Liturgia e Homilias na Solenidade da Imaculada Conceição 2022
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Abraça o presente de Natal: é Cristo vivo. Com este apelo, abraçámos, no 1.º domingo do advento, o presente como uma surpresa e fomos desafiados a um presente original. Com este mesmo apelo, fomos chamados, no início desta 2.ª semana do Advento a abraçar o presente como um Rebento, cuidando das nossas raízes. Hoje é Maria, a Virgem, a Toda Santa, concebida sem pecado o original, que nos ensina a abraçar o presente original do Natal, que é Cristo vivo, mesmo quando este abraço nos traz algum embaraço.

Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição 2022

 

1. «Abraça o presente de Natal: é Cristo vivo»! Estas podiam ter sido as palavras do Anjo Gabriel àquela jovenzinha de Nazaré, a quem Deus saiu ao encontro. Mas antes ainda estão as misteriosas palavras de saudação do Anjo: «Alegra-te, ó cheia de graça» (Lc 1,28). São palavras que perturbam o coração humilde da serva do Senhor. É Ela, a Virgem Maria – sem ainda o saber – a Mulher, a quem Deus Pai, desde toda a eternidade, pensou e preservou, desde a raiz, de toda a mancha do pecado original. É Maria Aquela a quem Deus preparou, desde toda a eternidade, para ser a digna morada de Seu Filho. Maria é, pois, a anunciada nova Eva, de cuja descendência haveria de nascer o Messias prometido. Por isso – continua o Mensageiro na sua Boa Nova a Maria – “conceberás no ventre e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus” (Lc 1,31). E o nome diz tudo: Ele é o Filho de Deus, Ele é o Salvador prometido!

2. Maria, assim visitada por Deus, sem aviso prévio, não foge, ao contrário dos nossos primeiros pais. Não se esconde de Deus, nem esconde Deus na sua vida. Mas também não se coíbe, antes da resposta, de fazer perguntas, perante o embaraço daquele abraço: “Como será isto se não conheço homem” (Lc 1,34)?Maria continua a escutar para acolher o Presente que é chamada a abraçar como uma surpresa, um presente completamente original, um dom gratuito de Deus, dado sem mérito de nenhuma força humana: “O Espírito Santo virá sobre Ti e o poder do Altíssimo Te envolverá” (Lc 1,35) segreda-lhe o Anjo. Maria compreende então que vai ser Mãe, não de um filho, mas do Filho de Deus, há muito ansiado, esperado, prometido. É um presente com raízes eternas, um presente que desce do céu, transforma e transtorna a sua vida.

3. Agora, só é preciso que Maria responda e corresponda, acolha e receba de mão beijada a prenda, o Presente, a graça de Deus em carne viva.  E Maria diz Sim. Com a força do seu Sim, Maria abraça o presente, sem rodeios, sem reservas, sem condições, sem esperar para ver que acontece. Apesar do embaraço daquele abraço, Maria – literalmente embarazada, como se diz na língua espanhola para falar de uma mulher grávida – arriscou tudo. Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil pela frente, mas as dificuldades não foram razão para Ela dizer não. Certamente tinha complicações, mas não aquelas que resultam da cobardia que nos paralisa por não ver tudo claramente ou por não ter tudo assegurado de antemão. Maria abraçou o presente; não comprou um seguro de vida. O sim e a vontade de servir foram mais fortes do que as dúvidas e dificuldades (cf. Ch.viit, n.º 44). E graças àquele Sim, Maria abraçou o mais original presente de Natal.

4. E sabeis o que se passou logo depois deste abraço ao presente? Maria não ficou ali, em Nazaré, ensimesmada no embaraço daquele abraço. Não. Levantou-se e pôs-se a caminho apressadamente, como quem tem uma notícia importante, um presente que é urgente entregar, ali a 150 km de distância, numa região montanhosa, numa cidade de Judá (cf. Lc 1,39). Maria saiu de Si para levar Deus àquela casa de Zacarias, àquela mulher Isabel, àquela criança ainda no seio materno, João Batista. Maria foi levar O que tinha de melhor para oferecer: o Evangelho em carne viva: Cristo vivo, gerado no seu ventre virginal!

5. Irmãos e irmãs: Maria sabe que os presentes são para desembrulhar, para mostrar, para partilhar, por isso Ela leva, anuncia e oferece o Cristo vivo, Aquele que recebeu de presente. Ela sabe que é dando-O que O recebe inteiramente. A poucos dias do Natal, aprendamos de Maria a abraçar a graça do presente, com os seus desafios, surpresas, embaraços e dificuldades, mas também a partilhar o que de melhor podemos dar, Cristo vivo, a quem mais precisa de paz, de esperança, de amor real e concreto. A cada um reitero o primeiro apelo deste Advento: sê original e como Maria abraça e oferece Cristo vivo, como o melhor presente deste Natal.  Pois é dando-O que O recebes inteiramente.

 

 

 

 

 

 

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