Liturgia e Homilias no XXIX Domingo Comum C 2025
Destaque

Celebramos, neste Domingo, o 99.º (nonagésimo nono) Dia Mundial das Missões. E o Santo Padre desafia-nos a sermos construtores e missionários de esperança entre os povos. A Liturgia da Palavra vem recordar-nos hoje a importância da oração insistente e permanente: as nossas mãos erguidas para Deus são a grande arma e a retaguarda da missão. Mãos dadas a todos e entre todos são a forma mais bela e eficaz de construir a comunhão e de realizar a missão. Irmãos e irmãs: Deus deu-nos as duas mãos para «nelas trazermos a alma», para rezarmos, celebrarmos e realizarmos juntos as obras da fé. Por isso rezemos, celebremos e trabalhemos com as nossas mãos, para nos tornarmos missionários da esperança, de mãos erguidas e de mãos dadas.

Homilia no XXIX Domingo Comum C 2025 –ESQUEMA 1

 

1.Em Dia Mundial das Missões, a Liturgia da Palavra reconduz-nos ao coração da missão: a oração, indispensável, urgente e persistente!Perante a urgência da missão, somos desafiados a enfrentar esta grande batalha, contando, em primeiro lugar, com o auxílio de Deus, mediante a oração. Vejamos Moisés, o homem de Deus que, lá do alto da colina, mantém as suas mãos erguidas, enquanto lá em baixo se travava o combate, pela fé de Israel. Olhemos, ainda, para a prece insistente daquela pobre viúva, que clama e reclama que lhe façam justiça e não desiste, até ser atendida. É preciso rezar sempre, mesmo quando Deus parece surdo e mudo. A fé, em muitos dias da nossa vida, pode parecer uma ilusão e a oração uma perda de tempo, uma labuta estéril. Mas rezar também significa e implica aceitar esta dificuldade, esta escuridão, esta sensação de vazio na fé, que não passa da noite para o dia. Por isso, a oração deve ser constante. Vede: se tivermos de seguir uma medicação prescrita é importante segui-la bem, tomar os medicamentos todos os dias, de forma correta e no momento estabelecido, com constância e regularidade. E esperar pela cura, que não é imediata, quando as feridas são profundas e o mal está enraizado. Pensemos numa planta: devemos nutri-la todos os dias; não a podemos encharcar e depois deixá-la sem água durante semanas! Isto é válido para a oração persistente diária: não podemos viver apenas de momentos fortes ou de encontros intensos, de vez em quando, e depois entrar em hibernação. Precisamos da água diária da oração, para que Deus possa alimentar a nossa fé. Nas lutas e combates da vida, como na missão, a oração das nossas mãos erguidas é a nossa arma desarmada e desarmante!

2. Mas Deus é o nosso auxílio, fazendo de cada um auxíliopara os outros.O compromisso da oração e da missão exige que nos apoiemos uns aos outros, como Aarão e Hur.Na verdade, o Senhor dá-nos uns aos outros como auxílio. Dá a esposa ao marido e o marido à esposa, como auxílio correspondente. Dá às crianças o auxílio dos pais e dos avós, como deu a Timóteo o auxílio da avó Loide e da mãe Eunice (cf. 2 Tm 1,5), que desde a infância lhe ensinaram as Sagradas Escrituras. Timóteo torna-se um auxílio precioso, na missão levada adiante por São Paulo. Precisamos todos de todos! A beleza desta comunhão, juntos nas mãos erguidas para Deus e juntos nas mãos dadas entre nós, eis o primeiro suporte e testemunho da missão!

3.Neste sentido, ativemos, consertemos, melhoremos estas três redes da missão:

3.1.Em primeiro lugar, a rede da oração. Rezemos sempre e sem desanimar. Disse-vos ainda há pouco tempo e repito a cada um: “Mesmo quando, porventura, pouco mais podes do que rezar ou oferecer o teu sofrimento, o cansaço da idade e a tua solidão, não deixes de assumir esse compromisso orante e oferente, tornando-te, na retaguarda, uma fonte de bênçãos, para quem está na linha da frente no campo de batalha” (Homilia, 25.º C 2025). Se em nós se apaga a fé, apaga-se também a oração. E se em nós se apaga a oração, apaga-se também o fogo da missão! “Tenhamos fé para orar; e para que não desfaleça a fé com que oramos, oremos” (S.to Agostinho).

3.2.Em segundo lugar, a rede familiar. Queridos pais, queridas mães: “Assim como todos aprendemos a nossa língua materna a partir da família, também o anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece em primeiro lugar, nas vossas casas, à volta da mesa” (cf. Leão XIV). Se os pais não comunicam a fé aos seus filhos, desde o ventre materno, a vida cristã acabará por se tornar para eles uma língua estrangeira! E aos avós, que são hoje retaguarda indispensável, peço: sede colaboradores dos vossos filhos no anúncio da Boa Nova. Não tendes direito à «reforma» na missão. Também na missão, uma reforma antecipada seria uma reforma penalizada!  

3.3.Em terceiro lugar, uma rede de colaboradores. Timóteo aderiu à fé cristã e tornou-se colaborador de Paulo na sua missão (Fl 2,19.22). Nós não somos missão sozinhos. Sejamos uma Igreja sinodal, rezemos e caminhemos juntos, apoiando-nos uns aos outros e uns nos outros. Desta comunhão de mãos dadas e de mãos erguidas frutifica a missão! Cuidemos então destas redes, para que o Senhor, ao chegar, encontre a fé sobre a Terra dos nossos corações!

