Liturgia e Homilias na Solenidade da Epifania do Senhor 2020
Destaque

Uma longa procissão de peregrinos vem de longe, rumo à cidade santa de Jerusalém. E dir-se-á de Sião: “Todos ali nasceram” (cf.Sl 86/87,5). É o que diz o salmista, olhando para a colina de Sião, na cidade santa de Jerusalém. E nós, se descermos ali perto, até essa pequena cidade periférica chamada Belém, encontrar-nos-emos com o Presépio e aí poderemos contemplar o mistério de um Deus feito Homem. E também ali poderemos exclamar, cheios de espanto e gratidão, perante a vastidão do mistério do Natal: “Todos aqui nascemos”. Este movimento dos Magos, em direção ao presépio, recorda-nos a procissão para o batistério, em que os filhos e as filhas são levados nos braços. Ali todos nascemos. Ali todos recebemos a dignidade real de filhos de Deus.

Homilia na Solenidade da Epifania 2020

 

1. “Nestas festas, o seu melhor presente é estar presente”. Este foi o feliz mote da campanha levada a cabo pela Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária, no período das festas do Natal de 2019 e do novo ano de 2020. Não ficava nada mal à Igreja aproveitar e divulgar, tornando seu um tão oportuno anúncio de Natal. O Papa Francisco também ajudou à campanha dos presentes, recordando-nos, no dia da Festa da Sagrada Família, que não basta estar à mesa a fazer figura de corpo presente. A pergunta foi direta lá a casa: “Tu, na tua família, sabes comunicar, ou és como aqueles jovens à mesa, cada qual com o telemóvel, enquanto conversam no chat? Naquela mesa parece que há um silêncio como se estivessem na Missa... Mas não comunicam entre si. Temos de retomar o diálogo em família: pais, filhos, avós e irmãos devem comunicar entre si” (Angelus, 29.12.2019).

2. Pois é! “Nestas festas, o seu melhor presente é estar presente”. Agora, que chegaram ao Presépio os Magos e estão já de partida, valia a pena interrogarmo-nos: “Neste Natal, trouxemos algum presente a Jesus, pela sua festa, ou trocámos presentes apenas entre nós”? Interroguemo-nos ainda mais frontalmente: “Neste Natal, oferecemos ao Menino, o dom da nossa presença pessoal, num gesto de pura gratidão? Ou ficámos embrulhados nas prendas ou engarrafados na fila do refeitório, a comer e a beber, como se o Natal se reduzisse a um concurso de gastronomia”?! Não faltaram, por certo, cristãos que gastaram todo o seu tempo nos preparativos e na longa degustação e digestão da consoada ou então passaram o ano distraídos nos festejos do réveillon, que – quem sabe – não sobraram sequer 5 minutos para rezar diante do Presépio ou, melhor ainda, 60 minutos, para participar na Eucaristia?! Quem ofereceu, de presente, ao Menino, a sua presença à volta da manjedoura do altar, onde Cristo Se dá como alimento e faz da mesa da Eucaristia a verdadeira Belém, a Casa do Pão

3. Os Magos vão ter com o Senhor, não para receber, mas para dar.Porque um dom tão grande merece tanta gratidão! Acolher a graça é saber agradecer. Frequentemente, porém, as nossas vidas transcorrem alheias à gratidão. Mas ainda vamos a tempo, queridos irmãos e irmãs, de nos aproximarmos do sacrário, do presépio, da manjedoura, e dizermos “obrigado”. Acolhamos o dom que é Jesus, para depois nos tornarmos dom como Jesus.

4. E porque realmente o melhor presente é estar presente, retomo aqui uma graciosa história evocada pelo Papa Francisco na noite de Natal. Conta ela que…

No nascimento de Jesus, os pastores acorriam à gruta com vários dons. Cada um levava o que tinha, ora os frutos do seu trabalho, ora algo precioso. Mas, enquanto todos ofereciam presentes, com generosidade, havia um pastor muito pobre, que não tinha nada para oferecer. E enquanto todos se regozijavam na apresentação dos seus dons, o pobre pastor mantinha-se à parte, com vergonha. A dada altura, José e Maria, os pais do Menino, sentiram dificuldade para receber todos os dons – eram tantos –, especialmente Maria que devia segurar nos braços o Menino. Então, vendo com as mãos vazias aquele pastor, pediu-lhe que se aproximasse e colocou-lhe Jesus nas mãos. Ao acolhê-l’O, aquele pastor deu-se conta de ter recebido aquilo que não merecia: ter nas mãos o maior dom da História. As suas mãos, que lhe pareciam sempre vazias, tornaram-se o berço de Deus. Sentiu-se amado e, superando a vergonha, começou a mostrar aos outros Jesus, porque não podia guardar para si o dom dos dons”!

5. E eu acrescento ao conto um ponto: aquele pastor ouviu uma voz que lhe sussurrou ao seu pobre coração: “O teu melhor presente é estares presente”. Feliz da vida, o pastor convidou então os Magos, a rezarem com Ele: “Obrigado, Jesus, por nasceres em nós. Obrigado, Jesus, por nasceres por nós. Obrigado, Jesus, por teres nascido para nós”.

 

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