Liturgia e Homilia no IV Domingo da Quaresma A 2017
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Depois de bebermos da fonte de água viva, no encontro de Jesus com a Samaritana, somos hoje conduzidos, como o cego, à fonte luminosa, que é Jesus Cristo, Luz do mundo! 

Homilia no IV Domingo da Quaresma A 2017

1. Um banho de luz na piscina de Siloé reconduz-nos à primeira obra da criação (Gn 1,2). Um pouco de lodo nos olhos reporta-nos ao gesto criador, quando “Deus formou o homem do pó da terra e lhe insuflou um espírito de vida” (Gn 2,7). A cura do cego de nascença é assim uma nova criação! E os diálogos e confrontos deste com os judeus são, para ele, um teste, um escrutínio, uma preciosa ajuda, para abrir pouco a pouco os olhos da fé, que só Jesus pode iluminar. A cura do cego é pois uma excelente catequese sobre o Batismo, como nova criação, como sacramento da iluminação cristã. Por ele tornámo-nos “filhos da luz”!

2. Somos desafiados assim a viver a fé, como um dom que nos oferece uma nova visão! Tal como a fé do cego, também a nossa fé há de desenvolver-se “como um caminho do olhar, em que os olhos se habituam a ver em profundidade” (LF 30). Somos despertados, por esta cura integral do cego, para a necessidade de um novo olhar, de um olhar contemplativo pois, “só quando somos configurados com Jesus é que recebemos o olhar adequado para O ver” (LF 31). Neste sentido, “a fé torna-se luz para os nossos olhos” (LF 22). Por isso, a fonte da alegria que propomos, para esta 4.ª semana é a CONTEMPLAÇÃO, esse olhar novo e profundo, que nos torna capazes de ver com os próprios olhos de Deus.

3. Diz o Catecismo da Igreja Católica: “A contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus: «Eu olho para Ele e Ele olha para mim». A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão, para com os homens” (CIC 2715). A fé em Cristo dá-nos realmente uma visão, um novo olhar, um olhar em profundidade, “capaz de iluminar toda a existência humana” (LF 4). Não para ver Deus em tudo, mas para ver tudo em Deus! A fé dá-nos uma visão que nos torna capazes de reconhecer no rosto do outro a imagem de Deus; capazes de entrever e desvelar, na vida da nossa cidade, a presença discreta de Deus, oculta nas angústias e esperanças de tantas pessoas, nas suas vidas luminosas e iluminadas pelo amor aos outros.

4.À contemplação do rosto de Cristo ninguém se dedicou tanto como Maria” (RVM 10), que nos guia e inspira nesta caminhada. A respeito da primeira aparição de Nossa Senhora, em Fátima, Lúcia refere-se a uma luz tão intensa, que era como um reflexo, que das mãos da Virgem expedia. Dizia ela: “penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazia-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos, no melhor dos espelhos”. O pastorinho beato Francisco Marto exclama: “Do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela luz, que Nossa Senhora nos meteu no peito!

5. Nesta semana, peçamos ao Senhor que nos cure, com a sua luz, da cegueira do pecado, daquela cegueira que nos impede de ver o outro com olhos limpos, sem preconceitos, ou que nos faz pensar que a vida do outro não nos diz respeito; que Ele nos cure daquela cegueira, que nos impede de ver para além das aparências, para podermos ver o coração e ver com o coração; que Ele nos cure daquela cegueira que nos faz ver tudo superficialmente.

Irmãos e irmãs: «Quem acredita vê com uma luz que ilumina todo o percurso da estrada, porque essa luz nos vem de Cristo ressuscitado, Estrela da manhã, que não tem ocaso» (LF 1). Banhados e iluminados por esta luz, caminhemos, na estrada para a Páscoa, com Maria, pelas fontes da alegria!  

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