Liturgia e Homilias na Solenidade do Pentecostes B 2018
Destaque

E a Páscoa chega à sua plenitude, com a festa do Pentecostes. Cinquenta dias depois da Páscoa, e a concluir a nossa caminhada diocesana, sempre “movidos pelo Amor que Se entrega na Cruz”, celebramos o dom do Espírito Santo, esse Dom por excelência, o dom do amor divino, que “não acaba nunca” (1 Cor 13,8).É este amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos impele no caminho do amor, que ultrapassa tudo. Recebemos este Espírito, pelo Batismo. Vamos recordar e refrescar a graça desse dom, através da aspersão da água batismal, enquanto entoamos um Hino de glória.

Homilia na Solenidade de Pentecostes B 2018

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor!

 

1. Desde as Cinzas à Páscoa, fomos desafiados “a não deixar esfriar o amor” (Mt 24,12). Durante 40 dias, descemos pela escada da Cruz, aprendendo a viver e a crescer no amor! Num segundo tempo, da Páscoa ao Pentecostes, vivemos estes 50 dias de alegria pascal, subindo, degrau a degrau, a única escada que nos leva ao Céu, atraídos e “movidos pelo Amor que Se entrega na Cruz”!

 

2. E que pudemos, podemos ou poderemos descobrir nos passos duros desta caminhada, com as suas alegrias e dificuldades, avanços e recuos, saltos e sobressaltos? Descobrimos que não é possível percorrer este caminho do amor, se contarmos apenas com as nossas forças e esforços, se confiarmos apenas na grandeza da nossa vontade e nos méritos das nossas capacidades. O caminho do amor, este caminho que ultrapassa tudo (1 Cor 12,31), ultrapassa também as nossas habilidades e possibilidades e nunca está acabado! E por isso, é a consciência da nossa própria fraqueza, e não o orgulho dos nossos êxitos, que abre no coração uma brecha para a ação do Espírito Santo!

 

3. Eis a razão por que invocamos hoje o dom do Espírito Santo, nós que procuramos fazer do Hino ao Amor (1 Cor 13, 4-7)o nosso programa de vida familiar e comunitária. O Espírito Santo é o próprio Amor divino, que brota da relação entre o Pai e o Filho, e daí transborda e é derramado em nossos corações, como o Dom supremo. Invocamos o Espírito Santo, neste caminho de perfeição, porque não nos é possível escalar este caminho do amor, sem a graça e o favor, o sopro e o alento do Espírito Santo! O próprio Papa Francisco nos adverte que tal escalada do amor não é possível sem o Espírito Santo, “se não se clama todos os dias pedindo a Sua graça, se não se procura a Sua força sobrenatural, se não Lhe fazemos presente o desejo de que derrame o Seu fogo sobre o nosso amor para o fortalecer, orientar e transformar em cada nova situação” (AL 164). Por isso, na conclusão desta caminhada, invocamos, invoquemos e invocaremos sempre o dom do Espírito Santo, que corre dentro dos nossos corações, como um rio de água viva, para tornar puro o nosso desejo de amar. Este Espírito Santo arde, dentro do nosso peito, como um fogo sem se ver, e só Ele é capaz de transformar os nossos pensamentos, sentimentos e desejos em caridade verdadeira.

 

4. Vede, irmãos e irmãs, como na própria celebração do Matrimónio, invocamos o dom do Espírito Santo, rezando assim: «Enviai, Senhor, sobre eles (os noivos) a graça do Espírito Santo, para que, pelo vosso amor, derramado em seus corações, permaneçam fiéis na aliança conjugal» (Ritual do Matrimónio, n.º 74). É Ele, o Espírit0 Santo, “o selo da aliança de ambos, a fonte sempre aberta do amor conjugal, a força em que se renovará a sua fidelidade” (cf. CIC 1624). Diríamos que “o Espírito, que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou. O amor conjugal atinge assim aquela plenitude, para a qual está interiormente ordenado: a caridade conjugal” (AL 120).

 

5.O Espírito Santo, que é o amor no seio da família divina (cf. AL 11), é também a fonte inesgotável do amor na família humana e na família dos cristãos: “um amor que nunca acaba” (1 Cor 13,8)! Sim, nunca acaba, da parte de Deus, pois “a caridade, devido à sua natureza, não tem um limite para o aumento, porque é uma participação da caridade infinita que é o Espírito Santo. E, nunca acaba, em cada pessoa, porque não é possível pôr-lhe um termo; ao crescer na caridade, eleva-se também em cada pessoa a capacidade para um aumento maior» (AL 134). E não tenhamos ilusões, na vida familiar, “este amor é um amor inacabado, chamado a crescer, sempre em caminho” (AL 218).

 

Por isso, retomando e percorrendo todos os atributos do amor, colocados nos 14 degraus da escada da Cruz, concluímos esta reflexão e esta caminhada, com esta oração de invocação ao Espírito Santo.

 

Oração do Fiéis (1.ª hipótese)

 

Notas

 

  1. Esta oração, proferida na conclusão da homilia, pode substituir as preces previstas para a Oração dos Fiéis. Neste caso, segue-se à oração a Profissão de fé (Credo).
  2. Esta oração pode ser introduzida e concluída pelo Presidente (P.), deixando as 13 invocações, sinalizadas com a língua de fogo, para um, dois ou vários leitores.
  3. Pode acender-se uma vela, à medida que se invoca o amor, nos seus diversos atributos.
  4. Pode também introduzir-se um refrão de invocação entre as preces.

 

P. Espírito Santo,

alma do amor que nos move e comove,

derramai em nossos corações,

para o maior bem das nossas famílias:

 

  1. o amor paciente, que não cede à agressividade do instinto, mas aceita o outro tal como é,
  2. o amor que não procura o próprio interesse, mas deseja mais amar do que ser amado,
  3. o amor que não se deixa corroer pela inveja, mas cultiva a gratidão e o reconhecimento,
  4. o amor amável, que não é inconveniente nos modos, mas gentil e afável no trato,
  5. o amor que não é arrogante nem orgulhoso, mas humilde, serviçal e discreto na ação,
  6. o amor que não cede à lógica fria da vingança, mas tudo suporta, movido pela compaixão,
  7. o amor que tudo crê e confia, sem pedir provas, mas sempre pronto a dar sinais concretos,
  8. o amor que tudo desculpa, compreende e corrige, mas sem expor os limites e fraquezas do outro,
  9. o amor que não se irrita nem guarda ressentimento, mas decide vencer o mal com o bem,
  10. o amor prestável, que não se reduz a um sentimento, mas mostra a bondade em tudo o que faz,
  11. o amor que não se alegra com a desgraça alheia, mas rejubila com a verdade e o sucesso do outro,
  12. o amor que tudo espera, mas sem exigir do outro a perfeição plena, que só no Céu alcançará,
  13. o amor que não acaba nunca, um amor chamado a crescer e sempre em caminho.

 

P. Espírito Santo, dai-nos um coração novo, para que, movidos pelo Amor que Se entrega na Cruz,

o nosso olhar se volte para o futuro, onde o Amor de Deus nos espera e alcança,

para chegarmos à plenitude da perfeição.

Ámen.

Top

A Paróquia Senhora da Hora utiliza cookies para lhe garantir a melhor experiência enquanto utilizador. Ao continuar a navegar no site, concorda com a utilização destes cookies. Para saber mais sobre os cookies que usamos e como apagá-los, veja a nossa Política de Privacidade Política de Cookies.

  Eu aceito o uso de cookies deste website.
EU Cookie Directive plugin by www.channeldigital.co.uk