Liturgias e Homilias na Comemoração de Fiéis Defuntos 2021
Destaque

Memória, gratidão e esperança. Com estes sentimentos, que se atravessam no nosso coração, cruzamos esta ponte que nos une aos que partiram antes de nós, que une a Terra e o Céu, o tempo e a eternidade, o princípio vital e o fim último da nossa vida finalizada em Cristo. Reunimo-nos em oração, na certeza de que esta pode não só ajudar os que partiram antes de nós, mas também tornar mais eficaz a oração de cada um deles em nosso favor. Na Eucaristia, que juntos celebramos, encontramos o lugar por excelência desta memória viva da Páscoa do Senhor, da gratidão mais profunda do coração que se eleva para Deus em ação de graças. Que esta celebração (no cemitério)| Que esta Eucaristia (na Igreja)“aumente em nós a esperança de que os nossos irmãos e irmãs, chamados a ser pedras vivas do templo eterno de Deus, ressuscitarão gloriosamente com Cristo” (cf. Ritual das Exéquias, n.º 97).

Homilia na Comemoração de Fiéis Defuntos 2021

Celebração da Palavra no Cemitério | Celebração da Eucaristia na Igreja

 

Memória, gratidão e esperançasão as arquitraves desta ponte, que une o passado, o presente e o futuro da nossa vida em Cristo: vida nova, vida inteira, vida plena.

 

1. Comecemos pela memória. Hoje é um dia para recordamos os nossos entes queridos que já partiram, aqueles que nos deram a vida, nos acompanharam e fazem parte do álbum e do filme da nossa história, ainda a caminho. É bom fazer memória, porque este exercício une e fortalece-nos como irmãos, como família, como povo. Fazer memória conduz-nos até ao mais profundo das nossas raízes, inscreve a nossa vida numa longa e bela história de amor, num caminho que vem de longe e com saída para o futuro. A memória faz-nos compreender que não fundamos em nós a própria vida, que não somos nem viemos do nada, que não vivemos, sobrevivemos ou morremos sozinhos. As nossas vidas estão entrelaçadas. Devemo-nos todos uns aos outros. Recebemo-nos todos uns dos outros. Não nos é fácil fazer esta memória da perda, da passagem. Preferíamos talvez apagá-la, porque temos dificuldade em nos revermos já na imagem dos que partiram; neles está a lembrança da nossa condição mortal. Neste exercício de memória, eis o que devemos recordar, pela fé, em nossos corações: “Amisericórdia do Senhor não tem fim; não tem limites a sua compaixão” (Lm 3,22).

2. Esta memória deve encher-nos o peito de ardente gratidão. Porque a gratidão é a memória do coração. Estes que nos morreram levaram consigo tanto de nós. E deixaram em nós tanto de si. Nesta comunhão dos santos, devemos agradecer as suas vidas, os benefícios que o Senhor lhes concedeu e, por eles, ofereceu a cada um de nós, como sinal da sua bondade infinita e da comunhão dos santos em Cristo. Agradeçamos o dom das suas vidas, breves e longas, exemplares e imperfeitas. Agradeçamos também aqueles que deles cuidaram, em casa, nos lares ou hospitais, e os acompanharam, até ao último suspiro. Esta gratidão purifica a nossa memória da culpa ou porventura do ressentimento, e prepara-nos para a grande festa do reencontro, na paz do Senhor: “Todos os que Pai Me dá virão a Mim e eu não os rejeitarei” (Jo 6,37), diz o Senhor.

3. Memória, gratidão e esperança! Trazemos flores e acendemos velas, como sinal de esperança, e até se poderia dizer, como prenúncio daquela festa a céu aberto no encontro definitivo com o Senhor, que nos atrai no Seu amor. Avivemos esta esperança de sermos atraídos, transformados e alcançados pelo Amor do Pai que nos criou, do Filho que nos salvou, do Espírito Santo que dá vida nova aos nossos corpos mortais. A nossa esperança não é a de sermos recordados pelas duas ou três gerações seguintes. Seria uma esperança de curta duração! A nossa grande esperança não é acabar diluídos nas águas do oceano ou sacudidos pelos ventos ou confundidos com o pó e as raízes da terra. A nossa esperança não é o vazio, mas a plenitude da vida em Deus; não é a destruição e o fim, mas a consumação e a finalização da nossa vida em Cristo; não é a diluição das nossas cinzas entre outros elementos deste mundo, mas é o coroamento final da nossa vida, na comunhão com Deus. A nossa esperança é, pois, a de reencontrarmos Deus, face a face, e de nos reencontrarmos todos n’Ele: “Todos os que o Pai Me dá, virão a Mim e ei não os rejeitarei” (Jo 6,37), diz o Senhor. Por isso, esta esperança não desilude (Rm 5,5), porque Cristo, Deus feito Homem, fez-Se também solidário connosco na Sua morte e tornou-nos solidários com Ele na Sua Ressurreição, segundo a Sua promessa àquele que n’Ele acredita: “Eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40).

Irmãos e irmãs: Hoje voltemos para casa com a memória grata do passado e a esperança viva de uma vida transformada continuamente pelo amor de Deus, que é sempre mais forte que o pecado e a morte! Cruzemos esta ponte entre a Terra e o Céu, com esta confiança da fé: o Senhor chamou-nos à vida por amor. E por amor não nos deixará morrer para sempre; por amor chama-nos da morte a Si, para n’Ele tornar inteira, eternamente feliz, a nossa vida, a vida de todos nós. Ámen.

 

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