Homilia na Solenidade do Natal do Senhor 2023
Vamos com alegria! Vamos todos a Belém.
1. É, na verdade, uma grande alegria para todo o Povo (cf. Lc 2,10),esta que os Anjos anunciam aos Pastores de Belém, na noite santa do Natal do Senhor. Uma grande alegria. O nascimento de Jesus, tanto na história como na vida, é o princípio da grande alegria. Jesus é a alegria completa! A alegria para todos tem um rosto: é Jesus. Uma alegria para todos, todos, todos. E é uma alegria para hoje. Porque é hoje, que Ele quer nascer em nós, para nos fazer renascer n’Ele. Cheios de entusiasmo, os Pastores desafiam-nos: “Vamos todos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer” (Lc 2,15). Os pastores respondem, pondo-se a caminho, rumo a Ele, para um encontro de amor e de grata admiração. O que teria acontecido naquele encontro, para que logo depois os Pastores o começassem a divulgar, provocando a admiração de todos? Imagino que os Pastores, ao manifestar-se a graça e a ternura do Menino Deus, terão simplesmente trocado uns sorrisos, como presentes ao Menino, na noite de Natal. Que é o Natal senão o sorriso de Deus dirigido aos homens? O mundo que esperava dos lábios de Jesus a revelação recebeu como primeira palavra um sorriso!
2. Na verdade, quando olhamos para um recém-nascido, somos levados a sorrir para ele. E se um sorriso floresce no seu pequeno rosto, então sentimos uma emoção simples e ingénua. Muitas vezes acariciamos o bebé com o dedo, para que ele sorria. A criança responde ao nosso olhar, mas o seu sorriso é muito mais “poderoso”, porque é novo, é puro, como a água da nascente, e em nós adultos desperta uma íntima nostalgia da infância.Isto aconteceu de uma forma única entre Maria, José e Jesus. Maria e José, com o seu amor, fizeram o sorriso florescer nos lábios do seu filho recém-nascido. Mas quando isto aconteceu, os seus corações ficaram cheios de uma nova alegria, uma grande alegria, vinda do Céu. E o pequeno estábulo em Belém iluminou-se e tornou-se Casa da Alegria.
3. Jesus é o sorriso de Deus. Ele veio para nos revelar o amor do Pai, a sua bondade, a sua ternura. E o primeiro modo de o fazer, foi sorrir para os seus pais, como qualquer criança recém-nascida neste mundo. E eles, a Virgem Maria e São José, reconheceram no sorriso de Jesus a manifestação da graça, da ternura e da misericórdia de Deus. Ao sorriso do Menino, respondem Maria e José - e logo depois os Pastores e os Magos - com o brilho dos seus olhos, com o calor da sua proteção. Porque o Menino, que sorri, também deseja estar no nosso colo, quer receber cuidados e fixar o Seu olhar no nosso. Por isso, também nós, como Maria e José, como os Pastores, somos desafiados a fazer sorrir o Menino Jesus, para lhe demonstrar o nosso amor e a nossa alegria, porque Ele está no meio de nós. O seu sorriso é sinal do amor que nos confere a certeza de sermos infinitamente amados.
4. Diante do Presépio de Belém também nós revivemos esta experiência: olhar para o Menino Jesus e sentir que n’Ele Deus nos sorri, e sorri a todos os pobres da terra, a todos aqueles que esperam a salvação, esperam um mundo mais fraterno, onde já não haja guerras nem violências, onde cada homem e mulher possa viver na sua dignidade de filho e filha de Deus. Precisamos também nós de nos deixar renovar pelo sorriso de Jesus. Que a sua bondade desarmada nos purifique do mau humor, do mau feitio, da má cara, das guerrilhas entre nós, do coração endurecido e nos faça rir e sorrir. Sim. Às vezes é difícil sorrir. Então precisaremos ainda mais de voltar ao Presépio ao sorriso de Deus, para voltarmos a sorrir.
5. Neste Natal, maravilhemo-nos com o sorriso de Deus, que Jesus veio trazer ao mundo. Ele próprio é este sorriso. Como Maria, como José e os pastores de Belém, recebamo-lo e levemos aos outros um sorriso humilde e simples, que irradie ternura e esperança, a quem se sente só ou não amado, aos doentes e aos idosos. Sorrir é acariciar com o coração. Que esta troca de sorrisos, faça chegar a todos o Natal de Jesus Cristo! Eis que chegámos a Belém. “Alegremo-nos, pois. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida, uma vida que nos infunde a alegria da eternidade prometida” (São Leão Magno).