícios que tornam o homem impuro. Depois de cinco domingos centrados no longo Discurso do Pão da Vida, retirado do 4.º Evangelho, retomamos, agora e neste domingo, a leitura do Evangelho segundo São Marcos, que nos guiará até ao final deste ciclo litúrgico. É a própria Palavra de Deus que insiste hoje no seu valor. Ouvir atentamente a Palavra, guardar interiormente a Palavra e levar à prática essa mesma Palavra de Deus, é o fio condutor dos textos que vamos ouvir. Escutemos então a Palavra de Deus. Acolhamo-la de coração puro!

Jesus dá um murro na mesa, que sabe a um murro no estômago dos discípulos, que não conseguem digerir as palavras duras no final do Discurso do Pão da Vida: “E vós, também quereis ir-vos embora?”, diz-lhes Jesus. Muitos séculos antes, também o povo de Israel fora confrontado com uma opção: “A que Deus quereis servir”? Porque não se pode andar de bem com Deus e com o Diabo. São opções de vida, que também se refletem nas relações entre marido e esposa. Tudo se conjuga em apelos que pedem resposta. Nós, se aqui estamos e aqui viemos, é porque queremos dizer com e como Pedro: A quem havemos nós de ir... se só Tu tens palavras de Vida Eterna?

À imagem de Maria, levantámo-nos, saímos de casa, da nossa zona de conforto, e pusemo-nos a caminho, para celebrarmos juntos o encontro com o Senhor. Hoje, unimos à celebração dominical da Páscoa do Senhor, a Assunção de Nossa Senhora, a Páscoa de Maria. Sim. A Assunção de Nossa Senhora é a Páscoa de Maria, é a festa da sua plena participação na vitória pascal do seu Filho Jesus Cristo. Maria, sempre unida ao seu Filho, na vida e até à morte, uma vez concluído o percurso da sua vida terrena, é associada à glória da ressurreição do seu Filho. Com Maria, celebremos a alegria do encontro com Cristo, aprendamos a caminhar, rumo a um nós cada vez maior, sempre com os pés na terra e os olhos no céu.

Levantamo-nos, saímos de casa, das nossas coisas e da nossa vida, e caminhamos ao encontro desta mesa, na nossa Casa comum, para nos fortalecermos com o Pão dos peregrinos, para podermos voltar ao caminho, todos juntos, rumo a um nós cada vez maior. Atraídos pelo Pai, viemos com alegria ao encontro do Senhor. Jesus é então o nosso Pão e o nosso Caminho, é o nosso Guia e Companheiro. Partilhamos esta intimidade itinerante com todos os peregrinos, migrantes e refugiados, que estão no centro da oração e da atenção da Igreja nesta semana, que lhes é especialmente dedicada.

Não está recesso o pão da multiplicação do passado domingo! O dom do maná, do pão descido do Céu, renova-se hoje mesmo, em cada Eucaristia. Por isso, vimos ao encontro de Jesus. A nossa fome da verdadeira Vida atrai-nos para o Alimento que dura para a vida eterna. Às vezes, esta busca de Jesus é uma procura errante e errada, procurando n’Ele mais um pão para comer do que um sentido para viver.O Senhor convida-nos a não esquecer que, se é necessário preocuparmo-nos pelo pão, é ainda mais importante cultivar a relação com Ele, fortalecer a nossa fé n’Ele, que é o «pão da vida», que veio para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor. Que esta Eucaristia nos ensine a procurar tanto o dom como o Doador.

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