Homilia na Solenidade da Assunção da Virgem Santa Maria 2022
1. A cena bíblica da Visitação inspira a Jornada Mundial da Juventude, que se realizará, em Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023. Previamente, de 24 a 31 de julho, nos chamados Dias da Diocese, seremos desafiados a acolher, num grande abraço de hospitalidade, em nossas casas, e comunidades eclesiais, milhares de jovens, vindos de todas as partes do mundo. Nós que vivemos este ano pastoral, imitando Maria, que Se levantou e Se pôs apressadamente a caminho, para sair ao encontro da prima Isabel, vivamos o novo ano pastoral de 2022-2023, inspirados pela saudação de Maria a Isabel, valorizando a hospitalidade, o acolhimento e a escuta ativa. Mantendo o propósito de avançar “Juntos por um caminho novo”, o desafio mariano específico para o novo ano pastoral é mesmo este: Abraça o presente!
2. O abraço entre Maria e Isabel é, na verdade, o abraço de duas mulheres que partilham a alegria pelo maravilhoso e surpreendente presente de uma vida nova, que uma e outra acolhem em gestação no seu seio materno. É o abraço de quem se acolhe mutuamente no amor, de quem partilha o Evangelho da Vida em carne viva, de quem faz do seu coração um lugar feliz para o outro. É o abraço de quem abraça a graça, os desafios, as dificuldades e as oportunidades da hora presente. ‘Abraçar’ tem, para nós, não apenas esta dimensão afetuosa da reciprocidade e da ternura do amor, mas inclui o desafio de acolher, de escutar com atenção, de discernir tudo à luz da Palavra do Senhor, de responder e de corresponder aos desafios do tempo presente. Neste sentido, o lema programático diocesano “abraça o presente” significa sobretudo isto: “vive no presente; não vivas no passado nem no futuro. Vive a graça desta hora. Não te deixes paralisar pelas amarguras e nostalgias do passado, nem asfixiar pelas incertezas do amanhã, obcecado pelos temores do futuro. Não há outro tempo melhor para ti do que o presente: agora e aqui, onde estás, é o único e irrepetível momento para fazeres o bem, para fazeres da vida um presente! A plenitude da vida que esperas no Céu é um presente do teu presente. Abraça-o”.
3.Irmãos e irmãs: este presente que nos propomos acolher, de braços abertos, ao jeito de Maria e de Isabel, tem muitos rostos e significados: é certamente, e em primeiro lugar, o presente de Cristo vivo na nossa vida; é ainda e sempre o presente deste processo sinodal, que não pode ficar na gaveta. Mas este presente é também a graça extraordinária da JMJ 2023, porque nos desafiará a reconhecer nos jovens o agora ou o presente de Deus. É, por isso, o presente da novidade que Deus nos oferece no rosto de cada jovem, de todos os jovens, vindos de todas as partes do mundo, para a JMJ: eles irão entrar nas nossas casas, nas nossas realidades familiares e eclesiais, para animar e renovar as nossas vidas. São um presente que queremos abraçar, acolher e envolver, abrindo portas e janelas ao sopro da novidade do Espírito. Vamos saudá-los e acolhê-los como um presente?
4. Sigamos o exemplo de Maria, que é acolhida e acolhedora, é a hóspede que Isabel transforma em verdadeira anfitriã da sua casa. Como Maria e Isabel, cada pessoa é chamada a tornar-se pessoa-soleira, capaz de acolher quem entra ou se cruza na sua vida, recolocando-a no centro da sua vida e da sua atenção. Como Maria e Isabel, a comunidade cristã deve tornar-se um Corpo que acolhe, para se tornar um lugar que gera vida. A esta luz, cuidemos por formar pessoas e comunidades hospitaleiras, pautadas por um estilo pastoral amável e dialogal, feito de presença, de escuta e de proximidade, capazes de promover a cultura do encontro, de propor e de acompanhar, num ambiente familiar, que gera e regenera vidas novas em Cristo.
5. Estamos a menos de um ano da JMJ 2023. Que este presente abraçado por todos faça crescer a nossa Paróquia, à imagem de Maria, como uma Mãe de coração aberto, uma comunidade mais jovem e rejuvenescida, mais feliz, mais recetiva à novidade, mais criativa e proativa, mais atenta à realidade. Uma comunidade, ao jeito da Mãe do Senhor: com os pés ligeiros sobre a terra e com vistas largas para o Céu.