Liturgia e Homilias no XXVI Domingo Comum C 2022
Destaque

Irmãos e irmãs: “Chegou a tua hora. Abraça o presente”. Este é o nosso lema para este novo ano pastoral. Gostaria, pois, que o nosso primeiro olhar, a primeira palavra, o primeiro gesto, fossem um abraço a todos e a cada um, um abraço de todos e de cada um. Irmãos e irmãs: a mesa da Palavra e da Eucaristia que partilhamos seja experiência feliz deste encontro, em que Cristo nos acolhe e nós nos acolhemos uns aos outros em Cristo. Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, invoquemos, desde já, a infinita misericórdia do Senhor.

 

Homilia no XXVI Domingo Comum C 2022 | 1.ª proposta

Esta parábola não é um filme de ficção científica sobre algum paraíso fiscal ou um bodo aos pobres. É uma reportagem, ao vivo, de cenas dos nossos dias, que vemos passar diante dos nossos olhos, onde saltam à vista os grandes contrastes entre os ricos desgraçados e os pobres miseráveis. Seria este um tema interessante, para desafiar a atual cultura da indiferença e do descarte. Mas, ao iniciarmos mais um ano pastoral, em que desejamos abraçar o presente e prosseguirmosjuntos por um caminho novo, gostaria de revisitar esta Palavra, pondo em destaque alguns desafios pastorais:

1.º desafio: uma Igreja de portas abertas e não de portões fechados. Choca-nos o pesado Portão da casa do rico, junto do qual jazia o pobre Lázaro. Imaginamos um portão alto, grande, onde ele se isolava dos outros e se defendia dos incómodos que os outros lhe podiam causar. Às vezes, temos esta tentação nas nossas Paróquias: a de nos isolarmos na bolha da nossa vaidade, a de nos transformarmos num grupo de eleitos que vivem para si mesmos, que vivem comodamente dos rendimentos do passado, afastados da realidade que nos cerca. O desafio é o de transformarmos os portões fechados em portas abertas para deixarmos entrar quem procura… e portas abertas para sairmos à procura. Sejamos pessoas hospitaleiras, para construirmos comunidades acolhedoras. Que ninguém fique do lado de fora, a mendigar o nosso coração, a nossa atenção, as migalhas do nosso pão. Que todos, pobres e ricos, mais ou menos praticantes, mais ou menos distantes, que todos sintam a nossa Igreja como sua própria casa.

2.º desafio: uma Igreja de peregrinos e não de pessoas instaladas. A imagem do homem rico, sentado e refastelado à mesa, recorda-nos a tentação denunciada pelo Profeta Amós: “Ai daqueles que vivem comodamente… deitados em leitos de marfim”. Não queremos ser uma comunidade de pessoas instaladas, acomodadas, sentadas no seu sofá ou agarradas à cadeira do seu lugar e do seu passado. Ser discípulo de Jesus não significa instalar-se comodamente num estado de vida. Significa levantar-se todos os dias, calçar as sapatilhas, seguir Jesus, que é o Caminho, fazer caminho com Jesus e com todos os que O seguem. Precisamos, cada vez mais, de aprendermos esta arte de caminhar juntos, por um caminho novo, por um caminho de saída de nós mesmos, por um caminho que nos leve à escuta recíproca, ao reconhecimento uns dos outros, ao serviço de todos e ao encontro dos irmãos.

3.º desafio: uma Igreja que abraça o presente. A parábola mostra-nos que o passado não pode ser mudado no futuro. O futuro garante-se vivendo o presente. Neste sentido, o lema diocesano “abraça o presente” significa isto mesmo: “vive no presente”, não no passado nem no futuro. Não nos deixemos paralisar pelas amarguras, receitas e saudades do passado; não nos deixemos obcecar pelos temores do futuro. Não há tempo melhor para nós do que o presente: agora e aqui, onde estamos, é o único e irrepetível momento para fazer o bem, para fazer da vida uma dádiva, para viver a vida nova e conquistar a vida eterna!  É hoje que se decide o futuro. É hoje e aqui se pode dar a conversão. Abraçar o presente exige sermos fiéis aos desafios desta hora, estarmos disponíveis para mudar o que precisa de ser mudado.

Queridos irmãos e irmãs: que o Espírito de Deus, nos inspire e ajude a assumir e a cumprir estes desafios para abraçarmos o presente e seguirmos juntos por um caminho novo!

