Homilia no IV Domingo do Advento C 2018
1. Presépio, lugar de encontro para todos. Com este lema, percorremos a primeira etapa desta caminhada, que tão depressa nos trouxe do Advento às portas do Natal. Se o Presépio é lugar de encontro para todos, torna-se ainda mais urgente torná-lo presente a quem está mais longe e precisa de ajuda. Por isso, Maria não podia ficar em casa, a olhar para o seu próprio umbigo, ou a esfregar a barriga de contente. Depois de ter recebido a graça de ser a Mãe do Verbo encarnado, Maria não guardou para Si aquele presente; sentiu-Se responsável e partiu, saiu da sua casa e foi, apressadamente, visitar a sua parente Isabel que precisava de ajuda; cumpriu um gesto de amor, de caridade e de serviço concreto, levando a presença de Jesus que trazia no seu ventre. E apressou-Se a fazer este gesto!
2. O gesto de Maria evidencia, na prática, o que é isto de ser discípulo missionário, também em tempo de Natal. Aquela que recebeu o dom mais precioso de Deus, como primeiro gesto de resposta, põe-Se a caminho para servir e levar Jesus. Não é outra a nossa missão, nestes dias de grande correria: ter a ousadia de transmitir a alegria de Cristo aos nossos familiares, aos nossos companheiros, aos nossos amigos, a todas as pessoas. Façamo-lo, sem delongas, mas com palavras visíveis, com gestos simples, concretos e generosos de serviço, de atenção e de proximidade! Maria desafia-nos sempre a sair, para que cada homem e cada mulher possam encontrar o Senhor!
3. Em vésperas de Natal, aprendamos destas mulheres grávidas o segredo do encontro, em que Cristo está sempre no centro; um encontro que não esbarra numa multidão de palavras, que não se perde num discurso infindável. É um encontro em que se comunica o mistério da vida, em que se partilha, num simples abraço, o segredo da alegria: a presença escondida do Senhor.
4. Não raro vivemos sós, no meio de multidões, sem termos tempo para ouvir nem gente para nos escutar e compreender. Não raro falamos de coisas fúteis e o nosso encontro degenera em maior vazio. É preciso aprender a partilhar a vida interior. Façamos das nossas visitas e encontros de Natal momentos de partilha das coisas da nossa vida. Partilha da interioridade, das angústias e surpresas que tecem a nossa existência, das nossas histórias de vida, das nossas histórias de Natal. Que a curiosidade e a saudade não degenerem em conversa fiada à mesa. Não nos falte espaço para acolher, nem silêncio para segredar.
5.Queridos irmãos e irmãs: somos chamados, neste tempo, a anunciar a Boa Nova do Natal e a promover, com alegria, esta cultura do encontro. Fixemos os olhos em Maria, que nos move a sair da nossa zona de conforto ao encontro de tantos irmãos e irmãs, que estão na periferia, que têm sede de Deus e não têm quem lh’O anuncie, que precisam dos nossos gestos de amor, para aprender de cor as cores do Natal.
Que a Virgem Maria, Nossa Senhora da Prontidão, seja nosso modelo na construção do Presépio, como lugar de encontro para todos!