Liturgia e Homilias na Solenidade da Imaculada Conceição 2018
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 Presépio, um lugar para todos! Lá em casa, aqui na Igreja e lá fora nas ruas. Esta rota dos Presépios, que nos leva do Advento ao Natal, não pode limitar-se a uma construção material. Por isso, o primeiro desafio que vos deixei há oito dias foi não apenas o de construir, como também e sobretudo o de habitar o Presépio. Ainda nos inícios do Advento, e a concluir a primeira semana, olhemos hoje para Maria, que Deus escolheu para digna morada do Seu Filho e aprendamos d’Ela o que significa habitar o Presépio: recolher para acolher Deus que vem até nós. 

Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição 2018

 

Construir e habitar o Presépiofoi a primeira sugestão, para tornar mais leve o Natal e fazer do Presépio um lugar de encontro para todos. Uma vez construído o Presépio, lá em casa, aqui na Igreja, ou lá fora nas ruas, agora é preciso habitá-lo. Que significa e implica isto de habitar o Presépio? Digamo-lo em dois modos, tão femininos como marianos: saber recolher-se para poder acolher a presença do Senhor, que vem ao encontro de todos!

 

1.ºComo Maria, façamos do nosso coração uma casa que recolhe.

 

Diz São Lucas que “o Anjo entrou em casa de Maria” (Lc 1,28)! Deus não encontrou Maria, como outrora encontrara Eva, fora de casa, fugindo de si mesma, ocultando-se, por medo. Maria, pelo contrário, está na sua própria casa. Quando Deus entra, em toda a Sua luz, Maria não está cercada pelas coisas, nem fora de casa, dispersa, estranha, distante do seu próprio lugar, mas recolhida, habitada por Deus. Está na sua própria casa, o lugar onde se faz a unidade entre o que está dentro e o que está fora. Esta é a primeira imagem que temos de Maria: a Virgem recolhida na sua própria casa.

 

Quantas vezes Deus vem até nós e não nos damos conta, porque estamos imersos e dispersos nos nossos pensamentos, nos nossos afazeres ou obcecados nos preparativos do Natal. Então, para nós, habitar o Presépio, à semelhança de Maria, é escavar a gruta no próprio coração, é criar espaço livre e limpo, para deixar Deus entrar e fazer de nós a digna morada do Seu Filho. Habitar o Presépio significa, então, recolher-se à porta do Presépio, em silêncio, à espera que Deus nos toque e deste modo O possamos ouvir e abrir-Lhe o coração. É preciso saber recolher-se diante do Presépio, para poder acolher quem já lá está e os pobres que lá vão. Aqui na Paróquia, valorizemos mais os tempos de adoração, de celebração, de oração. Lá em casa, procuremos fazer do Presépio um lugar de recolhimento!

2Como Maria, façamos do nosso coração uma casa que acolhe.

 

Desde a soleira da sua porta, Maria abre-Se como figura, por excelência, do acolhimento de quem chega, do acolhimento da própria vida com as suas surpresas, do acolhimento do mistério de Deus que A habita. Maria é a cheia de graça, porque é inteiramente habitada por Deus; n’Ela não há lugar para o pecado, para nenhuma sombra de pecado. Respondendo ao Anjo, Maria disse: “Hinneni”, “Aqui estou(Lc 1,38), para o que Deus der, quiser e vier. Maria não tem a sua casa cheia de coisas. Ela só é a cheia de graça. Por isso, Maria é uma casa virgem, pronta a ser habitada, por quem procura nela um abrigo e um refúgio.

 

Habitar o Presépioà semelhança de Maria, significa, para nós, acolher a vontade de Deus, acolher as surpresas da vida, acolher quem chega de imprevisto e precisa de mais atenção, acolher aqueles que vêm para nos tirar o lugar. Em perspetiva de missão, “trata-se de ser presença na escuta de gente só, de gente ferida no coração e no corpo, de ser companhia ao longo das ruas cheias da cidade, de partilhar o caminho, de comunicar a alegria do Evangelho em conversa amiga. Trata-se de ser lugares-soleira. Estar disponíveis para o inesperado, ser pessoas-soleira, nas salas de espera, nas saídas da escola, nos centros comerciais, fora dos espaços paroquiais” (Dom Carlos Azevedo). Lá em casa, pode ser algo de mais simples: que as respostas que damos uns aos outros não sejam “Vai tu”, “Faz tu”, “Não vou” ou “Não fui eu”, mas seja simplesmente esta que ouvimos e aprendemos de Maria: “Aqui estou”.

 

E então, sim, faremos do nosso coração, da nossa casa, da nossa família, da nossa Paróquia um Presépio, um lugar de encontro para todos!

 

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