Liturgia e Homilias no XXII Domingo Comum B 2018
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Depois dos banhos de agosto, deixemos que seja a Palavra de Deus a lavar-nos a alma e a limpar-nos do contágio do mundo. Deixemos que seja Deus a purificar o coração, no encontro com o Seu amor. Pois é do coração que procedem todos os vícios que tornam o homem impuro

Homilia no XXII Domingo Comum B 2018

Vós deixais de lado o mandamento de Deus, para vos prenderdes à tradição dos homens(Mc 7,8)!

 

1.Esta palavra de Jesus tem a força de um pronunciamento profético! Com estas palavras Jesus quer alertar-nos também a nós, hoje, para não pensarmos que a observância exterior da lei é suficiente para sermos Seus discípulos, para nos tornarmos bons cristãos. Lembremo-nos daquele homem rico que cumpria todos os mandamentos mas não foi capaz de seguir Jesus (Mc 10,17-22)! Do mesmo modo, como outrora para os fariseus, também para nós existe o perigo de nos considerarmos retos ou, pior ainda, melhores do que os outros, só porque observamos certas regras e costumes, embora não amemos o nosso próximo, sejamos duros de coração, soberbos e orgulhosos. A observância literal dos preceitos é algo estéril se não muda o coração e se não se traduz em atitudes concretas: abrir-se ao encontro com Deus e à Sua Palavra na oração, procurar a justiça e a paz, socorrer os pobres, visitar os órfãos e as viúvas, acudir aos mais frágeis, libertar os oprimidos!

2. Assim, o discípulo missionário de Cristo não é um solitário herói cumpridor dos mandamentos! É alguém que se deixa seduzir, converter e transformar pela Pessoa de Jesus Cristo, pela Sua Palavra, pelo Seu Reino e pelo Seu estilo de vida. Todos nós sabemos quanto mal fazem e quanto escândalo dão aquelas pessoas que, nas nossas paróquias, se dizem muito católicas e vão com frequência à igreja, mas depois, na sua vida quotidiana, descuidam a família, não pagam salários justos, falam mal dos outros, vivem apegadas aos seus próprios caprichos, dizem uma coisa pela frente e outra por trás… e assim por diante. É isto que Jesus condena, porque este é um contratestemunho cristão!“Quem queremos evangelizar com estes comportamentos” (EG 100)?

3.Mas este apego à tradição dos homens, aos hábitos enraizados, aos costumes antigos, é também um inimigo da missão, que tem de ser cada vez mais ousada e criativa (cf. GE 129-139), porque a evangelização deve ser sempre nova: nova no ardor, nos métodos e nas expressões. Quantas vezes nos apegamos religiosamente a costumes, promessas e devoções, andores e procissões como tábua de salvação, pondo de lado o essencial da Boa Nova?! Escutemos, pois, a interpelação do nosso bispo: “As nossas rotinas, o nosso formalismo, as nossas ideias pré-concebidas, o nosso autoritarismo, a recusa de sairmos da nossa zona de conforto, o finca-pé de apenas repetirmos o que sempre se fez, tudo isto não exprimirá um fixismo de uma mentalidade que não aceita que se façam novas todas as coisas” (PDP 2018/2019, n.º 5)?

4.Estamos às portas do início de um novo ano pastoral, sob o lema: Todos discípulos missionários. Não precisamos de mãos lavadas para entrar no serviço de Deus e da Comunidade. Pelo contrário, é preciso sujá-las, no sonho e no compromisso missionário de chegar a todos, abandonando, sem medo, “o cómodo critério pastoral do «fez-se sempre assim»” (EG 33). “Só isto nos permitirá criar comunidades missionárias que não passem a vida a repetir indefinidamente o que sempre se fez, mas a «fazer» evangelicamente o que há que fazer neste nosso tempo” (PDP 2018/2019, n.º 5). Isso implica rever, ou mesmo acabar, com “costumes próprios não diretamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns muito enraizados ao longo da história” (EG 43). “Não tenhamos medo de os rever” (EG 43), transformando tudo para que “os costumes, os horários, os estilos, a linguagem se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual do que à simples preservação” (EG 27) da Igreja.  

Mais uma pergunta: Que queremos nós ser? Fariseus de mãos lavadas ou cristãos prontos a sujar as mãos na renovação da Igreja e na transformação do mundo?

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