Liturgia e Homilias no XIV Domingo Comum C 2025
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Peregrinos da Cidade Santa, peregrinos de esperança, exultamos de alegria ao entrar na Casa do Senhor. Aqui experimentamos a ternura de Deus, no coração da Igreja, nossa mãe. Aqui procuramos e encontramos a Paz que vem de Deus e que Cristo nos oferece, colocando-Se no meio de nós. Preparemos o nosso coração, porque precisamos de construir a paz a partir de nós mesmos, pacificando o nosso coração, retirando dele todo o ódio, todo o ressentimento, toda o desejo de vingança, que ali lançam as suas raízes.

Homilia no XIV Domingo Comum C 2025

1.A Liturgia deste domingo é um Hino de louvor à Paz. “Farei correr para Jerusalém a paz como um rio”, escutávamos na 1.ª leitura (cf. Is 66,10-14)! No Evangelho, ressoa-nos, como bela melodia, aquela saudação que Jesus recomendava aos discípulos, “quando entrardes em alguma coisa, dizei «Paz a esta casa»” (Lc 10,5). São Paulo, na 2.ª leitura, deixava-nos um voto final, de “paz e misericórdia” para quantos põe a sua confiança na Cruz do Senhor. Como desejaríamos nós sermos estes ‘filhos da paz’ (Lc 10,6), esta gente de Paz, sobre quem repousa e se difunde a Paz de Cristo.

2.  Demasiadas vezes pensamos na Paz, como mera ausência de guerra e de conflito. A Paz, que traduz o termo hebraico shalom, na sua raiz, é bem mais do que isso: significa integridade, totalidade, e por isso a Paz, na linguagem bíblica, é a síntese ou a plenitude de todos os bens, é a felicidade de quem, mesmo no meio de lobos e dificuldades, vive em Paz, porque se confia às mãos de Deus, como um filho ao colo de sua mãe. Essa é a Paz, por que justamente anseia o nosso coração.

3. Na perspetiva cristã, a paz é, principalmente, um dom: o primeiro dom de Cristo: «Dou-vos a minha paz» (Jo 14, 27). No entanto, essa paz é um dom ativo e envolvente, que compromete cada um de nós e exige, sobretudo, um trabalho de pacificação de si mesmo. A paz constrói-se sempre no coração e a partir do coração, erradicando o orgulho e as pretensões, e cuidando da linguagem, pois também com as palavras se pode ferir e matar” (Leão XIV, Discurso, 16.05.2025). Quantas vezes, nas nossas comunidades cristãs, semeamos a desordem e o conflito, porque ouvimos alguma coisa de alguém e vamos logo contar a outra pessoa, com uma versão distorcida e ampliada “O mundo das murmurações, feito por pessoas que se dedicam a criticar e a destruir, não constrói a paz” (GE 87). Por isso, o Papa Leão XI insistiu na necessidade de desarmar as palavras, para desarmar a Terra. Esta Paz, dom de Deus, é fruto de um trabalho artesanal, “requer serenidade, criatividade, sensibilidade e destreza” (GE 89).Entre os pontos 4 e 5, pode optar-se apenas por um.

4. Queridos irmãos e irmãs: há demasiada violência, há demasiada agressividade, nas nossas sociedades, nas nossas escolas, e até nas nossas famílias. Pratiquemos a não-violência como método e como estilo de vida (Leão XIV, Discurso, 30.05.2025). É nossa missão semearmos, construirmos e contagiarmos a Paz. A começar pela relação conjugal, entre marido e esposa, enviados «dois a dois», os quais nunca se deitarão sem fazer as pazes! A começar pela nossa família, onde não faltem carícias, confortos e consolações e as boas palavras que constroem a Paz: por favor, desculpa e obrigado. A começar, pela nossa comunidade paroquial, que deve tornar-se uma casa de Paz, onde aprendamos a acalmar a hostilidade por meio do diálogo, onde a justiça seja praticada e o perdão seja preservado(Leão XIV, Discurso,17.06.2025). Sejam a nossa Casa comum, a nossa casa de família e a nossa comunidade paroquial, um verdadeiro oásis de Paz, feita por gente de Paz. “Paz e misericórdia para quantos seguirem esta norma” (Gl 6,16)!

5. Irmãos e irmãs: estamos no primeiro domingo de julho e, por certo, todos pensamos já nas férias, como um passaporte para a Paz. Cuidado, porém, com a tentação de procuramos aquela paz comprada, que não passa de uma anestesia para calar a nossa dor de alma, ou de uma bolha que nos imuniza aos ruídos da guerra, ou de um paraíso artificial, onde nos pomos a milhas de um mundo virtual sem problemas nem conflitos. Quantas vezes, nestes dias, não nos assaltará a tentação de nos ‘desligarmos’, das terríveis notícias da guerra, como quem diz: «deixem-me em paz». E então a paz deixa de ser um «estar bem e de bem», para se tornar simplesmente um bem-estar individual e egoísta, um refúgio confortável, uma paz de poucos para poucos, uma paz efémera para uma minoria feliz.  Esta não é Paz que o Senhor nos dá e nos pede. Queiramos aquela Paz que vem de Deus, aquela Paz de quem se confia às suas mãos, aquela paz que nos vem deste encontro com o Senhor, e que experimentamos em cada Eucaristia. Na Eucaristia, Jesus rompe as portas fechadas dos nossos corações desassossegados e divididos, coloca-se no meio de nós, diz-nos e dá-nos a Sua Paz: «A paz esteja convosco» (Jo 20,19.26).

 

 

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