Liturgia e Homilia na Festa em honra de Nossa Senhora da Hora 2024
Destaque

Completámos hoje 40 dias de celebração da Páscoa do Senhor. Ao longo do tempo pascal, recordamos a Virgem Maria em oração, com a Igreja nascente. Ela foi confiada como Mãe aos discípulos de Cristo, na Hora da Cruz. Na Hora da Cruz, Cristo deu um lugar à Virgem Maria, como ditosa mãe de muitos filhos. Agora, entre a Páscoa e o Pentecostes, vem-nos à memória o que escreveu São Lucas a respeito desse tempo: “os discípulos de Cristo perseveravam unidos na oração, com Maria, Mãe de Jesus” (At 1,14). Este cenário, na Sala do Cenáculo, renova-se em cada Eucaristia. Eis-nos, também nós, reunidos para a oração comum e para a fração do Pão, em comunhão com a Virgem Santa Maria, que invocamos como Nossa Senhora da Hora. Fazemo-lo, ainda com a memória viva do Dia da Mãe e neste mês de Maio, Mês de Maria. Preparemos o nosso coração, para fazer dele, como o de Maria, uma digna morada para o Seu Filho.

Homilia na Festa em Honra de Nossa Senhora da Hora 2024

 

A Mãe de Jesus estava lá” (Jo 2,1), como está sempre onde está o Filho e onde estão os seus filhos. Celebrámos, no passado Domingo o Dia da Mãe e, de algum modo, continuamos a celebrá-lo, com Maria, ao longo deste mês. Maria é a Mãe que dá à Luz o Filho de Deus. Ainda hoje teremos a bênção das grávidas, que esperam a carícia de Maria, na hora de dar à luz. Por isso, ao celebrarmos juntos a Festa em honra de Nossa Senhora da Hora, associada à «boa hora» do parto, gostaria de refletir convosco como é que Maria foi Mãe de Jesus e se tornou nossa Mãe. Façamo-lo em cinco passos, como se fossem 5 mistérios da maternidade de Maria.

O acolhimento feliz da vida como surpresa e como dom

1. Na hora inesperada da Anunciação, Maria acolhe, com total surpresa, o dom de uma nova vida, mesmo se essa vida nova desconcerta todos os seus planos. Maria ensina-nos a deixarmo-nos maravilhar pelas surpresas de Deus.Maria ensina-nos que um filho, mesmo quando não está nos planos da mãe ou do pai, nunca é um erro, um produto, uma dívida, uma maldição; um filho é sempre um fruto bendito, uma dádiva, uma bênção do Senhor. Um filho não é, não deve ser, um complemento ou uma solução para uma aspiração individual, mas um ser humano, com um valor imenso e uma dignidade intocável e infinita, que não pode ser usado em nome de nenhum desejo arbitrário ou de um direito individual da mulher. “Uma criança é sempre um dom e nunca objeto de um contrato. Todo o ser humano tem o direito de ser sempre reconhecido por si mesmo e não como instrumento para outros fins” (Declaração Diginitas infinita, n.º 48). Por conseguinte, não importa se esta nova vida é útil à mãe ou não, se possui características que lhe agradam ou não, se corresponde ou não aos seus sonhos. Maria vive a surpresa da sua gravidez, na certeza de que o Menino que vai nascer não é obra das suas mãos, não é fruto de um desejo ou de um projeto pessoal. É dádiva a acolher em seu seio e a guardar em seu coração.

O amor vivido pela mãe na expectativa da gravidez

2.  Para Maria, como para todas as mulheres, a gravidez é um período difícil, mas também um tempo maravilhoso. É verdadeiramente um estado de graça. “A mãe colabora com Deus, para que se verifique o milagre de uma nova vida. A maternidade surge de uma «particular potencialidade do organismo feminino, que, com a sua peculiaridade criadora, serve para a conceção e a geração do ser humano». Cada mulher participa assim do «mistério da criação, que se renova na geração humana. Cada criança, que se forma no ventre de sua mãe, é um projeto eterno de Deus Pai e do seu amor eterno” (AL 168). Hoje, “com os progressos feitos pela ciência, é possível saber de antemão a cor que terá o cabelo da criança e as doenças que poderá ter no futuro. Mas, conhecê-lo em plenitude, só consegue o Pai do Céu que o criou. É importante que aquela criança se sinta esperada”. Maria desafia todas as mães“a contemplar o filho, ainda em embrião, com o mesmo olhar amoroso do Pai, que vê para além de toda a aparência” (AL 170). Maria desafia cada grávida a pedir a Deus a sua luz, para conhecer em profundidade o próprio filho e acolhê-lo tal como ele é, tal como ele lhe é dado.

