Homilia no Domingo III do Advento B 2023
1. “Alegrai-vos sempre no Senhor. Exultai de alegria: o Senhor está perto” (Fl 4,4-5; Ant. Entrada). Esta exultação no Senhor é a matiz cor-de-rosa deste Domingo da Alegria. Mas onde estão afinal a razão e a raiz de uma tal alegria, que é para todos e é para sempre?Na sorte grande? Na lotaria do Natal? Não. Numa boa notícia, numa surpresa, num acontecimento super-agradável? Muito mais do que isso! Esta alegria é fruto do encontro pessoal e surpreendente da nossa vida com a Pessoa viva de Jesus Cristo, que veio, virá e vem sempre até nós! Quem, um dia, encontrou ou se deixou encontrar pela pessoa de Cristo conhece bem esta alegria: uma alegria que enche o coração e preenche a vida inteira. Com Jesus Cristo renasce sem cessar esta alegria (cf. EG 1). A poucos dias do anúncio daquela “grande alegria, que será para todo o povo” (Lc 2,10), nós escutámos, já hoje, na voz do Messias prometido, um cântico de exultação e de exaltação. A mesma salmodia brotou dos lábios de Maria, que glorifica o Senhor e Se alegra em Deus, Seu Salvador. O Senhor é também a alegria completa de João Batista. E é de todos e para todos a fonte da nossa alegria verdadeira. É sempre o Senhor, que vem até nós e está no nosso meio, a causa, a figura, o motivo e o rosto deste sorriso, desta alegria maior. Qualquer outra alegria, fora de Cristo, não satisfaz plenamente. E por isso, esta é uma alegria que não acaba antes do fim do mês, não passa com as passas da noite do Ano Novo, não se irá emborano final das festas. Ninguém nos pode roubar esta alegria de Cristo, porque ela permanece como uma secreta, mas firme confiança, no meio das piores angústias. Esta alegria permanece, como um feixe de luz, mesmo no meio das lutas, lutos e sofrimentos. Podemos aí encontrar a alegria, que nos vem da certeza de sermos infinitamente amados por Deus. Nada mais. Por isso, vamos com alegria… até porque sem alegria isto não vai!
2. Neste 3.º Domingo do Advento – a oito dias do Natal – somos chamados a descobrir a alegria do Natal, como verdadeira Alegria do Evangelho, isto é, como verdadeira Boa Nova, fonte de alegria e de salvação para todos e para hoje. O Evangelho, todo o Evangelho, desde a noite de Natal até à manhã de Páscoa, tem sempre o calor desta alegria irradiante. Por isso, o anúncio de uma tal alegria só pode ser feito… com alegria. Ou anunciamos Jesus com alegria, ou não O anunciaremos. O cristão descontente, triste, insatisfeito ou, pior ainda, ressentido e rancoroso, não é credível. Falará de Jesus, mas ninguém acreditará n’Ele! Cristãos com cara de pau ou com cara de bacalhau não anunciam Jesus. Anunciemos então esta Boa Nova, como quem partilha uma grande alegria, como quem aponta um horizonte estupendo, como quem oferece um sorriso, uma verdadeira consoada de Natal. Que a Alegria do Evangelho se verta e converta na alegria de O anunciar, na alegria de evangelizar. Por isso, vamos com alegria… até porque sem alegria isto não vai!
3.Irmãos e irmãs: eis porque vos propomos, para esta semana, que elaboreis uma mensagem muito original de Natal, que podemos dizer de viva-voz, escrever, pintar, enviar ou partilhar nas redes sociais. Deixo três notas, para esta mensagem:
1) Que faça referência explícita ao acontecimento do Natal, tão histórico, como real e atual: não celebramos uma lenda, um desejo, uma festa de família. Celebramos o nascimento, segundo a Carne, de Jesus Cristo, o Filho de Deus e nosso Salvador.
2) Que anuncie, com todas as letras, o nome de Jesus, Deus-Menino, a Estrela da Festa. Não celebramos as festas do inverno, nem as melhores tradições da cozinha portuguesa. Celebramos este Deus que Se fez Homem, assumindo o que é nosso (a nossa humanidade) e fazendo-nos participantes do que é seu (a sua vida divina).
3) Que convide à alegria cristã, que brota do encontro com Cristo, e. por isso, não anda a reboque de emoções passageiras, do sucesso imediato, da saúde e do bem-estar.
Que esta mensagem de alegria chegue a todos, todos, todos… com as linguagens de hoje. Anunciemo-la, sob a inspiração criativa do Espírito Santo. Então vamos lá: Vamos com alegria. Vamos todos a Belém…até porque sem alegria isto não vai; sem alegria o Natal não vem!