Liturgia e Homilias no II Domingo de Páscoa C 2025
Destaque

Na Páscoa de Cristo celebramos a nossa Páscoa em Cristo e a Páscoa de Cristo em nós. Este ano, a nossa Páscoa foi marcada pela última Páscoa do querido Papa Francisco, na Segunda Feira da Oitava da Páscoa, dia comemorativo do Anjo da Páscoa.Ressoam ainda nos nossos ouvidos as últimas palavras que o Papa Francisco nos deixou no domingo de Páscoa, pela voz emprestada do Cardeal Ângelo Comastri: “Aqui está a maior esperança da nossa vida: podemos viver esta existência pobre, frágil e ferida agarrados a Cristo, porque Ele venceu a morte, vence a nossa escuridão e vencerá as trevas do mundo, para nos fazer viver com Ele na alegria, para sempre”.  Com esta grande esperança, acolhemos a dor do seu passo definitivo para a Vida nova e rezamos ao Senhor, com as palavras que o mesmo Papa Francisco nos ensinou a dizer: “Convosco, Senhor, tudo é novo. Convosco, tudo recomeça”.

HOMILIA NO II DOMINGO DE PÁSCOA C 2025

1.Celebrámos a Páscoa de Francisco na Páscoa de Cristo e a Páscoa de Cristo na Páscoa de Francisco. Vimo-lo despedir-se do Povo, numa última volta à Praça de São Pedro. E, naquele banho de multidão, realizava-se a palavra da Escritura, que hoje escutávamos: “Traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e catres para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles” (At 5,15). Ao menos a sua sombra, o seu olhar, o seu toque de ternura! Foi assim com Francisco, o sucessor de Pedro, a quem todos gostaríamos de tocar, ao menos, uma vez na vida, para tocar nele a proximidade do Senhor em carne viva. O sucessor de Pedro atraiu o olhar e a simpatia do mundo inteiro, pela sua humildade, pela sua simplicidade, pela sua alegria, pelo seu bom humor, pela sua ternura, para com todos.  Hoje todos nos abrigamos à sombra de Francisco, nosso «irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em Jesus» (Ap 1,9), cujo raio de luz continuará a inspirar e a encorajar os caminhos da Igreja e os sonhos de paz para o nosso mundo.

2.Depois de tudo o que já foi dito, desde o dia da sua passagem deste mundo para o Pai, que poderíamos nós acrescentar? Ao jeito do Papa Francisco, proponho três pontos de reflexão, usando as suas próprias palavras: a esperançaque não engana, a dúvidaque nos faz crescer e a ternuraque torna o amor concreto:

2.1.A esperança que não enganaé Cristo Ressuscitado, o Eterno Vivente, Aquele que vive e vive para sempre: “Estive morto, mas eis-Me vivo, pelos séculos dos séculos e tenho a chave da morte e da morada dos mortos” (Ap 1,18). Dizia Francisco no domingo de Páscoa, na sua última Mensagem à Cidade e ao mundo: “Na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre (cf. Sequência Pascal) e infunde em cada um de nós a certeza de que somos igualmente chamados a participar na vida que não tem fim, na qual já não se ouvirá o fragor das armas nem os ecos da morte”. Para Francisco, a morte é um novo começo, “porque experimentaremos algo que nunca experimentamos plenamente: a eternidade” (Prefácio ao livro do Cardeal Angelo Scola. 14.2.2025).

2.2.Mas a esperança que não engana, também passa pela dúvida,como por exemplo, a de Tomé, que exige como credenciais da identidade do Ressuscitado as suas chagas, pois um Cristo sem chagas seria uma ilusão ótica – ou como disse São Martinho - uma simulação diabólica. Sim. É necessário passar pelo crivo da dúvida, para crescer na fé e oferecer aos outros as razões da nossa esperança. A respeito da dúvida disse o Papa Francisco a um jovem universitário, que lhe perguntara como anunciar Cristo aos não crentes: “é preciso dar espaço à dúvida”. Podemos ler isto mesmo na última página da sua Autobiografia: “Se uma pessoa diz que encontrou Deus com certeza total, então não está bem. Se alguém tem resposta para todas as perguntas, esta é a prova de que Deus não está com ele. Quer dizer, que é um falso profeta, que instrumentaliza a religião, que a usa para si mesmo. Os grandes guias do Povo de Deus, como Moisés, sempre deixaram espaço para a dúvida. É necessário sermos humildes, deixar espaço ao Senhor, não às nossas fingidas seguranças” (Autobiografia. Esperança, p. 347).

2.3.Por último a ternura. É a ternura de Cristo Ressuscitado que que poisa sobre nós, como a João, a Sua mão direita (Ap 1,17). É a ternura de Cristo Ressuscitado que nos desafia a nós, como a Tomé, a tocar as Suas chagas. “A ternura não é fraqueza: é a verdadeira força” (Ib., 347), e por isso o Papa Francisco desafiou-nos à revolução da ternura. “A ternura não é senão isto: o amor que se torna próximo e concreto. É usar os olhos para ver o outro, usar os ouvidos para ouvir o outro, para ouvir o grito dos pequenos, dos pobres, de quem teme o futuro” (Ib., p. 346). A ternura “é a estrada que os homens e mulheres mais fortes e corajosos percorreram. E assim termina Francisco a sua Autobiografia, com este desafio:“Lutai com ternura e com coragem… Eu sou apenas um passo” (Ib., 347).  Que este último passo, o da sua vida, que culminou na sua Páscoa em Cristo, inspire os passos da Igreja com o Papa que vem a seguir.

 

 

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