A alegria e a importância de ser mãe

3. Apesar de viver uma gravidez misteriosa, Maria concentra-se no dom recebido, partilha-o imediatamente com a sua prima Isabel, também ela inesperadamente grávida, e com ela canta um hino de gratidão e louvor, um cântico de alegria: é a alegria de ser mãe. Por isso, diria hoje a cada mulher grávida: “Cuida da tua alegria; que nada te tire a alegria interior da maternidade. Aquela criança merece a tua alegria. Não permitas que os medos, as preocupações, os comentários alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer uma nova vida ao mundo” (AL 171). Àquelas que vão ser mães e àquelas que já são mães gostaria ainda de lhes dizer: nenhuma realização da mulher é superior à graça de ser mãe. “Hoje reconhecemos como plenamente legítimo, e até desejável, que as mulheres queiram estudar, trabalhar, desenvolver as suas capacidades e ter objetivos pessoais. Mas, ao mesmo tempo, não podemos ignorar a necessidade que os filhos têm da presença materna, especialmente nos primeiros meses de vida. O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra” (AL 173) e para o nosso mundo. “De facto, «as mães são o antídoto mais forte contra o avanço do individualismo egoísta. São elas que testemunham a beleza da vida. Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral” (Papa Francisco, Homilia, 1.1.2017). O nosso mundo precisa de olhar para as mães a fim de encontrar a paz, voltar a ter um olhar humano e um coração que vê. Sem as mães, habitaremos uma Casa Comum, como vizinhos, mas não como irmãos. A unidade e a fraternidade da família humana constrói-se hoje sobretudo com mãos de mães!

O olhar feminino e materno de Maria em Caná e em todas as horas

5. Diz-nos o Evangelho das bodas de Caná que, num momento crítico de uma família, estava lá a Mãe de Jesus (Jo 2,1). Ninguém melhor do que a Mãe conhece os tempos e as urgências dos filhos. São as carências dos filhos que A movem a instigar Jesus para Ele intervir. E ali, em Caná, Jesus aponta para a Hora da Cruz e da Ressurreição, Hora dolorosa e gloriosa, que Ele comparou à hora do parto, que a mulher vive entre a angústia da dor e a alegria de ter um filho (cf. Jo 16,21). Na Cruz, precisamente, nesse parto de dor, Maria é-nos dada como Mãe, nas palavras de Jesus: «Eis o Eis a Tua Mãe. Eis o teu Filho» (Jo 19,27), eis os teus filhos. E nós queremos acolher esta Mãe de todos, todos, todos.

6. Irmãos e irmãs: em Maria, Nossa Senhora da Hora, Mãe de Jesus e nossa Mãe, Deus assinou o seu “autógrafo” (Papa Francisco, Homilia, 1.1.2018), deixou a Sua marca de amor eterno. Peçamos a Nossa Senhora da Hora, a Maria, nossa Mãe, que leve a Paz e a alegria de Seu Filho a todas as mulheres grávidas, a todas as Mães deste mundo, sobretudo àquelas para quem a maternidade representa uma heroica exigência. À volta de Maria, como filhos seus, tomemos maior consciência de que somos irmãos, chamados a construir um mundo de Paz. Tenhamos confiança na Senhora da Hora, em todas as horas, porque uma Mãe não tem horas.  “A Mãezinha não tem folga” (Spot publicitário da Rádio Comercial, Dia da Mãe 2024). A Mãe está lá e estará sempre: lá onde estiverem os seus filhos, lá onde o seu cuidado for mais urgente e necessário, lá onde ninguém sabe, onde ninguém vê, onde ninguém aplaude.

Meditemos hoje sobre as nossas grandes horas de tristeza e de alegria. E diremos, como o Evangelista: “estava lá a Mãe de Jesus” (Jo 2,1)! Estava lá e está connosco, a Senhora da Hora, a nossa Mãe, a Virgem Santa Maria, para converter de novo água em vinho, para ser hoje e sempre o segredo e a Causa da nossa Alegria! Ámen!

 

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