 

Homilia no XXVI Domingo Comum C 2022 | 2.ª proposta

Chegou a tua hora. Abraça o presente.

1. Este é o nosso lema e temo-lo recordado neste início de um novo ano pastoral.Nesta mesma perspetiva, escutámos esta parábola do nosso desassossego, não como quem vê um filme de ficção, mas como uma reportagem em direto e ao vivo do presente dos nossos dias, onde saltam à vista os grandes contrastes entre os ricos desgraçados e os pobres miseráveis. Seria este um tema interessante, para contrapor a cultura do cuidado solidário à da indiferença que nos mata. Mas tendo em vista, o nosso lema pastoral, fixemo-nos apenas num pormenor desta parábola: a grave responsabilidade de vivermos bem o nosso presente.

2.Vejamos então: há um homem rico que, ao morrer como todos os outros, percebe, na sala do juízo final, ter deitado toda a sua vida a perder. E procura então superar o fosso que havia cavado entre ele e o pobre Lázaro, revertendo a situação. Se não o consegue, ao menos – pensa ele – que levem o recado aos seus cinco irmãos, para que mudem de vida. Mas a parábola deixa claro: os mortos não mudam. Não é possível dar uma volta ao passado para garantir um futuro melhor.  O futuro é o presente. E é o presente que é preciso abraçar, de olhos e braços abertos, de coração generoso. É hoje e aqui que podemos escutar a Palavra de Deus, que nos inspira a viver segundo o mandamento do amor; é hoje e aqui que é urgente eliminar o fosso da indiferença que nos separa uns dos outros. É hoje e aqui que podemos mudar os nossos estilos de vida para consumos mais sóbrios, saudáveis e solidários. É hoje e aqui que podemos abolir o inferno da nossa maldade e conquistar, por amor, a vida eterna.

3.Irmãos e irmãs, insistamos nisto: o passado não pode ser mudado no futuro. O futuro garante-se, não com a procura de um bem-estar individualista, do estar bem na vida, mas daquele estar bem e de bem com a vida. Neste sentido, o nosso lema “Chegou a tua hora, abraça o presente” significa isto mesmo: “vive no presente”, vive não das glórias ou fraquezas do teu passado, nem das ilusões de um futuro sem sacrifícios no presente. Isso será sempre um presente reciclado ou envenenado. Não te deixes, pois, paralisar pelas amarguras, pelas receitas e saudades do passado; não te deixes obcecar pelos temores ou medos do futuro. Não há tempo melhor para ti do que o teu presente: agora e aqui, onde estás, é o único e irrepetível momento para fazeres o bem, para fazeres da vida uma dádiva, para viveres a vida nova e conquistares a vida eterna! 

4.Irmão, irmã: é hoje que se decide o teu futuro. É hoje e aqui que podes converteres-te e alcançar misericórdia. É hoje e aqui que deves mudar o que precisa de ser mudado na tua vida, na tua família, na tua paróquia, no teu mundo, para garantires um futuro melhor. O que houver a fazer, não pode ser deixado para depois de morrer: é em vida, irmão, é em vida, irmã, enquanto o tempo é tempo. E o tempo só se vive e conjuga no presente. Por isso, deixa que te recorde: Chegou a tua hora, abraça o presente.

Pode seguir-se a leitura do texto seguinte pelo homileta ou por um leitor

 

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EM VIDA, IRMÃOS, EM VIDA!

 

Se queres fazer feliz alguém,

Alguém a quem queiras muito...

Diz-lhe, hoje o teu querer.

Fá-lo em Vida, Irmão, em Vida...

 

Se desejas dar uma flor,

Não esperes que ela murche.

Manda-lha, hoje, com amor...

Fá-lo em Vida, Irmão, em Vida…

 

Se desejas dizer "gosto de ti"

À gente da tua casa, que te é querida,

Ao amigo, perto ou longe,

Fá-lo em Vida, Irmão, em Vida...

 

Não esperes pela sepultura

Das pessoas para as amar

E dar-lhes e sentir a tua ternura…

Fá-lo em Vida, Irmão, em Vida...

 

Tu serás muito mais feliz

Se aprenderes a fazer felizes

A todos os que conheces…

Em Vida, Irmão, em Vida...

 

Nunca visites panteões

Nem enchas tumbas de flores

Enche de amor os corações…

Em Vida, Irmão, em Vida...

 

Manuel Sánchez Monge

Parábolas Como Setas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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