Homilia no I Domingo do Advento A 2016
1.ª Semana do Advento: a casa dos sonhos!
1. “Com Maria e José, sonhar a alegria do Natal”. Porque é uma alegria que passa por nossa casa, passa pela nossa família! E a família faz parte deste sonho eterno de Deus, que está gravado no mais profundo do coração, no sonho de cada homem e mulher! E o nosso Advento abre precisamente com este sonho, desenhado na grandiosa visão de Isaías (cf. Is 2,1-5): um mundo constituído por uma única família humana, uma humanidade reconciliada no amor, um mundo renovado, em que “se converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices”. Por onde começar então este sonho de (re)construção da nossa casa comum? Por ti, por mim, pela nossa casa! É aí e é por aí que tudo começa!
2. Também São Paulo nos desafiava a despertar do “sono” e… porque não do “sonho”?! Porque depois do “sonho”, é preciso “acordar”, para “transformar a realidade”, é preciso “levantarmo-nos” e “pormo-nos a caminho”. Também “em família, devemos levantar-nos e agir. Devemos caminhar em profundidade no mundo, mas sempre com a força da oração” (Papa Francisco, Discurso em Manila, 16.01.2015),que vigia e protege a casa dos nossos sonhos!
3. O Evangelho advertia-nos: “Se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a casa”. Quanta esperança há na construção de uma casa, «assente sobre a rocha» (Mt 7,24-26)e quantos riscos não corre esta casa de ser “arrombada” pela divisão, pela violência, pelo desentendimento, pelo ressentimento, por ideias e formas de vida, que a negam ou destroem?! Tende cuidado: “Toda a ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade. Por isso, guardai e protegei as vossas famílias” (Papa Francisco, Discurso em Manila, 16.01.2015). Vigiai e orai! “Família que reza unida permanece unida” (AL 227).
4. Vigiar em família é sonhar acordado! E todos sonhamos uma casa: todos temos no coração a casa dos sonhos. “No coração de cada pessoa existe o desejo de uma casa, que seja sólida, aonde se possa voltar com alegria e onde com júbilo se possa receber cada hóspede que chegar. É a saudade de uma casa em que o pão quotidiano seja o amor, o perdão, a necessidade de compreensão, em que a verdade seja a fonte da qual brota a paz do coração. É a nostalgia de uma casa da qual se possa sentir orgulho, de que não se deva envergonhar e cujo desmoronamento nunca seja preciso chorar. Esta saudade não é senão o desejo de uma vida plena, feliz, bem-sucedida. Não tenhais medo desta aspiração. Não a rejeiteis” (BENTO XVI, Discurso aos jovens, Cracóvia, 27.05.2006). Não deixeis de sonhar.Deus Criador, que infunde no coração este desejo, jamais vos abandonará na construção da casa dos vossos sonhos (cf. Ibidem).
5. Esta semana, pensemos e partilhemos em família: Que casa sonhamos para nós? Qual é a casa dos nossos sonhos? E lembrai-vos disto: “Não há famílias perfeitas” (AL 325).As inevitáveis crises e dificuldades não devem fazer-nos desistir desta construção! São sobretudo “uma oportunidade para pedirmos ajuda, oportunidade para nos questionarmos em que devemos melhorar, oportunidade para descobrirmos o Deus-connosco que nunca nos abandona. Os erros, os problemas, os conflitos são uma oportunidade para nos aproximarmos dos outros e de Deus”(Papa Francisco, Discurso na Festa das Famílias e Vigília de Oração, em Filadélfia, 26.09.2015).As próprias dificuldades são“um apelo para libertar em nós as energias da esperança, traduzindo-as em sonhos proféticos, ações transformadoras e imaginação da caridade” (AL 57). Tenhamos, pois, a confiança segura de que “o sonho de Deus continua irrevogável, continua intacto e convida-nos a trabalhar, a favor da família” (Papa Francisco, Discurso na Festa das Famílias e Vigília de Oração, em Filadélfia, 26.09.2015). Porque é verdade: «Deus sonha. A humanidade quer. A família nasce»! Com Maria e José, vamos lá todos sonhar a alegria do Natal! É pelo sonho que vamos…
