Liturgia e Homilias na Festa da Sagrada Família 2018
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Neste domingo, dentro da Oitava do Natal, o menino Jesus dá mais que um salto de pardal! O Evangelho traz-nos a única notícia, na idade dos 12 anos, no alvor da juventude de Jesus (Lc 2,41-52). Vemo-l’O a marcar “pontos” no diálogo com os doutores da lei e pronto a entrar na idade de ser jovem, que “não é um tempo suspenso, mas é sobretudo a idade das escolhas”. 

HOMILIA NA FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA 2018 | FÓRMULA MAIS BREVE

 

1. Natal não é apenas a festa de um nascimento. Celebra também as crises do crescimento, no seio de uma família, com as suas inevitáveis incompreensões, fadigas e conflitos, desencontros e diferenças de visão. E a humaníssima Sagrada Família de Nazaré não é exceção. Ouvimos bem o que Jesus fizera: em vez de voltar para casa com os Seus pais, ficou em Jerusalém, no Templo, a conversar com os doutores da lei, causando uma grande aflição a Maria e a José, que não O encontravam. Por esta «escapadela», imagino que Jesus teve que pedir desculpa a Seus pais. Certo é que, no regresso a casa, Jesus uniu-Se estreitamente a eles e «era-lhes submisso» (Lc 2,51), num verdadeiro amor filial.

2. Todavia, este Jesus, obediente aos pais, começa a distanciar-Se deles para Se ocupar das coisas do Pai. Jesus demarca-Se, pouco a pouco, das expectativas naturais da Sua família humana, quando responde a Seus pais: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai”? Nesta cena da procura e do encontro, começa já a desenhar-se o projeto de vida de Jesus, a Sua vocação filial, a Sua missão redentora no mundo, que caberá aos pais acolher, acompanhar, discernir e jamais condicionar, dirigir ou decidir pelo Filho. Maria e José aprendem a aprender do Filho, a escutá-l’O sem compreender tudo, a acompanhá-l’O, deixando-O crescer e seguir o Seu próprio caminho, em plena liberdade e autonomia, mas nunca na solidão ou abandono!

3. De Maria e José, aprenderão os pais de hoje a estar perto dos filhos no seu crescimento. Os mais jovens, no seu caminho de amadurecimento, mesmo se contestam os pais, precisam deles, precisam de educadores coerentes, de referências para as suas vidas, precisam da autoridade do seu testemunho. E a autoridade dos pais significa, literalmente, a capacidade para fazerem os filhos crescer (cf. Sínodo 2018, Documento final, n.º 71). Para os pais, “estar presentes não significa serem controladores, porque desse modo anulam os filhos e não os deixam crescer” (Papa Francisco, Audiência Geral, 4.2.2015). Na verdade, a grande questão nem é tanto onde está fisicamente o filho, mas onde se encontra em sentido existencial, onde está posicionado do ponto de vista das suas convicções, dos seus objetivos, dos seus desejos, do seu projeto de vida (cf. AL 261). Pergunto aos pais: «Procurais compreender “onde” estão verdadeiramente os vossos filhos no seu caminho? Sabeis onde estão realmente a sua alma, o seu coração?» (cf. AL 261). Preocupais-vos apenas com o seu êxito escolar e o seu prestígio social e profissional? Ou educais os vossos filhos para viver a vida como dom e vocação, como risco e missão?

4. Irmãos e irmãs, permitam-me deixar-vos hoje dois desafios:

4.1. Queridos pais e demais educadores: temos um enorme défice de escuta em relação aos jovens. Aprendamos a ouvi-los, sem a pressa em cortar ou encurtar as suas perguntas, sem a obsessão por encontrar rapidamente as respostas. Talvez seja só necessário conversar mais e melhor. Aprendamos a conjugar estes verbos, na relação com os jovens: escutar e acompanhar, para caminhar juntamente com eles, a fim de que eles mesmos encontrem e decidam o seu próprio caminho.

 

4.2. Queridos jovens e avós: abandonemos este preconceito mútuo, esta estranheza recíproca, que leva os mais velhos a dar como perdidos os mais novos e os mais novos a rotular os mais velhos como um produto fora do prazo de validade. Saibamos ouvir-nos reciprocamente. Façamos uma aliança de gerações, de modo a projetar os jovens para a frente, sem cortar as suas raízes. Com os jovens podemos ir mais depressa. Mas com os idosos iremos mais longe.

Jovens: “Vós sois o presente. Sede o futuro mais brilhante” (Carta dos Padres Sinodais aos jovens, 28.10.2018)!

