Celebração do Dia do Cuidado da Criaçãao
Destaque

 

O Papa Francisco decidiu instituir, na Igreja Católica, o "Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação" que, desde o ano passado, é sempre celebrado no dia 1 de Setembro, tal como já ocorre há muito tempo na Igreja Ortodoxa. De facto, «viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspeto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa» (Laudato Si, 217). 

 

Homilia – ver  Mensagem do Papa para este dia 1.09.2016

 

15ª Obra de misericórdia: o cuidado da criação

 

A vida cristã inclui a prática das tradicionais obras de misericórdia corporais e espirituais.«Estamos habituados a pensar nas obras de misericórdia uma a uma e enquanto ligadas a uma obra: hospitais para os doentes, sopa dos pobres para os famintos, abrigos para os que vivem pela estrada, escolas para quem precisa de instrução, o confessionário e a direção espiritual para quem necessita de conselho e perdão… Mas, se as olharmos em conjunto, a mensagem que daí resulta é que a misericórdia tem por objeto a própria vida humana na sua totalidade» (Francisco, Terceira Meditação, Exercícios Espirituais por ocasião do Jubileu dos Sacerdotes, Basílica de São Paulo Extra-Muros, 2 de junho de 2016).

 

Obviamente, a «vida humana na sua totalidade» inclui o cuidado da casa comum. Por isso, tomo a liberdade de propor um complemento aos dois elencos de sete obras de misericórdia, acrescentando a cada um o cuidado da casa comum.

 

Como obra de misericórdia espiritual, o cuidado da casa comum requer «a grata contemplação do mundo»(LS 214), que «nos permite descobrir qualquer ensinamento que Deus nos quer transmitir através de cada coisa» (LS 85).

 

Como obra de misericórdia corporal, o cuidado da casa comum requer aqueles «simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo» e se manifesta o amor «em todas as ações que procuram construir um mundo melhor» (LS 230-231).

 

 

Alguns tópicos para a Homilia (2015)

– inspirada na Encíclica Laudato Sí (24.05.2015) sobre o cuidado da casa comum

 

1. Cuidar e guardar a criação, é missão confiada por Deus ao Homem. O homem é chamado a ser o «jardineiro», o cuidador e guardador, e não o explorador e manipulador do mundo criado.«Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional, nem um aspeto secundário da experiência cristã, mas é parte essencial de uma existência virtuosa» (Laudato Si, 217.).

 

2. O desequilíbrio da relação do homem com a criação reflete, no fundo, o pecado do homem: o seu egoísmo, o seu fechamento, o seu desejo desordenado. Por isso, não há uma conversão ecológica sem uma mudança interior de atitudes, que tornem o homem mais humilde, mais sóbrio, mais atento ao bem de todos.

 

3. O Papa Francisco defende uma aliança entre a humanidade e o ambiente.

 

4. Assim, em comunhão com a Igreja ortodoxa, celebramos este Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação para:

 

a) despertar em nós a consciência da nossa vocação de guardiães da criação,

elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele confiou ao nosso cuidado,

b) invocar a ajuda de Deus, para a proteção da criação;

c) pedir a sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos;

d) aprender a contemplar Deus, na beleza do universo, onde tudo nos fala d’Ele.

e) despertar o nosso louvor e a nossa gratidão por cada criatura, de modo a sentirmo-nos intimamente unidos a tudo o que existe.

 

5. Em concreto, isto poderia passar por incentivar vários comportamentos que têm incidência direta e importante no cuidado do meio ambiente, tais como:

 

evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. Voltar – com base em motivações profundas – a utilizar algo em vez de o desperdiçar rapidamente pode ser um ato de amor que exprime a nossa dignidade” (Laudato Sí, n.211).

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