Liturgia e Homilias no XXVIII Domingo Comum B 2021
Destaque

Juntos por um caminho novo é o propósito e a aspiração mais profunda de quem se abeira de Jesus, porque sente que, apesar de tudo, ainda lhe falta alguma coisa para ser inteiro, para ser feliz.No seguimento de Jesus, corremos e acorremos até Ele, porque só Ele nos oferece um Caminho com saída para a vida verdadeira.Mas Jesus desafia-nos a deixarmos para trás tudo o que nos impede de seguir em frente. Há sempre uma coisa, há sempre qualquer coisa que não nos faz falta e que faz falta largar para seguir Jesus. Deixemo-nos então tocar pelo olhar de Jesus. Que a Sua Palavra atravesse, como uma espade de dois gumes, as divisões da nossa alma e opere a esclerose, a dureza e o fechamento do nosso coração. Invoquemos a Sua misericórdia.

Homilia no XXVIII Domingo Comum B 2021

 

1. Juntos por um caminho novo! Este seria o sonho daquele homem rico, daquele jovem simpático: um jovem top, bué fixe, bem na vida, educado e religioso, que entra no caminho de Jesus. O jovem não quer uma cura, não pede dinheiro, mas quer uma luz para a sua vida. Ele pede ao Bom Mestre que lhe aponte o caminho para a vida eterna. E, de facto, com esta aspiração profunda, ele tinha já entrado nesse Caminho e nessa Vida, ao abeirar-se de Jesus. Jesus é o Caminho, mostra o Caminho, faz o Caminho, um caminho com saída para a Vida eterna. Por isso, bastaria agora àquele jovem seguir Jesus, inteira e livremente, até ao fim. Para este jovem, Jesus tem um olhar intenso, repleto de ternura e carinho. Jesus corresponde, de facto, ao seu desejo de ir mais longe, com um desafio radical: vamos juntos, sim, mas vamos por um caminho novo, que não podes percorrer sem alijar a carga pesada dos teus bens. Jesus é categórico neste convite, com uma rajada de imperativos: “Vai, vende o que tens, dá, vem e segue-Me”. Era só o que faltava, pensou aquele jovem, que se retirou da presença de Jesus, triste e pesaroso, porque era muito rico. E estas riquezas foram, na verdade, a sua pedra de tropeço no caminho para uma vida maior.

2. Esta palavra de Jesus, palavra viva e eficaz, foi realmente, para aquele jovem, como é para nós, uma espada de dois gumes, que penetrou até ao ponto de divisão da sua alma e do seu espírito e pôs a descoberto as intenções do seu coração (cf. Heb 4,12-13). E, assim, aquele jovem, que tanto prometia, saiu do Caminho, ficou sem Caminho, sem largos horizontes, fechado nos seus interesses, com a casa às costas, sem a mochila do essencial, impedido por tal peso de escalar a montanha da alegria maior, da felicidade completa, da vida em abundância, da santidade cristã. Voltou então ao «antigamente» e, não querendo perder o que tinha e retinha para si, deitou a perder a Vida inteira.

3. Contemplamos esta cena do Evangelho, depois de sabermos a data da próxima Jornada Mundial da Juventude, de 1 a 6 de agosto de 2023, em Lisboa. Que jovens encontraremos nesta Jornada? Os jovens de hoje fazem parte da geração mais bem preparada de sempre; são jovens dotados de uma formação escolar mais rica que a dos seus pais e avós, são jovens que têm mais ferramentas e competências, mais capacidades e sonhos para mudar o mundo. E são jovens que conheceram já as crises da economia que mata e a frustração de tantas ofertas enganadoras da sociedade do bem-estar. Eles são o agora de Deus e enchem-nos de esperança numa humanidade nova, numa Igreja renovada. Sim.

4. Mas não será que muitos deles, como o jovem rico do Evangelho, irão tropeçar neste Caminho aberto, precisamente porque têm muitos bens?! Talvez tenham muito que estudar, boas notas para tirar, muitas outras coisas a fazer, muitas festas de amigos, muitos jogos para ganhar, muito desporto a praticar, muitas séries para ver, etc. É muita coisa e tudo isto é a única coisapara que muitos jovens vivem e é, muitas vezes, a pedra de tropeço no seguimento de Jesus, no compromisso da Igreja, no seu progresso da santidade. Quantas vezes as riquezas, pessoais e materiais, são a sua desgraça! Quantas vidas frustradas, vocações falhadas, por causa desta «asfixia» materialista dos nossos ricos jovens e dos nossos jovens ricos?

5. E estas perguntas estendem-se a todos nós: Não vivemos nós prisioneiros do bem-estar material? Não nos falta a alegria e a liberdade dos seguidores de Jesus?Não falta à nossa fé o amor efetivo aos pobres? Deixemo-nos tocar pelo olhar carinhoso e pensativo de Jesus e perguntemo-nos: O que me pesa, o que me bloqueia, o que me estorva, o que ainda me falta– e talvez me falte o mais importante – para alcançar a medida alta da vida cristã comum? Sairemos nós deste encontro com Cristo de coração cheio ou com um coração triste e pesaroso, voltando à nossa vidinha de sempre? Jesus não desiste de te (nos) desafiar. Espera que aceites o convite da Jornada: Levanta-te. Juntos por um Caminho novo. 

 
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