Homilia no II Domingo do Tempo Comum C 2019
1. E “ao terceiro dia” (Jo 2,1)veio a alegria! Jesus toca com as Suas mãos as velhas talhas da nossa vida acostumada. E transforma a água em vinho novo, a angústia em esperança renovada, a tristeza da solidão na alegria da comunhão, a dor e o sofrimento em amor e paz. O vinho bom é feito da água destinada aos ritos de purificação, brota do que temos de mais sujo, mas que Jesus toma e transforma, em Suas mãos. E, no coração desta transformação, nas bodas de Caná, está uma presença feminina, materna, discreta, atenta: a de Maria, a Mãe de Jesus: “A mãe de Jesus estava lá” (Jo 2,1)! Ela é Mãe e causa da alegria. Ela é a Mulher, a figura maior do novo povo de Deus. Ela é o que tem de melhor o povo do Senhor! Ela é “a amiga sempre solícita, para que não falte o vinho [da alegria] na nossa vida” (EG 286).
2. E que diz Maria aos serventes? “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Com estas palavras, Maria não está a sacudir a água do capote. Pelo contrário, Maria, colocada entre o Filho de Deus e os filhos dos homens, mostra-Se inteiramente disponível para obedecer, está pronta para amar e servir. Nesta recomendação aos serventes “Fazei tudo o que Ele vos disser”, Maria envolve-nos no seu próprio sim, quando Ela mesma dissera ao Senhor: “Faça-se em Mim, segundo a tua Palavra”(Lc 1, 38).
3. Estarmos disponíveis para fazer – e fazer significa servir – é a condição que torna possível ao Senhor transformar a nossa vida, revolucionar o mundo inteiro, a partir do nosso pequeno mundo, da nossa vida, da nossa casa, da nossa família. É a revolução do serviço! E por onde começa esta revolução do serviço, que tudo enforma, reforma e transforma? Começa sempre pelo “faça-se”. Foi assim no princípio da Criação, quando Deus disse: “Faça-se a luz e a luz fez-se” (Gn 1,3). Foi assim quando Maria disse “Faça-se” (Lc 1,38),“e o Verbo fez-Se Carne” (Jo 1,13)! Foi assim com Jesus, ao entrar neste mundo (Heb 10,7; Sl 40,7-9)e ao partir para o Pai: “Eu venho, ó Deus, para fazer a Tua vontade” (Lc 22,42). É e será sempre assim, quando vivermos o que rezamos no Pai-Nosso: “Seja feita a Vossa vontade” (Mt 6,10). Este faça-se, de prontidão, é a palavra de ordem, que desencadeia no mundo a necessária revolução do serviço!
4. Nestes dias, de 22 a 27 de janeiro, permaneçamos especialmente unidos ao Papa Francisco e aos jovens de todo o mundo, reunidos na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá. O coração de Maria está bem no centro deste acontecimento mundial. Aprendamos do seu faça-se a pôr em prática um amor solícito, concreto, cheio de audácia e projetado para o dom de nós mesmos. Uma Igreja inspirada por estas qualidades marianas será sempre uma Igreja em saída, que ultrapassa os seus limites e confins, para fazer transbordar em abundância a graça recebida! Se nos deixarmos contagiar pelo exemplo de Maria, viveremos concretamente aquela caridade, que nos impele a amar Deus acima de tudo e antes de nós mesmos, a amar as pessoas com quem partilhamos a vida diária, a começar pelas pessoas da nossa casa! É um amor que se torna serviço e dedicação, sobretudo pelos mais fracos e mais pobres, e que transforma os nossos rostos e nos enche de alegria. Um amor que diz sempre ao outro: “Que queres, que precisas que eu faça por ti”?
5. Queridos irmãos e irmãs, especialmente vós, os mais novos, vós, queridos jovens, tende a coragem de perguntar a Deus: Senhor, que quereis que eu faça? Deixai que o Senhor vos fale ao coração e fazei tudo o que Ele vos disser, como nos pedia hoje Maria. E vereis a vossa vida transformar-se e encher-se de alegria, como naquele terceiro dia, nas bodas de Caná, a anunciar já a hora gloriosa da manhã de Páscoa!
