Homilia no XXX Domingo Comum C 2016 – Dia Mundial das Missões
1. À entrada do Templo, não se distinguem o fariseu e o publicano, o devoto cumpridor da lei e o cobrador de impostos. Ambos subiram ao Templo, para rezar! Ambos acorrem ao Templo, como quem procura uma fonte, para o encontro com o Senhor! Mas, lá dentro, a posição altiva do fariseu, que reza de pé, e a distância do publicano, que nem sequer se atreve a olhar para o Céu, fazem toda a diferença! O fariseu reza a Deus, mas na verdade olha para si mesmo. Ora por si mesmo! Em vez de ter diante dos olhos o Senhor, tem um espelho, onde parece dizer “Espelho meu, espelho meu, há alguém mais santo do que eu”?! Está cheio de si mesmo e o seu copo das virtudes não leva mais. Vai daí, desfia uma ladainha de méritos, que o tornam superior aos outros! Em contraste, o publicano, à distância, rejeitado por todos, com espírito humilde e arrependido, faz uma oração breve e simples: «Ó Deus, tende piedade de mim, que sou pecador!». Nada mais. O seu copo vazio pode ser enchido e preenchido pela abundância da misericórdia do Senhor!
2. E, se ambos entraram, para rezar, é legítimo saber, como saíram um e outro do Templo, onde foram rezar? Jesus di-lo claramente: “O publicano desceu justificado para casa e o fariseu não”. Para o publicano, a oração foi encontro de salvação, foi bênção e perdão, foi arrependimento e conversão, foi fonte de vida nova e de transformação. O publicano desceu, para casa, acolhido, amado, perdoado, “misericordiado”, isto é, redimido, transfigurado, alcançado pela misericórdia do Senhor. O fariseu, pelo contrário, saiu do Templo, orgulhoso, inchado, igual a si mesmo, pior que estragado!
3. E um pouco de imaginação pode levar-nos a fazer esta pergunta: Que tinham, um e outro, para contar a quantos encontrassem pelo caminho? O fariseu, por certo, nada teria a contar, senão repetir a ladainha das suas virtudes, dos seus feitos e efeitos especiais! O publicano, com certeza, não falaria de si, mas das grandes obras do Senhor. O publicano, como Zaqueu ou Mateus, poderia contar e cantar eternamente as misericórdias do Senhor. Nada mais.
4. Em Dia Mundial das Missões, vale a pena, cada um perguntar-se: Ao sair daqui, ao descer da Igreja para casa, que levo deste encontro? Que posso dizer e contar aos outros, ao vizinho e a quem encontro pelo caminho, a respeito do que Deus fez ou faz em mim e por mim? A missão não é outra coisa, do que levar aos outros a alegria, que brota do encontro com Cristo, nestas fontes da palavra, da oração, da comunhão. A missão não é outra coisa, do que contar aos outros, a misericórdia que o Senhor teve para comigo e que eu sou chamado a usar, para com todos. “Aquilo que descobriste, o que te ajuda a viver e te dá esperança, isso é o que deves comunicar aos outros” (EG 121).Temos, pois, «a missão de anunciar a misericórdia de Deus», e anunciá-la, de viva voz e em carne e osso, em todos os cantos da Terra, até alcançar toda a mulher, homem, idoso, jovem e criança! “Neste Dia Mundial das Missões, todos somos convidados a «sair», como discípulos missionários, pondo, cada um, a render os seus talentos, a sua criatividade, a sua sabedoria e experiência para levar a mensagem da ternura e compaixão de Deus à família humana inteira, para que todos sejam salvos e cheguem a experimentar o amor do Senhor” (Papa Francisco, M.D.M.M., 2016).
5. Irmãos e irmãs: que fez Maria, a Mãe de Jesus, ao sentir-se agraciada pela misericórdia do Senhor? A humilde serva não foi contar as suas virtudes, exaltar os seus méritos, mas saiu ao encontro da sua prima, para cantar a misericórdia do Senhor, que se estende de geração em geração e ajudá-la no serviço do amor concreto! Com Maria, tornemo-nos assim missionários da misericórdia!