Liturgia e Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade C 2016
Destaque

"A Trindade é um mistério, mas podemos falar disso", porque o próprio Deus Se revela, na Sua Palavra. Pelas Sagradas Escrituras, o Pai vem amorosamente ao encontro dos Seus filhos, para falar com eles. Quando se proclama a Palavra de Deus, na assembleia, é Cristo, Seu Filho, que nos fala e nos revela o rosto da misericórdia do Pai. E, para escutar, interpretar e pôr em prática esta Palavra, precisamos do mesmo Espírito Santo, que inspirou os autores sagrados a escrevê-la. Abramos o nosso coração, à escuta desta Palavra de amor. 

Homilia na Solenidade da Santíssima Trindade C 2016

1.“O nome de Deus é misericórdia” (Ex 34,6-7). E “«misericórdia» é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade” (MV 2). Com estas afirmações, o Papa Francisco parece dizer-nos, de maneira muito simples: na misericórdia reflete-se e revela-se o mais íntimo do coração do nosso Deus, que é Amor (1 Jo 3,16): na misericórdia, reflete-se e revela-se aquele eterno e infinito Amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo: um Amor que jamais Se isola ou Se fecha, numa redoma inacessível, mas que Se comunica a Si mesmo. A misericórdia é, entre todos, “o mais admirável atributo do Criador e do Redentor” (DM 13). Ela é o espelho da Santíssima Trindade, que vos convido agora a contemplar:

1.1. É a «misericórdia», que move o coração de Deus Pai a criar o mundo! Ele não o faz por nenhum dever de justiça. Toda a criação é reflexo da Sua infinita bondade, para connosco. E, na Sua misericórdia, “quando por desobediência, perdemos a Sua amizade” (Oração Eucarística IV), Deus sai do Seu próprio mundo, para vir ao nosso encontro, e caminhar connosco, porque «as suas delícias eram estar com os filhos dos homens» (Pr 8,31). E Deus sai de Si, uma e outra vez, as vezes que forem precisas, porque tem entranhas de misericórdia, amor visceral, que o faz inclinar-Se sobre nós, retrair-Se na Sua ira, sem poder resistir ao Seu Amor. Na Sua misericórdia, Deus a todos socorre.

1.2. É também a misericórdia que move o coração do Pai a enviar o Seu amado Filho ao mundo, “para que este seja salvo por Ele” (Jo 3,16). Por isso, “com o olhar fixo em Jesus e no Seu rosto misericordioso, podemos individuar o amor da Santíssima Trindade” (MV 8), uma vez que “tudo n’Ele nos fala de misericórdia. E n’Ele nada há que seja desprovido de compaixão” (MV 8). Por isso, quem O vê, vê o Pai! Ele e o Pai são um! E essa comunhão de amor, que Se dá, Se recebe e Se comunica, vai até ao abismo da Cruz, onde Deus, por amor, Se esvazia de toda a omnipotência, morrendo, por nós, a fim de nos dar e comunicar a Sua própria vida. Com o perdão oferecido, na Cruz, “abre-nos o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado” (MV 2). E, finalmente, na Sua ressurreição, vence o amor e triunfa a misericórdia!

1.3. Ainda “movido pela Sua misericórdia, Deus não só permite que nos debrucemos sobre o Seu coração, mas também nos acolhe junto ao Seu coração e no Seu coração” (W. Kasper, A misericórdia, 119). É esta misericórdia, que move o infinito coração de Deus, “a derramar o Seu Amor, em nossos corações, pelo Espírito Santo(Rm 5,5). Doravante, “«misericórdia» é a lei fundamental, que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão” (MV 2).

2. Assim, queridos irmãos e irmãs, “do coração da Trindade, do íntimo mais profundo do mistério de Deus, brota e flui incessantemente a grande torrente da misericórdia. Esta fonte nunca poderá esgotar-se, por maior que seja o número daqueles que dela se abeirem. Sempre que alguém tiver necessidade poderá aceder a ela, porque a misericórdia de Deus não tem fim. Quanto insondável é a profundidade do mistério que encerra, tanto mais inesgotável é a riqueza que dela provém” (MV 25).

3.Neste Ano Jubilar, que esta «misericórdia», praticada com alegria “revele a todos o mistério da Santíssima Trindade” (MV 2). Renovados e alimentados, nesta fonte inesgotável, deixemos irradiar e transparecer, nas nossas palavras de consolação e nos nossos gestos concretos de partilha e de perdão, aquela felicidade eterna, prometida já para este mundo, a quem recebe e a quem pratica, com alegria, a misericórdia do Senhor! Felizes os misericordiosos!

 

HOMILIA NA MISSA COM CATEQUESE 

 

1.Uma criança perguntou ao Papa Francisco, “oque fazia Deus, antes de criar o mundo”? E o Papa deve-se ter lembrado da 1.ª leitura deste domingo e respondeu: “Deus amava”! Porque Deus não é outra coisa, desde sempre e para sempre, senão um oceano infinito de Amor. «Deus é Amor»! (1 Jo 3,16).

 

2.Ora é próprio do Amor, entre pessoas, fazê-las sair de si mesmas, para irem ao encontro do outro. É próprio do Amor dar-se ao outro, receber-se do outro e abrir-se em partilha aos outros. E, em Deus, é assim mesmo, na perfeição e desde toda a eternidade: o Pai ama o Filho e dá-Se a Ele por nós. O Filho, amado e enviado pelo Pai, entrega-Se a Ele, por nós. E neste dar-Se um ao outro, dão-Se a nós, pelo Espírito Santo derramado em nossos corações.

3. É um amor belíssimo, inesgotável, que nunca podemos explicar ou compreender plenamente: neste imenso mistério de amor divino, cada pessoa vive em perfeita união com a outra, vive da outra e vive para a outra, de modo que nenhuma delas se põe a si mesma no centro das atenções, mas cada pessoa dá sempre lugar à outra. A Santíssima Trindade pode imaginar-se assim como uma espécie de “roda”, uma «dança» de pessoas, que vão dando lugar umas às outras. Recebem-Se umas às outras. Dão-Se umas às outras. E dando-Se assim, tão perfeitamente, dão-Se também a nós.

4.Se esta torrente do «amor divino» se fechasse, sobre Si mesma, seria como «água» estagnada. Mas não. Este amor é tão profundo, tão imenso, que transborda do coração de Deus, para nós, através do Espírito Santo, que foi derramado em nossos corações. Ele brota e flui do coração de Deus, para chegar ao nosso coração. E do nosso coração corre como um “rio de água viva” para que nós levemos este amor, a todos os que encontrarmos. Este amor é-nos dado, para o recebermos.

5. Meninos e meninas: este amor é recebido, para o darmos! É preciso pôr em movimento este amor, com um coração acolhedor, generoso e aberto aos outros. Com este amor, podemos transformar o nosso mundo e torná-lo mais belo: um mundo onde Deus tem o primeiro lugar e, por isso, nos torna capazes de partilhar com alegria o pão, de receber e oferecer o perdão, e dar aos outros o primeiro lugar, na roda da vida, e no mais íntimo do nosso coração

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