 

HOMILIA NA FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA 2018

FÓRMULA MAIS LONGA | DIOCESE DO PORTO

 

1. Natal não é apenas a festa de um nascimento. Celebra também as crises do crescimento, no seio de uma família, com as suas inevitáveis incompreensões, fadigas e conflitos, desencontros e diferenças de visão. E a humaníssima Sagrada Família de Nazaré não é exceção. Ouvimos bem o que Jesus fizera: em vez de voltar para casa com os Seus pais, ficou em Jerusalém, no Templo, a conversar com os doutores da lei, causando uma grande aflição a Maria e a José, que não O encontravam. Por esta «escapadela», imagino que Jesus teve que pedir desculpa a Seus pais. Certo é que, no regresso a casa, Jesus uniu-Se estreitamente a eles e «era-lhes submisso» (Lc 2,51), num verdadeiro amor filial.

2. Todavia, este Jesus, obediente aos pais, começa a distanciar-Se deles para Se ocupar das coisas do Pai. Jesus demarca-Se, pouco a pouco, das expectativas naturais da Sua família humana, quando responde a Seus pais: “Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai” (Lc 2,49)? Nesta cena da procura e do encontro, começa já a desenhar-se o projeto de vida de Jesus, a Sua vocação filial, a Sua missão redentora no mundo, que caberá aos pais acolher, acompanhar, discernir e jamais condicionar, dirigir ou decidir pelo Filho. Maria e José aprendem a aprender do Filho, a escutá-l’O sem compreender tudo, a acompanhá-l’O, deixando-O crescer e seguir o Seu próprio caminho, em plena liberdade e autonomia, mas nunca na solidão ou abandono!

3. De Maria e José, aprenderão os pais de hoje a estar perto dos filhos no seu crescimento. Os mais jovens, no seu caminho de amadurecimento, mesmo se contestam os pais, precisam deles, precisam de educadores coerentes, de referências para as suas vidas, precisam da autoridade do seu testemunho. E a autoridade dos pais significa, literalmente, a capacidade para fazerem os filhos crescer (cf. Sínodo 2018, Documento final, n.º 71). Para os pais, “estar presentes não significa serem controladores, porque desse modo anulam os filhos e não os deixam crescer” (Papa Francisco, Audiência Geral, 4.2.2015). Na verdade, a grande questão nem é tanto onde está fisicamente o filho, mas onde se encontra em sentido existencial, onde está posicionado do ponto de vista das suas convicções, dos seus objetivos, dos seus desejos, do seu projeto de vida (cf. AL 261). Pergunto aos pais: «Procurais compreender “onde” estão verdadeiramente os vossos filhos no seu caminho? Sabeis onde estão realmente a sua alma, o seu coração? Quereis mesmo sabê-lo?» (cf. AL 261). Preocupais-vos apenas com o seu êxito escolar e o seu prestígio social e profissional? Ou educais os vossos filhos, para viver a vida como dom e vocação, como risco e missão? A estrada da felicidade, para os jovens, não se encontra tanto na resposta à pergunta “Quem sou eu?”, mas sobretudo na descoberta do sentido da vida, isto é, na resposta à pergunta “Para quem sou eu?” (cf. Sínodo 2018, Documento final, n.º 69).

4. Irmãos e irmãs: realizou-se em Roma, em outubro passado, o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Entre os dias 22 e 27 de janeiro próximo, realizar-se-á, no Panamá, a Jornada Mundial da Juventude, acompanhada, na nossa Diocese, no Pavilhão Multiusos, em Gondomar, pela iniciativa “Panamá in Douro”, nos dias 26 e 27 de janeiro.

5. Neste contexto, permitam-me desafiar-vos em três direções:

5.1.Queridos pais e demais educadores: temos um enorme défice de escuta em relação aos jovens. Aprendamos a ouvi-los, sem a pressa em cortar ou encurtar as suas perguntas, sem a obsessão por encontrar rapidamente as respostas. Talvez seja só necessário conversar mais e melhor. Aprendamos a conjugar estes verbos, na relação com os jovens: escutar e acompanhar, para caminhar juntamente com eles, a fim de que eles mesmos encontrem e decidam o seu próprio caminho.

5.2. Queridos jovens e avós: abandonemos este preconceito mútuo, esta estranheza recíproca, que leva os mais velhos a dar como perdidos os mais novos e os mais novos a rotular os mais velhos como um produto fora do prazo de validade. Saibamos ouvir-nos reciprocamente. Façamos uma aliança de gerações, de modo a projetar os jovens para a frente, sem cortar as suas raízes. Com os jovens podemos ir mais depressa! Mas com os idosos iremos mais longe.

5.3. Querida comunidade paroquial, queridos irmãos e irmãs: vamos todos motivar os nossos jovens, de dentro e de fora da Igreja, a participar na iniciativa diocesana “Panamá in Douro”? Caríssimos pais: quereis motivar os vossos filhos para se inscreverem, até ao dia 6 de janeiro? Queridos avós: quereis aliciar os vossos netos e patrocinar os custos desta iniciativa, dedicada aos jovens entre os 15 e 35 anos? Caros jovens: aceitais levar este convite aos vossos amigos e grupos de pares da vossa escola, da catequese, do escutismo, do desporto?

Jovens: “Vós sois o presente. Sede o futuro mais brilhante” (Carta dos Padres Sinodais aos jovens, 28.10.2018)!

 

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