Liturgia e Homilia de Todos os Santos 2016
Destaque

E este é o primeiro dia de novembro e o último mês, para a celebração do Ano Jubilar da Misericórdia! Nesta solenidade, o nosso olhar projeta-se nos santos, que “fizeram da misericórdia sua missão vital” (MV24). Alcançados pela misericórdia divina, tornaram-se, no mundo, os rostos da misericórdia do Pai, junto dos que mais carecem do amor concreto. 

Homilia na Solenidade de Todos os Santos 2016 – Ano da misericórdia

“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!”

1. Esta é a bem-aventurança, que está no coração do Ano da Misericórdia, que se concluirá já no próximo dia 20. E a nossa oração, nesta solenidade, “estende-se a tantos santos e beatos que fizeram da misericórdia a sua missão vital” (MV 24). [Podíamos recordar, de relance, alguns rostos desta santidade misericordiosa: São Lourenço, diácono (+ 258), São Martinho de Tours (316-397), Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), o Santo Cura d’Ars (1786-1859), São João de Deus (1495-1550), São Camilo de Lellis (1550-1614), São João Bosco (1815-1888), São Martinho de Porres (1579-1639) São Pedro Claver (1580-1654), São Vicente de Paulo (1581-1660), o Beato Frederico Ozanam (1813-1853), Santa Isabel de Portugal (1282-1325), Santa Faustina kowalska (1905-1938)e Santa Madre Teresa de Calcutá (1910-1997). E estão ainda na nossa imagem os beatos Francisco e Jacinta e a irmã Lúcia, a recordar-nos, em Fátima, que a misericórdia triunfa do juízo. E, se quisermos olhar ainda mais perto, no espaço da nossa Diocese do Porto, encontramos algumas referências de santidade, tais como o bispo Dom António Barroso (1854-1918), o Padre Américo (1887-1956)e a venerável Sílvia Cardoso (1882-1950)].

 

2. De todos, sem exceção, se poderá dizer que são felizes, porque “alcançarão misericórdia”, porque contemplam já, face a face, o Rosto da misericórdia do Pai, que é Jesus Cristo! Mas também é verdade, que de todos eles, sem exceção, se pode dizer que são felizes, porque “alcançaram misericórdia”. Se todos eles se tornaram misericordiosos em favor do próximo, é porque primeiro se deixaram envolver e transformar pela infinita misericórdia de Deus! Eles entraram no coração de Jesus! Mergulharam no rio da misericórdia divina. Os santos fizeram, nas suas vidas, e em primeiro lugar, a experiência de serem “misericordiados”, de serem olhados, perdoados, redimidos e transformados, pela misericórdia de Deus! Por isso, antes de ser uma virtude ou uma atitude, a misericórdia é um dom acolhido e agradecido, para ser retribuído com amor. Neste sentido, os santos não são os “prémios nobel” do voluntariado social, ou os campeões do bem-fazer, ou simplesmente homens e mulheres de boa vontade, galardoados pelos seus méritos, de serviço à Igreja, ou à Pátria. Não. Os santos tornaram-se misericordiosos, porque eles próprios viveram e morreram imersos na divina misericórdia! Os santos, todos os santos, tiveram, por isso mesmo, uma aguda consciência do seu pecado, da sua pequenez, da sua fragilidade. Mas, ao mesmo tempo, não perderam o sentido da sua dignidade de filhos de Deus, amados e esperados por Ele, em tudo e apesar de tudo! Na verdade, «não há santo sem passado, nem pecador sem futuro»” (Papa Francisco, Audiência 13.04.2016).

 

3. E nós, como poderemos alcançar a bem-aventurança prometida pelo Senhor aos misericordiosos? O caminho é o mesmo: primeiro, deixar-se alcançar pelo olhar misericordioso do Senhor: acolher e receber sem reservas o Seu perdão. Segundo, deixar que a misericórdia do Senhor nos mova a alma e nos transforme o coração, de modo a olharmos os outros como Deus olha e a sentirmos como nossa a dor e a necessidade do irmão. Somente a partir daqui é possível o terceiro passo: ver com o coração, amar com entranhas de compaixão, dar as mãos, na prática das obras de misericórdia! E, olhai, uma por dia seria bastante! Sim. Uma por dia, apenas! Façamo-lo, não como quem pratica uma boa ação diária e se candidata a uma condecoração ou espera ser honrado, no pedestal do altar! Mas sim, como quem se aproxima do irmão ferido, magoado ou necessitado, movido pela mesma compaixão do Senhor, pelos pobres e explorados, pelos humildes e humilhados, pelos que sofrem e choram, pelos que têm fome e sede, pelos feridos e perseguidos! “Através destes simples gestos diários podemos realizar uma verdadeira revolução cultural, como aconteceu no passado” (Papa Francisco, Audiência, 12.10.2016). O mundo e a Igreja não precisam de heróis nem de vedetas! Precisam de santos! Precisam de nós. Precisam de ti, que és chamado a ser santo, a oferecer aos outros o rosto da misericórdia do Pai! 

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