Homilia no XXVII Domingo Comum B 2018
“Todos discípulos missionários”! E não é que a missão começa em casa?! Começa na família. “Os filhos que crescem em famílias missionárias, frequentemente tornam-se missionários” (AL 289). Exemplifiquemos hoje como é que as nossas famílias se podem tornar missionárias. E como é que se pode tornar missionária a infância?
I. Eu diria, em jeito de Decálogo, que uma família se torna missionária… (nota: pode apenas referir-se uma meia dúzia):
- Pela irradiação, junto dos amigos, da alegria do amor na própria vida familiar. O amor dos pais e dos casais é, para os filhos, a primeira experiência do amor de Deus. Pais felizes tornam os seus filhos felizes e aprendizes do amor.
- Pela experiência da oração em família, que abre o coração a Deus e as mãos aos irmãos. “A família que reza unida permanece unida” (AL 227).
- Pela experiência da celebração da fé em comunidade, que faz a família sair de si mesma e unir-se à grande família dos filhos de Deus, da qual se faz parte pelo Batismo. Depois, a Eucaristia dominical “é força e estímulo para viver cada dia a aliança matrimonial, como igreja doméstica” (AL 318). Não é bom que o homem esteja só, não é bom que o casal esteja só, não é bom que a família esteja só. As famílias precisam da Igreja e a Igreja precisa das famílias.
- Pelo anúncio explícito da Boa Nova, adaptada a cada pessoa: “a família é o lugar onde os pais se tornam os primeiros mestres da fé para seus filhos” (AL 16). A sala de jantar, o cantinho para rezar são as primeiras salas de catequese!
- Pelo acompanhamento atento dos filhos, na catequese ou noutros grupos eclesiais. Os pais, primeiros e insubstituíveis educadores da fé, não podem delegar a sua missão. Podem apenas contar com a ajuda de outros para cumprir a missão que, em primeiro lugar, lhes diz respeito.
- Pelo discernimento atento da vocação dos filhos, dos seus sonhos e ideais. Na família, todos devem entreajudar-se para que cada um “assuma a totalidade da vida como missão”(GE 23). “Também a decisão de se casar e formar uma família deve ser fruto de um discernimento vocacional” (AL 72).
- Pelo apoio dos casais cristãos a outros casais, na disponibilidade para os acolher, preparar, formar e acompanhar, ao longo da vida.
- Pela aproximação discreta, atenta, generosa e solidária a outras famílias, às vezes da própria família, provadas pela miséria, pela solidão, pela divisão.
- Pelo exercício da misericórdia, do perdão e da reconciliação no seio da própria família. A experiência do dom e do perdão a todos renova no amor!
- Pelo testemunho da misericórdia com os casais, cujo matrimónio fracassou, fazendo-lhes sentir que Deus nunca se divorcia ou distancia de quem quer seja.
II. Mas as crianças, Senhor? Elas recordam-nos que somos e permaneceremos sempre discípulos, humildes aprendizes do amor, no seguimento de Jesus. Em muitos casos, “hoje têm de ser os filhos a levar os pais ao (re)encontro com Deus, convencendo-os a participar em tudo o que faz parte da catequese que pedem para os filhos” (CEP, Catequese: a alegria do encontro com Jesus Cristo, 35). Pais que caminham na fé, levados pela mão dos filhos, também crescem com eles na fé e na missão.
III. Repito, por isso, o apelo missionário do nosso Bispo, com esta máxima: “«Amigo traz amigo» ou «todos à procura de mais um». Assim, por exemplo, um aluno de Educação Moral e Religiosa Católica deveria colocar como objetivo que um colega, não inscrito, passasse a inscrever-se; uma criança ou adolescente que anda na catequese, fizesse o mesmo com um amigo que não frequenta; que um jovem da paróquia «conquistasse» um companheiro mais «afastado»; que uma família «adotasse» outra família, particularmente entre alguma que saiba estar em dificuldades de relacionamento ou que já se fraturou” (PDP 2018/2019, n.º 8).
É desta que vai? Vamos lá. “Todos, tudo e sempre em missão” (CEP, Nota para o ano missionário)! Mas, por favor, comecem a missão lá por casa!