Homilia no XIII Domingo Comum C 2022
1. Jesus, hóspede e peregrino no meio de nós, toma a firme resolução de se dirigir a Jerusalém (cf. Lc 9,51)! Não é uma viagem de férias, uma visita cultural, um passeio de fim de semana. É a decisão de quem endurece o rosto e mete pés ao caminho, em direção a Jerusalém, em ordem ao cumprimento da Sua missão, que culminará na Sua entrega, paixão, morte e ressurreição. A decisão de Jesus é radical e total, e quantos O seguem são chamados a confrontar-se com ela.
2.Três personagens esclarecem três condições exigidas àqueles que querem seguir Jesus até ao fim e até fundo: itinerância, prontidão e decisão.
2.1. Itinerância: O primeiro personagem promete a Jesus: «Seguir-te-ei para onde quer que vás» (Lc 9,57). Generoso! Mas Jesus responde que o Filho do homem, contrariamente às raposas que têm as suas tocas e aos passarinhos que têm os seus ninhos, «não tem onde reclinar a cabeça» (Lc 9,58). Com efeito, Jesus deixou a casa paterna e renunciou a qualquer segurança para anunciar o Reino de Deus. A nossa missão no mundo não pode ser estática, mas é itinerante. O cristão é um itinerante. É um peregrino. A Igreja é e está por sua natureza em movimento, não permanece sedentária, nem tranquila, confinada ao próprio recinto. Está aberta a horizontes mais vastos. A Igreja é enviada, para levar o Evangelho pelas estradas e alcançar as periferias humanas e existenciais. Ser cristão não é um estado de vida. É um caminho de saída de si mesmo, um caminho com saída para a Vida que nunca mais acabará. Somos ungidos, não para vivermos instalados, mas para sermos projetados, enviados, expedidos em missão pelo mundo!
2.2. Prontidão: O segundo personagem recebe diretamente de Jesus o chamamento, mas responde: «Senhor, deixa-me ir primeiro enterrar o meu pai» (Lc 9, 59). Trata-se de um pedido legítimo. Bem vistas as coisas, este homem queria seguir Jesus, mas primeiro – é claro – tinha de tratar da sua vida e esperar que o seu pai morresse e fosse sepultado. E, depois, sim, com a herança no bolso, teria a vida livre de ocupações, para seguir Jesus, sem problemas. Jesus responde: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos» (Lc 9,60). Primeiro está Ele, o Seu Evangelho e o Seu Reino.Eé preciso mudar e agarrar a vida, sem estar à espera que o pai morra! A urgência de comunicar o Evangelho não admite atrasos, mas requer prontidão. Jesus quer uma Igreja de gente decidida, que age imediatamente, na hora. É a Igreja da prontidão e não do arrastão!
2.3. Decisão.Também o terceiro personagem quer seguir Jesus, mas com uma condição: fá-lo-á depois de se ter despedido dos parentes. Eis o que o Mestre lhe diz: «Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus» (Lc 9,62). O seguimento de Jesus exclui arrependimentos e que se olhe para trás. Exige a virtude da decisão, que abraça o presente, sem amarguras ou nostalgias do passado, sem obsessões pelos temores do futuro.
3.Irmãos e irmãs, livres e fiéis em Cristo: a divisa do caminho novo, que é Jesus, é esta: Nada impor a Cristo! Nada antepor a Cristo. Nada sobrepor a Cristo!O tempo de férias, que se aproxima, é tentador para desertar do caminho, para certas desculpas de mau recebedor, para esta espécie de fé a prazo e sob condição, para esta fé sazonal, que hiberna no verão, a tal ponto que Cristo não só perde o primeiro lugar como já não tem mais lugar. Ora, se há coisa que este tempo nos poderia proporcionar é a graça de responder e corresponder ao Senhor, oferecendo-Lhe o que Ele nos dá de graça: o próprio tempo, para sairmos de nós mesmos ao encontro do Senhor e, a partir d’Ele, ao encontro dos outros. Não deixemos crescer as ervas no caminhoque nos leva ao encontro do amigo Jesus, na Eucaristia de cada domingo; não deixemos crescer as ervas no caminho que nos leva ao encontro dos outros, na generosa liberdade de servir, com decidida prontidão!
Então, abraça o presente! Juntos por um caminho novo. Ala que se faz tarde!