HOMILIA NO XXIX DOMINGO COMUM C 2025 – ESQUEMA 2: MISSAS COM CATEQUESE

 

1.Bela e grande é a linguagem das mãos! Deus deu-nos as duas mãos para nelas trazermos a alma. Depois do rosto, as nossas mãos são o instrumento e o espelho mais visível da nossa alma, do nosso íntimo, do nosso ser mais profundo.Todos entendemos a linguagem das mãos, que se estendem para dar e receber, para pedir e agradecer. Com as mãos se ameaça e acaricia, com as mãos se saúdam ou afastam as pessoas. As mãos recolhem-se em silêncio nas mãos da pessoa amada; as mãos estendem-se abertas para o amigo ou ficam cerradas diante do inimigo. Com as mãos trabalhamos e fazemos o bem, com elas falamos, rezamos, celebramos.

2. Neste Domingo, a Liturgia da Palavra, põe os nossos olhos nas mãos de Moisés, que no cimo da colina, reza e intercede pelo seu Povo. E o Povo, por sua vez, lá em baixo, no campo de combate, dá a força dos braços. Moisés reza até ao limite das suas forças, com a vara de Deus na mão, tendo como arma a oração. As mãos de Moisés elevavam-se incansavelmente para Deus. Mas Moisés não só eleva as suas mãos para Deus, como precisa das mãos de Aarão e Hur, que lhe seguravam as suas mãos cansadas, para que não deixasse de rezar! Mãos erguidas para Deus são sempre mãos dadas aos irmãos! 

3.Também nós falamos, agimos e rezamos com as nossas mãos. Prestemos atenção à linguagem das nossas mãos, especialmente quando rezamos e celebramos a Eucaristia. Vejamos o modo como havemos de rezar e de celebrar com as mãos:

 

1) Na oração pessoal:  quando alguém quer rezar e concentrar-se para estar a sós com Deus, aperta as mãos uma de encontro à outra, cruza os dedos entre si, como se o fluxo interior, que desejaria extravasar, tivesse de passar de uma mão para a outra e refluir para o interior, a fim de que tudo fique lá dentro, para guardar o Deus escondido, como se a alma dissesse: «Deus é meu e eu sou d’Ele, aqui dentro estamos a sós um com o outro».  Tenhamos mãos postas para rezar.

2) Quando fazemos o sinal da Cruz, não seja este um gesto acanhado e feito à pressa, mas uma cruz verdadeira, lenta e ampla, da testa ao peito que leva a mão direita de um ombro a outro ombro.

3) Quando rezamos a Confissão, batemos, por três vezes, a mão direita no nosso peito, e não no peito dos outros, para assumir o pecado e o arrependimento, dizendo: “por minha culpa, minha culpa, minha tão grande culpa”.

4) No Ofertório, as nossas mãos estendem-se para a partilha, com discrição e generosidade. Não saiba a mão esquerda o que faz a mão direita (Mt 6,3)!

5)  Na Oração Eucarística, quando o Sacerdote está diante do altar, ele dá as suas mãos ungidas a Jesus, para que realize, hoje e aqui, os gestos da Última Ceia. De braços abertos e elevados, as suas mãos exprimem o coração voltado para o alto, com o desejo de «bendizer o Senhor em toda a sua vida, levantando para Ele as suas mãos» (Sl 62,5).

6) Durante o Pai-Nosso, os braços levantados de Moisés fazem-nos pensar nos braços de Jesus na Cruz. Pode parecer bonito dar as mãos durante o Pai-Nosso. Mas somos desafiados a muito mais: a contemplar nas mãos erguidas do Sacerdote, na oração de Cristo ao Pai, à qual nos unimos, numa só alma e num só coração.

7) No Rito da Paz, as nossas mãos estendem-se para transmitir, dar e receber, o dom da Paz, que é Cristo em nós e no meio de nós. “Com as mãos se faz a paz. Com as mãos se faz a guerra. Com as mãos tudo se faz e desfaz” (Manuel Alegre).

8)  Quando vamos comungar, vivemos o momento mais sagrado para as nossas mãos. Quem comunga pelas mãos, não pode banalizar este gesto, colocando a hóstia consagrada entre o polegar o indicador, como se estivesse a “agarrar” qualquer coisa a que tem direito. Há um texto muito antigo que aqui adaptamos, e que nos diz como o devemos fazer:

“Quando te aproximas da comunhão,

não avances com a palma das mãos estendida,

nem com os dedos afastados,

mas faz da tua mão direita um trono para a tua mão esquerda,

uma vez que esta deve receber o Rei. Recebe o Corpo de Cristo

na concavidade da tua mão esquerda

e responde: «Ámen»”

(Adaptado de São Cirilo, séc. V).

4. Neste Dia Mundial de Oração pelas Missões, ergamos as mãos ao céu, para que Deus nos dê mãos ungidas, que nos conduzam a Deus, que façam chegar a todos a sua ternura, a sua carícia, o seu auxílio. E demo-nos as mãos uns aos outros, para caminharmos juntos e assim nos tornarmos portadores, construtores e missionários de esperança para todos! De mãos erguidas e de mãos dadas.

 

 

 

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