Liturgia e Homilias no I Domingo do Advento B 2023
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Vamos com alegria. Vamos todos a Belém”.  Este é o convite dos pobres pastores, na noite de Natal. Este é o lema proposto pela nossa Diocese do Porto, para a vivência dos tempos litúrgicos, que vão do Advento até à Festa do Batismo do Senhor. A ideia principal é a de prepararmos e percorrermos juntos este caminho, que nos conduz ao Presépio de Belém, cidade situada na atual Palestina, tão cruelmente dilacerada pela guerra entre Israel e o Hamas. O sentimento dominante, que há de preencher e atravessar os nossos corações é o da alegria do Senhor, cuja raiz e rosto é Jesus Cristo. A imagem de marca é a de um sorriso, que podemos oferecer e provocar naqueles que encontramos todos os dias. Nesta 1.ª semana de Advento, somos desafiados a viver a alegria própria de uma espera: “sede alegres na esperança” (Rm 12,12).  

Homilia no 1.º Domingo do Advento B 2023

 

1.O Natal já chegou. É assim que a publicidade nos vende o Natal, com as luzes já acesas das iluminações públicas, o frenesim das compras, das vendas e da escolha das prendas, a multiplicação das ceias de Natal, as animações culturais e as muitas iniciativas de partilha solidária. Com tudo isto – que não deixa de ser belo – corremos o risco de eliminar o tempo da espera, o tempo da expetativa, o tempo da preparação do coração para a Festa. Assim, é mais difícil esperar, vigiar, preparar-se, caminhar com alegria, todos juntos para Belém. O acelerador comercial ilude-nos com um Natal já presente, que nos pode fazer esquecer o Menino Deus, o verdadeiro Presente do Natal.

2.É bem verdade que qualquer tempo de preparação para uma festa já é, em si mesmo, um tempo animado, festivo, alegre. Mas se o anteciparmos de todo, quando viermos a concluir a preparação, a festa já se foi, perdeu-se o interesse ou entraremos nela cansados, sem desejos, nem expetativas. Somos desafiados, por isso, a viver esta 1.ª semana do Advento, caminhando alegres na esperança.

3.Sim, alegres, porque, em Jesus, Deus já desceu e veio ao nosso encontro. Alegres, sim, porque Ele está no meio de nós e, desde que veio até nós e partiu de viagem para junto do Pai, já não nos falta nenhum dom da Sua graça. Alegres, sim, porque Ele não falta à promessa de estar connosco, ainda que atravessemos vales tenebrosos. Alegres, sim, porque Ele é a prenda, o Presente sempre presente. Por isso “vamos com alegria”. Mas que alegria é esta? É a alegria que vem de Deus, a alegria de quem pode dizer: “eu sou desejado por Deus; eu tenho uma tarefa que Deus me confiou neste mundo; eu sou aceite por Deus tal como sou; eu sou amado por Deus; a vida é bela e é bom que eu exista, mesmo se os tempos são difíceis” (cf. Bento XVI, Discurso, 22.12.2011).

4. E porquesão realmente difíceis os nossos tempos – como sempre foram e hão de ser – nós somos alegresna esperança. Na verdade, as luzes acesas não apagam as trevas interiores; os divertimentos não escondem angústias e sofrimentos incríveis. Há sinais de alarme social e mundial, que requerem vigilância redobrada: o crescimento da pobreza em Portugal; a crise no SNS, que chega a comprometer o cuidado das grávidas e das crianças; a guerra interminável entre a Rússia e a Ucrânia; a guerra, de uma crueldade inimaginável, entre o Hamas e Israel; a indiferença incompreensível dos poderosos perante a perseguição religiosa no mundo. Mesmo entre nós, quantos aparentemente sorriem, mas por dentro, choram, carentes de esperança! “Apesar de tudo, uma tal situação, não nos há de impedir de falar da alegria, de esperar pela alegria; antes pelo contrário. É no meio das suas desgraças que os nossos contemporâneos precisam de conhecer a alegria e de ouvir o seu cântico” (São Paulo VI, Gaudete in Domino, 9.5.1975). A nossa alegria é ainda uma alegria contida, expectante, é a alegria de uma espera, como a de uma grávida que está para dar à luz.

5.Nesta 1.ª semana do Advento, procuremos provocar a alegria e semear a esperança. Como?Por exemplo:provoca o sorriso de uma pessoa, que precise de uma luz acesa no seu coração; faz sorrir uma grávida e sorri com ela; se estiveres numa fila de espera, anima as pessoas, provocando risos e sorrisos; nas redes sociais, compartilha boas notícias, boas práticas, bons exemplos, que nos deem a esperança da gestação de um mundo renascido. Na verdade, a alegria e esperança caminham sempre de mãos dadas! Umas vezes entramos pela esperança, para acabar na alegria; outras vezes empenhamo-nos para conseguir a alegria e acabámos na esperança.

Irmãos e irmãs: este é o desafio: sede alegres na esperança (Rm 12, 12)!

 

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